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Faltam poucas horas...

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Faltam poucas horas...

Ideias

2024-09-13 às 06h00

Pedro Tinoco Fraga Pedro Tinoco Fraga

Num avião algures a voar entre África e Portugal penso que faltam poucas horas para um momento que poderá ser importante para o meu futuro como cidadão.
Num avião algures a voar entre África e Portugal penso que faltam poucas horas para um momento que poderá ser importante para o futuro da minha empresa e dos meus investimentos.
Num avião algures a voar entre África e Portugal penso que faltam poucas horas para um momento que poderá ser importante para o tecido empresarial do meu país.
Num avião algures a voar entre África e Portugal penso que faltam poucas horas para um momento que poderá ser importante para o desenvolvimento e o crescimento do meu país e da Europa.
Num avião algures a voar entre África e Portugal penso que faltam poucas horas para um momento que poderá ser fundamental para que o continente de onde levantei voo hoje possa ser tratado com a dignidade que merece pelos europeus e norte-americanos e não continue a ser pasto das vorazes investidas chinesas e russas.
Sim, daqui a algumas horas espero ter a oportunidade de, já em Portugal, assistir em directo ao primeiro debate (decisivo?) para as eleições de 5 de Novembro nos EUA. Dirão alguns: mas então tivemos eleições legislativas no nosso país há poucos meses, vamos ter eleições autárquicas e presidenciais e a preocupação de quem escreve estas linhas é com as eleições dos EUA? Como cidadão e empresário respondo claramente que sim. Não estive minimamente preocupado no início de 2024 pois sabia e sei que tanto Pedro Nuno Santos como Luís Montenegro respeitavam, respeitam e respeitarão no nosso pequeno rectângulo os direitos de todos os cidadãos, além de serem pessoas estruturalmente dignas e que olham para Portugal como um bem comum e não como um bem próprio; sei que tanto Marques Mendes, Gouveia e Melo ou Mário Centeno irão com maior ou menor competência exercer dignamente o cargo de Presidente da República, caso sejam eles os escolhidos.
Não aplico no entanto este conceito aos dois candidatos à presidência no país, que gostem alguns ou não, continua a ser a potência liderante e que nos últimos anos foi um verdadeiro farol de luta pela liberdade, fazendo frente à política expansionista russa e ao perigoso crescimento tentacular da economia chinesa, trocando despudoramente pontes, estradas e hospitais no presente pelo estrangulamento de liberdade e soberanias futuras. Sim, foram os EUA e o tão criticado idoso Joe Biden (a maior surpresa em anos e anos a acompanhar a política norte-americana) que foi intransigente na luta económica e diplomática contra as agressivas tentativas hegemónicas da Rússia e da China.
Como empresário julgo poder dizer que todos gostamos de estabilidade para aplicar os planos de negócio que definimos. E é isso que queremos continuar a fazer e julgo que tal será inviável com a eventual vitória de Donald Trump. Dirão alguns... mas o actual candidato já foi presidente e não foi por isso que os cidadãos e as empresas portuguesas foram afectadas. Independentemente de não concordar mas considerando que a minha percepção do verdadeiro filme de terror que foi o mandato de Donald Trump não cabe neste espaço de escrita, apenas direi que a realidade geo-política era substancialmente diferente na altura, nomeadamente na Europa. É um lugar comum dizer que a vitória de Donald Trump trará o capitular da Ucrânia a curto prazo ou exigirá aos países europeus um esforço financeiro suplementar que não só não estamos capacitados para fazer como, caso o façamos, trará consequências graves à vida de todos nós, com particular impacto num país pequeno como o nosso em que o PIB per capita não chega sequer aos 30.000 USD.
Por outro lado o brutal proteccionismo que se espera de uma eventual presidência de Donald Trump (em primeiro lugar proteccionismo judicial em relação à sua pessoa, em segundo proteccionismo em relação aos seus negócios e em terceiro lugar proteccionismo em relação ao relacionamento externo do seu país com a Europa – continente que lhe diz zero, como várias vezes indicou) trará mais (más) consequências em relação às nossas exportações e implicará claramente a aposta no eixo EUA – Ásia, o único que efectivamente a referida personagem reconhece.
Por tudo isto, como empresário e dirigente associativo empresarial entendo que uma nova presidência Trump, uma presidência de profundo ajuste de contas com o passado será desastrosa para as empresas portuguesas e como sempre entendi que são as empresas (e não o estado) que cria riqueza, teremos más noticias para todo o país.
Como cidadão... não consigo sequer qualificar a desgraça que seria para tudo o que são direitos humanos no mundo, direitos esses que na Europa (excluo aqui aberrações como a Hungria, Eslováquia etc) fazem hoje parte do nosso património colectivo e são ou deveriam ser, inquestionáveis. Vou apenas classificar o discurso e não a pessoa. Estamos em presença de um discurso básico, boçal, absolu- tamente inculto, profundamente eivado de mentiras, insultuoso, profundamente ignorante em relação a temas de geo-politica e estratégia, misógino, racista, xenófobo, glorificador profundo do machismo, instigador da violência como forma de resolução dos problemas, etc, etc. Continuando... sobre o discurso, a glorificação ou pelo menos a bonomia com que se refere a ditadores de países como a Rússia, Coreia do Norte e China, indiciam uma deficiente ou mesmo nula compreensão da história e auguram tempos muito complicados para quem nestes países tenta levantar a voz para defender direitos continuamente espezinhados.
É evidente que a evolução societária coloca-nos longe da barbárie dos anos 40 do século passado, mas como um apaixonado por tudo o que conduziu à ascensão e capitulação da Alemanha, recordo que o austríaco Adolf Hitler tinha o apoio generalizado da população aquando dos seus discursos básicos, boçais, misóginos, racistas, etc etc etc.
Apenas passaram 80 anos e nunca me esqueço das multidões em delírio nos tristemente famosos “Ralis de Nuremberga” nos anos 30.
Por isso serei com certeza um dos muitos portugueses e europeus que ouvirão ansiosamente o debate entre Kamala e Trump e ao contrário do que sempre me aconteceu nas eleições portuguesas … estarei atento e preocupado.

Obs: escrevi intencionalmente antes de ouvir o debate. Após ter seguido o debate não partilho a alegria incontida de milhões de americanos e europeus, recordando que Hilary Clinton também superou largamente Donald Trump no debate de 2016 e... perdeu as eleições. We will see!

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