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Braga, quinta-feira

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Farinheiras, moiras, morcelas, etc.

Assim vai a política em Portugal

Ideias

2014-03-21 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

Uns enchidos de coloração indefinida entre o negro avermelhado e o rosado da tripa envolvente que normalmente escondem uma massa especialmente condimentada onde vingam alguma farinha, sangue de porco e uns nacos de carne e gordura do animal. Uns produtos amorfos e moles por natureza e à apalpação, com uns especiais e típicos sabores mas discutíveis valências em nutrição e em termos de saúde, aliás devido a uma generalizada carência em carne e fêvera. Muito apreciados, têm vindo a ser muito publicitados e “apresentados” nas feiras do fumeiro das beiras e do norte.
Não se pretendendo questionar os valores nutritivos ou sabores de tais enchidos, bem diferentes dos chouriços e paios, impõe-se-nos falar da incontornável realidade de todo um alastrar de “feiras de fumeiro” pelo país, na política e em certos serviços e organismos do poder e governação pública. Aliás conduzidos e dirigidos por autênticos “enchidos” e outros “paios”, saídos dos aparelhos partidários ou por eles indicados .
Na realidade, e atendo-nos apenas ao ensino, em muitas escolas vêm-se perfilando algumas personagens que não são mais do que “figurinos” dos aludidos enchidos, orientando e dirigindo como uns meros e amorfos “produtos” de indefinida coloração, discutível valia e de nulas viabilidade e rentabilidade quanto à formação e crescimento intelectual, moral e social dos alunos, tão notórias e indisfarçáveis são as suas moleza, indecisão, medo, faltas de coragem e capacidade de direcção e chefia.
Moles e maleáveis como os ditos enchidos, só se lhes vislumbra um “material” de enchimento de discutível valia, questionável “fêvera” e duvidosos condimentos e substância nuns “produtos entripados” que ressudam apenas a“promessas”e “sabores”.
Uns “enchidos” sempre muito prontos a censurar e criticar pais e professores que deixam saltar os muros da escola e chegar ao domínio público os casos, cenas e problemas disciplinares que aí vêm acontecendo, cuja principal explicação, aliás, radica numa institucionalizada falta de pulso, arreigado laxismo, geral facilitismo, ausência de coragem, medo e desvios em personalidade e verticalidade. Daí as consequentes inacções, cobardia e fuga a prontas intervenções que claramente deixam perceber incontornáveis incapacidade, irresponsabilidade e toda uma falência em chefia.
Uma inquestionável falência de quem tem a responsabilidade de educar, dirigir e disciplinar, ainda que não devam nem possam ser ignoradas outras causas de natureza e raíz mais profundas, sedeadas no ambiente familiar e também sua consabida falência.
Na verdade há pais que de há muito se alhearam dos filhos e seus problemas, fazendo tábua rasa de valores como a educação, o respeito, a disciplina, a ordem, a obediência e o sentido do dever e responsabilidade que lhes era imposto incutir, despertar, manter e desenvolver em ordem à sua formação como homens e cidadãos.
Aliás, diga-se, não é “calando-os” com consolas, tabletes, telemóveis, joguinhos de computador, etc., etc., nem cedendo a tudo quanto pedem que se forma e educa um cidadão para a vida e o Amanhã, impondo-se toda uma atenção aos seus enquadramento e vivência na escola e sociedade e todo um acompanhamento firme e compreensivo. Evitando a habitual desculpabilização porque os seus filhos são os maiores, únicos e os melhores, nunca mentem e têm sempre razão, bem como as já usuais “queixinhas” contra os docentes disciplinadores e exigentes, até porque, diga-se, a crise latente no ensino se deve sobretudo aos laxismo e facilitismo que se enraizaram desde Abril.
Mas o mais grave é que à irresponsabilidade e alheamento de muitos pais pela educação dos filhos, abandonados a certas liberdades e libertinagens nos procedimentos, costumes e sistemas de vida, têm-se vindo a juntar, e de forma bem perversa, as deficiências em capacidade e qualidades de gestão, orientação e chefia de muitos dos “educadores” oficiais, uns meros “enchidos” de esconsas circunstâncias, indecisos, incompetentes e medrosos ante o poder, os pais e ... uma possível perda de “tachos”.
Aliás é devido a toda esta conjugação de factores que ultimamente ecoam com frequência nos media casos de bullying nas escolas, gestos e atitudes ameaçadoras, praxes de arrepiar, cenas de pancadaria nos corredores com envolvimento de “dezenas de alunos, professores e funcionários” (JN, 11.2.14), carros de professores assaltados no parque do estacionamento da escola, o de um funcionário com os vidros partidos, “alunos a masturbarem-se durante as aulas, bolas de papel atiradas em chamas, dentro da sala de aula, contra os professores, sala de computadores com alunos a ver pornografia e a provocar os professores e tentativa de incêndio da escola” (id), etc., etc..
Como resulta duma queixa de pais ao MP, diga-se, sendo inadmissível que um responsável (!) venha apenas dizer que “a escola age de acordo com a legislação em vigor” (id.) e considere “lamentável que se avance para o Ministério Público e para o exterior da escola sem que nenhum pai tivesse apresentado qualquer queixa, sobre qualquer assunto, à Direcção da Escola” (id.), o que nem será verdade porquanto “os pais afirmam que já falaram com vários docentes e com a Direcção da escola, mas que «pouco ou nada foi feito»” (id).
E se posteriormente veio a público, aliás pela boca de um aluno, haver colegas que durante as aulas têm os pénis à vista, é chocante e de todo inaceitável que tais “educadores” se preocupem sobretudo com as “fugas” para o exterior do que se vem passando nas suas escolas, que de modo nenhum, sublinha-se, pode ser tido e desvalorizado como meras “coisas de canalha”, como teria sido dito aquando do caso de um grupo de alunos ter despido um colega no recreio da determinada escola.
Aliás a grande realidade é que a disciplina, o respeito e a ordem numa escola só se mantêm e serão viáveis quando os professores e demais responsáveis se assumirem como tais em capacidade, idoneidade, carácter e firmeza nas orientação e chefia, não se apresentando apenas como uns meros “enchidos” e afirmando-se pela personalidade e intervenção. Sobretudo fazendo-se respeitar pelas suas inteligência, verticalidade, idoneidade e capacidade de orientação e disciplina, e incutindo nos alunos os sentimentos e sentido da ordem, da disciplina, do respeito pelos direitos humanos, do amor ao trabalho e da responsabilidade pelos seus actos. Sem medo de enfrentar os pais que desde algum tempo se demitiram das funções de primeiros e principais educadores.
Até porque já estamos saturados dos “paios” e outros “enchidos” que se vêem na administração e poder públicos e nas muitas feiras de “fumeiro” político e outras que vêm alastrando pelo país, desde há uns anos a resvalar para uma barbárie nos costumes, procedimentos e vivências em cidadania. Aliás com notória quebra nas ancestrais e consabidas morigeração, moralidade e sentido da responsabilidade de todo um povo.

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