Ettore Scola e a ferrovia portuguesa
Escreve quem sabe
2022-06-06 às 06h00
Navego no sítio da Amazon e reparo na extensa, mas muito bem estruturada, categorização dos produtos. Por incrível que pareça, no meio de tantos milhões de produtos, com apenas alguns cliques e em meros segundos, facilmente encontro aquilo que procuro.
Aqui há tempos escrevi um artigo, para este jornal, sobre a vital relevância da taxonomização de produtos numa organiza- ção retalhista. Recordo ter mencionado a incapacidade de certas organizações para fazerem o correto enquadramento de certos produtos na estrutura mercadológica. Dei como exemplo o real caso do cereal retirado do livro “A língua move-se” de José M. Silva, categorização que tanto poderia incluir na categoria “cereais” uma caixa de cereais, como também um saco de arroz. Na esteira desse texto, pensei que este artigo poderia expor a minha opinião relativamente à complexidade na conceção e revisão da estrutura mercadológica, para além da ne-cessidade de existirem variadas estruturas aplicadas ao retalho.
A estrutura mercadológica foca-se no produto e divide-se em diversos patamares, normalmente limitado em termos operacionais pelas capacidades do sistema de gestão central (ERP – Enterprise Resource Planning). Desde o nível mais baixo (denominado por “grão”) até ao mais alto (a própria organização), a forma de pirâmide simboliza a capacidade de abstração e acumulação de valor estra- tégico. Por exemplo, em termos analíticos, agregar dados de ven-das de um produto (SKU) até aos superiores patamares da categoria ou departamento, apresentará um maior valor estratégico aos respetivos gestores.
Ao longo da minha carreira, fui constatando que a maioria dos retalhistas por onde trabalhei tiveram abordagens diferentes na conceção e gestão dos diversos níveis taxonómicos. Enquanto que uns tentavam segregá-los em demasia, outros tentavam simplificá-los substancialmente, acabando por definir classificações demasiado genéricas e imprecisas, incapazes de oferecer uma incontroversa linguagem canónica comum, necessária ao negócio. Relativamente ao processo de revisão das mesmas estruturas, notei também que em retalhistas mais experientes este processo é crítico e transversal, contrastando com o desinvestimento e/ou desinteresse no mesmo por parte dos pequenos retalhistas.
Para as atentas organizações, o processo de revisão é tema central. Mas, o processo de revisão exige esforço não só das equipas de negócio, como também das equipas das áreas tecnológicas. Refletir a nova taxonomia nos sistemas computacionais é garantir a sua consonância com os requisitos de negócio. Relativamente a este ponto, destaco que o tema exige esforço computacional extremo em diversos sistemas, entre eles os analíticos, no complexo recálculo de centenas de indicadores sobre milhões de dados, à luz da nova estrutura.
O retalho possui inúmeras outras estruturas para além da mercadológica. Desde as organizacionais, geográficas, visuais, financeiras, de planeamento e outras variantes (daí alternativas), todas envolvem grandes desafios. A título exemplificativo, no sector de vestuário, é muito comum verificar-se um planeamento ao nível do “estilo” ou até da “opção” (estilo x cor), enquanto que a equipa de compras executa a compra ao nível do SKU (estilo x cor x tamanho). Considerar-se que existem “estruturas alternativas”, não significa, de todo, a perda de relevância das mesmas. Constata-se apenas a necessidade de se criarem visões paralelas, formadas a partir da mesma origem de dados, que vão de encontro a específicas necessidades de diferentes equipas de negócio.
As grandes organizações ajustam-se mediante as necessidades. Mantêm-se sempre na vanguarda da inovação e excelência. Lojas virtuais como a da Amazon demonstram que a taxonomia disponibilizada aos consumidores, provavelmente “alternativa” à estrutura principal mercadológica, terá sido elaborada com meticulosa atenção, permitindo-nos navegar digitalmente, sem quaisquer entraves e gratificante satisfação.
*com JMS
10 Outubro 2024
08 Outubro 2024
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