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Gestão de transportes no retalho

Ettore Scola e a ferrovia portuguesa

Gestão de transportes no retalho

Escreve quem sabe

2022-10-24 às 06h00

Álvaro Moreira da Silva Álvaro Moreira da Silva

Quando era estudante universitário, tive momentos onde duvidei da aplicabilidade de algumas das disciplinas que frequentava. Se nesse tempo jurava que não me serviriam para nada, hoje constato que estava plenamente errado. Durante uma recente reunião sobre gestão de transportes de um retalhista da Polónia, reencontrei-me com a disciplina de Investigação Operacional. Recordei velhos temas relacionados com transportes, planeamento de rotas e minimização de custos, o problema do caixeiro-via- jante, a procura do caminho mais curto, dos conceitos associados à teoria dos grafos e, curiosamente, até o velhinho algoritmo de Dijkstra me vieram à memória. Reminiscências à parte, a verdade é que a Licenciatura de Engenharia de Sistemas e Informática (naqueles tempos, a LESI) da Universidade do Minho e, alguns dos seus professores, não só me habilitaram com conhecimentos técnicos, como também me conseguiram transmitir com excelência, fundamentais pilares de negócio que ainda hoje perduram enraizados.

Nessa reunião em particular, porventura resultado da complicada situação no país vizinho, os temas abordados estavam a gerar alguma preocupação. Daí que alguns elementos da organização almejassem integrar uma nova solução que auxiliasse na seleção de modos de transporte e no planeamento das rotas para cada loja. A atividade de transporte de mercadorias tem um papel basilar na criação de valor ao longo de qualquer cadeia de abastecimento. Vejamos o exemplo do retalho. A grande maioria dos retalhistas recebe mercadoria de fornecedores de produtos acabados e/ou de produtores de matérias-primas nos seus armazéns e/ou lojas diretamente. Por outro lado, qualquer retalhista transfere mercadoria desde os seus armazéns para lojas e/ou diretamente para consumidores finais. No sentido reverso, a mercadoria poderá ser devolvida à loja e/ou ao armazém, para além de poder também ser ainda transportada à sua origem. A atividade de transporte é, sem qualquer dúvida, fundamental. É ela que garante a ligação entre os diversos atores da cadeia, movimentando a mercadoria entre uma ou mais localizações para outras, num determinado tempo, nas quantidades e condições desejadas.

Nos tempos que correm, esta atividade tem sido posicionada num patamar de redobrada atenção, dado ter um impacto substancial nos custos finais da organização e no grau de satisfação dos seus clientes. Hoje procurei informar-me melhor sobre a utilização de certos modos de transporte na Europa. Folheei o Statistical Pocketbook da Comissão Europeia, documento relativo aos transportes na Europa, datado de 2021. Reparei que, em 2019, o total das atividades de transporte de mercadorias dos 27 países se aproximou das 3392 biliões de toneladas/km. Este valor inclui os transportes aéreos e marítimos intracomunitários, mas não as atividades de transporte entre a UE e o resto do mundo. O transporte rodoviário, por outro lado, representou 52% deste total, o ferroviário 12%, as hidrovias 4,1% e os oleodutos 3%. Relativamente ao transporte marítimo intracomunitário foi o segundo modo mais importante com um percentual de 28,9% enquanto o transporte aéreo representou apenas 0,1% do total. Como é notório, constato um grande desequilíbrio entre os diferentes meios de transporte utilizados, dando primazia ao rodoviário em todos os países. Também em Portugal, de acordo com dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (Estatísticas dos Transportes e Comunicações de 2019), vislumbro também a predominância nos modos rodoviários, com valores ligeiramente superiores à média (aproximadamente 63%, com 154,4 milhões de toneladas) e marítimo (aproximadamente 32%, com 79,1 milhões de toneladas), no conjunto de todos os modos de transporte cobertos pelo estudo.

No retalho, as seleções do modo de transporte e o planeamento de rotas envolvem sensíveis decisões relacionadas com imensas variáveis. O preço, os almejados tempos em trânsito, o risco associado à própria tipologia do modo selecionado, a sua flexibilidade e capacidade, o problema do caminho mais curto, entre outros tantos, são tudo ingredientes essenciais no momento da decisão. Felizmente, cursos exigentes como a antiga LESI, proporcionam-nos bases suficientes para perceber os desafios associados à complexa atividade de gestão de transportes e possibilitam-nos, consequentemente, propor à organização inovadoras soluções tecno- lógicas.

*com JMS

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