A pandemia, a transição digital e a nova gestão pública
Ideias
2016-06-26 às 06h00
A língua é um ente dinâmico, facto que reconheço à margem de resistências a norma descabida, porque em nome de unificação que jamais ocorrerá. Nem razão há para que aconteça. O acordo ortográfico é coisa de gabinetes, e é por gabinetices de Bruxelas que tanto se brexita pela Europa fora.
O brexitanço é uma pedra no sapato, de tal forma, que grandes multinacionais não hesitaram em publicar anúncios, advertências, chamadas à razão, de ‘bifes’ telhudos, e mesmo um Obama em fim de ciclo encontrou ocasião para perninha do lado de cá do oceano, saltinho engraçadito, em nome do múltiplo aliado europeu e, mais perto do que cala a quem lhe sopra ao ouvido, em favor do novérrimo acordo comercial transatlântico, que, ao que consta, é bom para todos, embora não estejamos a percebê-lo. Por tacanhice, só pode!
Brexitem os ingleses e de novo virá à baila o estatuto da Escócia, que só ficou como súbdita de Sua Majestade por imperativos europeus. Os escoceses agradecem a brexitação, tal como os suíços, se calhar, fartos de dançar um fandango a solo diante da União Europeia, que sendo tão fantástica, tão extraordinária, magnífica mesmo, ainda assim não tem artes de convencer a confederação da democracia quase directa.
O nosso País primeiro! Antífona salmodiada por brexitantes em liturgia de exéquias por uma Bruxelas e Estrasburgo de credo na boca. Canto na ordem do dia, hoje em língua de anglos, porventura em língua de francos em futuro breve, que deste lado da Mancha também há uns desamores em plena expansão.
Conjugo o verbo brexitar sem particular alegria. Aliás, tudo somado, pode ser que os britânicos hesitem, e decidam contrabrexitar, por famosa unha negra, tal como por finíssimo cabelo se resolveram as recentes eleições austríacas. Com efeito, escrevo a horas de abrirem portas os centros de voto, e estou longe, por conseguinte, dos contornos exactos do desfecho.
Mas, como quer que calhe a consulta inglesa, estou em crer que análise que faça perderá em sentido. Pronunciem-se os ingleses pela manutenção e uma polifonia de ‘apres’ ou ‘ufas’ soará em muitos salões. Junckers recuperará cores, arderá vigoroso a toda a chama, mas não é claro que atinja em todo extensão a provação a que foi sujeito, não é certo que a nomenclatura que rege aprenda e emende mãos.
Poderá a auscultação inglesa resolver-se por um imponderável: o assassinato da deputada Joanne Cox. Sublinho o qualificativo de ‘imponderável’ porque serei a última pessoa a acreditar em qualquer teoria de conspiração. Mas vamos que o imponderável caía para o outro lado - sim, porque é da natureza dos imponderáveis a espontaneidade, o acaso absoluto - e era Boris Johnson o retalhado em banal mercado de peixe, cortado em filetes por um celerado com os humores em baixa. E ai que o celerado fosse um naturalizado ou filho de cordatos emigrantes!
E assim se pergunta: estarão as grandes linhas da casa comum europeia nas mãos descuidadas de pacientes psiquiátricos?
A alegoria é notável e plena de sentidos. Tresmalham os esquizoides e os psicóticos por falta de cuidados convenientes. Esquizofrenam e psicotizam os normais de risco, em fundo de económica selva, endeusado o mais forte, um certo capital a quem todos os mimos são devidos, quanto tal não triture pernas e fantasias de bem-estar.
Gabineta-se, em Bruxelas, em nome de entidade outra que a pessoa, e tudo lhes parece fazer sentido nas folhas de cálculo. Se calhar não estarão muito bons da cabeça. E é assim que, na dúvida, se interrogam as pessoas se não será avisado que as governem mais ao pé da porta.
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