É muito Espinho
Escreve quem sabe
2014-01-04 às 06h00
Avida não tem sido fácil para a maioria dos portugueses. A partir de 2008 o país como que começou a andar para trás, fruto em boa medida de opções políticas erradas que já se arrastam há um bom par de anos e que tiveram a ver com certa atitude facilitista de tudo resolver criando dívida para o futuro, de algum modo hipotecando o futuro das gerações vindouras, aplicando-se aqui bem o adágio popular de “quem vier atrás que feche a porta...”.
De uma forma estrutural, penso que os problemas que atingem o país devem-se ao cruzamento de diversas variáveis, de onde assumem particular relevo as que se prendem com a globalização, o sistema político e a despesa.
Das três variáveis referidas, duas são internas e uma, a que se prende com a globalização é externa. A queda do muro de Berlim (1989), que pôs fim ao mundo bipolar, foi indiscutivelmente um marco histórico importante para a humanidade e deu início a uma nova era que em termos geopolíticos, mas sobretudo a nível económico designamos por globalização. Fundamentalmente, tudo ficou subitamente mais próximo, mais interdependente e mais visível. A circulação dos fatores de produção faz-se velozmente à escala global.
Neste sistema há duas hipóteses: fazer como a Coreia do Norte e criar uma barreira ao mundo exterior, ou embarcar no comboio da globalização para o bem e para o mal. Na segunda hipótese, aquela que se afigura verdadeiramente viável em termos de poder propiciar às pessoas e sociedades, a qualidade de vida, traduzida em bens e serviços disponíveis a preços acessíveis que todos pretendem, os países têm que ser forçosamente competitivos, apresentando mais valias que lhes permitam gerar riqueza.
Considerando que a solução norte-coreana não é sequer equacionável, resulta evidente que não podemos fazer nada contra a globalização, antes pelo contrário, temos que a encarar como uma oportunidade para evoluir e construir uma economia mais dinâmica. As soluções protecionistas não são, a longo prazo, soluções.
Contudo, as duas outras variáveis referidas dependem em exclusivo de nós. O nosso sistema político pouco mudou desde o 25 de abril.
A nossa democracia assenta muito na lógica do jogo partidário, acabando a sociedade civil por ser relegada para uma participação muito passiva, quase que confinada ao exercício do direito de voto.
Depois, a gestão da coisa pública está entregue aos políticos, prevalecendo a lógica do cartão do partido e não a meritocracia. Aqui está quase tudo por fazer. Temos que criar instituições políticas inclusivas, em que a sociedade se reveja, que sejam representativas da sociedade civil.
De facto, nas últimas eleições autárquicas, foi visível algum desencanto nas pessoas, não apenas em termos de abstenção, mas no apoio popular que algumas candidaturas independentes granjearam.
A questão da despesa pública também depende exclusivamente de nós. Portugal não é um país rico, tendo os escassos recursos que possui de ser geridos de forma racional e inteligente. Não é isso que tem acontecido. A escassez de meios não tem sido impedimento para a conceção e execução de projetos faraónicos de duvidoso valor. Não há dinheiro? Pede-se emprestado.
Este modelo está esgotado e o resultado está à vista.
O país sobre-endividou-se. Infelizmente, este (mau) exemplo passou para as famílias que, com o forte apoio da Banca, eram induzidas a realizar todos os sonhos com recurso à fórmula mágica do crédito. Casa, carro, móveis, eletrodomésticos, roupa, férias e tudo o mais que se queira, podia ser obtido rápida e sem esforço aparente. Todos podiam parecer ricos.
Hoje, ninguém duvida que estamos todos mais pobres e os sonhos viraram pesadelos.
16 Março 2025
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