Mulheres Portuguesas no Quebeque – Caminhos de Liberdade
Ideias
2022-02-04 às 06h00
Domingo assinala sete décadas do reinado de Elizabeth Alexandra Mary Windsor. Rainha de Inglaterra desde os 25 anos, já bateu todos os recordes na calculadora monárquica. Your Majesty é o símbolo máximo de um regime soberano estendido por 16 países da Commonwealth, como Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Jamaica.
Coroada um ano depois, em junho de 1953, sob o espanto de 277 milhões de espetadores em todo o Mundo, Elizabeth II não entrava nas apostas para um dia vir a ocupar o mais alto cargo do Reino Unido. Foi um conjunto de circunstâncias incomuns que ordenou a segunda tenente do exército britânico na II Guerra Mundial a assumir o posto antes destinado ao tio Edward, príncipe de Gales – abdicou por amor a Wallis Simpson – e, por via disso, a ter de ser fruído pelo pai George VI. Foi em plena viagem ao Quénia, que a então proveta Isabel soube da morte do progenitor tendo de pegar nas rédeas do Império.
A chefe da igreja de Inglaterra não nasceu como filha de rei nem foi educada para ser rainha. Avessa a floreados sentimentais, tem gerido os três vértices – real, conjugal e maternal – em desigualdade de empenho. No topo da escolha aparece a coroa. Por ela, marcha sem pestanejar. Avança, mesmo que enfrente o apego. É assim Lilibet. Silenciosa e mordaz quando tem de ser. Uma estrada na qual já vê no retrovisor, por exemplo, seis Papas e 14 primeiros-ministros.
Impressiona a resiliência da 40.a monarca de Inglaterra. Um muro ao qual tem embatido uma catadupa de escândalos. Um exemplo de tenacidade. Não estranha a esmagadora popularidade que ainda alberga de um povo singular, colado à história como nenhum outro.
Isabel, bisneta de Eduardo VII, é o maior garante da monarquia mundial. Perto de 300 países já testemunharam o glamour inigualável, com muitas libras em dança, que sai pelos portões do Palácio de Buckingham. Portugal já a recebeu por duas ocasiões. A primeira, em 1957, lavou parte da cara de um país vergastado pela ditadura. Circulou por Lisboa, Porto, Vila Franca de Xira, Nazaré, Alcobaça e Batalha. Um banho que onerou as contas de Salazar a ponto de, entre vários devaneios, terem sido encomendados vestidos a Paris para desfilarem em bailes e teatros junto ao Terreiro do Paço. Regressou em março de 1985. Sem Estado Novo na lusa pátria e com os anéis britânicos a saque, a candura dos passeios não disfarçava o mal-estar pelo fim dos Impérios. O britânico expunha uma caricatura mal feita e o português fedia por completo. Portugal era metamorfose, a contas com as exigências da Comunidade Económica Europeia (CEE). Nunca mais veio, ao contrário do clã onde fulgiu o casal Carlos e Diana, em fevereiro de 1987, no âmbito de uma visita oficial, e André e Sarah Ferguson, em lua-de-mel nos Açores.
Ultrapasse ou não a longevidade europeia do Rei Sol – Luis XIV, de França, reinou ao longo de 72 anos e 110 dias – a monarca britânica há muito que deixou uma pegada de saber estar que envergonha um tempo onde o estadismo é uma carpete de egos. Quando o mais fácil é desistir, Isabel segue em frente. Olha nos olhos, estende a mão e faz história.
Quem não recorda os lendários encontros com Winston Churchill no fervor da II Guerra Mundial? Dá passos em névoa. Lambe as feridas sozinha. Em tempos, batia com a porta e ia passear a cavalo. Por perto, em deleite, um dos cães de raça corgi. Havia tempo ainda para corrida de pombos e ver o Arsenal desfilar magia em Highbury.
Única britânica dispensada de passaporte e carta de condução, Isabel conduz um manto de lenda. Toda ela está revestida de memória. Um legado que ainda não se sabe em que mãos vai cair. O que sabemos é que, apesar da brutal resistência da rainha, a teia de intrigas é uma constante. Estão bem retratadas, em ficção, na magistral série The Crown a qual a rainha é fã confessa.
Todo este Mundo é estranho, difícil de entranhar para o comum dos mortais. Há exemplos de sobra. Um deles é saber que existe um plano – "Operação London Bridge" – com guião detalhado e validado para cumprir em 10 dias. Nele está escrito o que deve ser feito no dia e ano após a morte de Elizabeth II. O macabro do “Dia D” tem de ser visto à luz da mentalidade e da arquitetura do regime. Pode o desembarque acontecer a qualquer momento, pode o céu esfumar-se em lágrimas, o que jamais irá ser atracada é esta distinta história humana.
19 Julho 2025
19 Julho 2025
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