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Esperança média de vida, com qualidade

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Esperança média de vida, com qualidade

Ensino

2023-07-05 às 06h00

Francisco Porto Ribeiro Francisco Porto Ribeiro

A proposta de hoje prende-se com um tema que está na ordem do dia, pelas mais diversas ordens, a esperança média de vida. Trata-se de um indicador associado ao período de início da reforma.
De acordo com os dados mundiais (https://www.dadosmundiais.com/europa/portugal/index.php), em Portugal, os homens vivem cerca de 78 anos e as mulheres mais um pouco, cerca de 84,1 anos. Já de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os países com maior esperança média de vida são o Japão, a Espanha e a Suíça, com mais de 83 anos, e a Austrália e Singapura, ambos com 82,9 anos. Agora, fazendo recurso aos dados da PorData, da Fundação Manuel Francisco dos Santos, (https://www.pordata.pt/portugal/esperanca+de+vida+a+nascenca+total+e+por+sexo+(base+trienio+a+partir+de+2001)-418), em Portugal, a esperança média de vida, em 2020 (período pré pandemia), era de 80,7 anos (contra os 67,1 de 1970), sendo que os homens viviam até aos 77,7 anos (contra os 60,7 de 1960) e as mulheres viviam até aos 83,4 anos (contra os 66,4, de 1960).

Em geral, estima-se que a esperança média de vida aumente em quase todos os países, com uma previsão para Portugal e Itália chegar aos 84,5 anos. Este incremento deve-se ao facto que o número de anos de vida depender muito do desenvolvimento dos sistemas de saúde e o seu acesso pelos cidadãos. Tendo em conta esta previsão, e no modelo atual, em Portugal, seguramente que será muito difícil garantir esta previsão, tendo em consideração que, cada vez mais, o Sistema Nacional de Saúde (SNS) está de difícil acesso, havendo mais de 2 milhões de cidadãos (20% da população nacional) sem médico de família. De acordo com os últimos dados, nada nos garante que sejamos atendidos no hospital onde entramos (as notícias são preocupantes, de facto). Vejam as grávidas, cujos partos acontecem, em muitos casos, quase “onde o diabo perdeu as botas”, correndo o risco de os nascimentos acontecerem nas viaturas de transporte. Vejam, também, os idosos que falam filas de horas para serem atendidos, sabe-se lá quando. Está muito complicado e não sei se o atual modelo motiva as pessoas a serem pais. Pessoalmente, considero que não. Em Portugal, há pessoas em risco de pobreza ou exclusão social, sendo que estas vivem, maioritariamente, na região norte (22,8% da população) e centro (23% da população). Em resumo, há ainda muito para fazer.

De acordo com os dados dos Censos 2021, a população com mais de 65 anos representa cerca de 23,4% em Portugal, uma realidade de envelhecimento rápido, mas para o qual não vejo nenhum incen-tivo forte à natalidade, até muito pelo contrário. Segundo estudos académicos, esse envelhecimento não corresponde à qualidade de vida nem a uma velhice saudável. Para a RePEnSa (Rede Portuguesa de Envelhecimento Saudável e Ativo, https://repensa.pt/), este envelhecimento rápido e sem qualidade de vida resulta num problema estrutural sério. A RePEnSa considera que “o aumento de esperança média de vida não tem sido acompanhado por uma melhoria na saúde dos cidadãos, nos últimos anos de vida”, considerando que é urgente altera o perfil de saúde dos nossos idosos, com incentivo em maior informação e mais promoção de estilos de vida saudável.
Na região do norte de Portugal, a Porto4ageing, da Universidade do Porto e parceira da RePEnSa (https://www.porto4ageing.up.pt/?doing_wp_cron=1684147715.6581819057464599609375), tem um conjunto de estudos interessantes, sobre o efeito (fica o desafio).

Confesso, que este tema me preocupa (para lá, todos caminhamos) e atrevo-me a deixar aqui a minha preocupação com a tónica da qualidade de vida na idade sénior, que considero ser relevante. Segundo número do Eurostat (https://ec.europa.eu/eurostat/web/interactive-publications/demography-2023#fragment-15944082-xtpc-inline-nav-4), a população mais jovem está em sentido inverso (há uma clara redução da população com menos 20 anos) face à população mais velha (já com um peso de 24% do total da população e está a aumentar e, com isso, está também a alargar os anos de trabalho antes da reforma). Face aos números e a esta realidade, confesso que é impossível não ter medo do futuro em Portugal. Fica a proposta para reflexão.

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