A responsabilidade de todos
Ensino
2022-11-23 às 06h00
Este artigo de opinião versa sobre o livro de Ken Blanchard e Spencer Johnson (autor do best-seller “Quem mexeu no meu queijo?”), de 2015, versão d´ “O Novo Gerente-Minuto”. Esta proposta de leitura, no fecho do ano e princípio de 2023, nada ter de novo, apenas reforça o aspeto disruptivo de sugerir, a quem tem posição de gestão/liderança, a obrigação de reservar um minuto do dia para olhar os rostos das pessoas a seu cargo e conscientizar que esses são os seus recursos mais importantes.
A humanização do processo de gestão é fundamental para o sucesso de qualquer organização. Mas sejamos sérios, como reza o velho ditado português, civil e militar, “à vontade não é à vontadinha”, ou seja, humanização não significa tratar as pessoas como imbecis ou que andámos todos do mesmo colégio, nada disso. O aspeto da humanização é tão importante como a tomada de consciência que “hoje em dia, as organizações precisam agir mais depressa e com menos recursos para acompanhar as constantes transformações na tecnologia e na globalização”, considerando os autores que “liderança eficaz pode ser considerada um relacionamento de parceria”. Relembram Confúcio quando este disse que “a essência do conhecimento de quem o possui (o conhecimento) é saber usá-lo”.
Da leitura deste pequeno livro extraímos vários ensinamentos úteis e prestáveis à sociedade, no geral, e ao tecido empresarial, em particular. Mas também se aplica a dirigentes políticos, se não vejamos: “Os líderes mais eficazes gerem-se a si mesmos e às pessoas com quem trabalham de modo a fazer com que todos lucrem com a sua liderança”. Consideram os autores que “a capacidade intelectual não está limitada apenas ao nível executivo, podendo ser encontrada por toda a organização”. Até porque, “pessoas que se sentem bem consigo mesmas produzem bons resultados”, é um facto. O estímulo gregário é natural do ser humano e sentir que fazemos parte de qualquer engrenagem é fundamental para aumentar a nossa autoestima, já referida na pirâmide das necessidades de Pareto. Associado a este aspeto está o axioma “produtividade é mais que quantidade de trabalho feito. Também é qualidade”.
Os autores ajudam a esclarecer conceitos de “problema” e “reclamação”, considerando que “problema só existe quando há uma diferença entre o que realmente acontece e o que gostaríamos que estivesse a acontecer (discrepância entre o real e o desejado)”. Caso contrário, é apenas uma reclamação.
O livro focaliza-se no conceito de empowerment das estruturas, passando por saber delegar responsabilidades, medir resultados e avaliar em conjunto, apurando resultados com os intervenientes (para o certo e para o errado), sendo essa a tónica fundamental de sucesso de qualquer organização. Esse modelo faz com as pessoas se sintam envolvidas e comprometidas para serem uma contribuição significativa no processo resolutivo e produtivo da organização (sentirem-se como parte do todo). Cada um contribui com a sua vertente de conhecimento para o bem geral da organização e do mundo. No fundo, é fazer com que todos se sintam parte integrante do processo global (lírico, mas verdade, haja coragem para colocar em prática). Os autores dão particular ênfase ao elogio (appraisal), como consequência da avaliação, para corrigir desvios eventuais e enfatizar os objetivos cumpridos. Mas para tal é necessário definir propósitos de forma clara e objetiva e perceber, em conjunto, a importância de todos, com as suas particularidades, na “engrenagem” total da organização.
Em termos práticos, o método de envolver todos no processo produtivo da organização tem a grande vantagem de ajudar o interveniente a perceber, exatamente, o seu lugar dentro da organização e o que se espera dela. Na definição de objetivos de curto prazo, de forma concisa, a sua monitorização e avaliação de desempenho (feedback) faz com que cada pessoa consiga visualizar o peso do seu contributo para a resolução do problema ou concretização do assunto (atingir os objetivos) da organização (pública ou privada). Consideram os autores que “o feedback é o alimento dos campeões”, uma vez que saber os resultados do trabalho motiva a sua continuidade. Outro lado simpático deste modelo de liderança, não sendo assessório, mas essencial, é que contribui para a retenção natural de talentos, fazendo com que as pessoas se sintam felizes e importantes no modelo em questão. Consideram os autores que é necessário “ajudar as pessoas a alcançarem todo o seu potencial e incentivar a fazer o que é certo”. Consideram que a autoconfiança deve ser conquistada, ajudando em todas as fases do processo. Os autores suportam-se num ditado antigo, dos temos dos Romanos, que versa da seguinte forma: “Errare umanos est”, ou seja, é próprio do ser humano errar, sendo que errado é não aprender com os erros. Consideram, também, ser importante aprender a rir de si próprios quando cometem erros e redimir para que o trabalho corra melhor. Os autores terminam a narrativa com um chavão lapidar “O melhor minuto gasto é o invisto nas pessoas”. Fica aqui a partilha.
14 Março 2024
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