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Escola vazia!

Os nomes que me chamaram

Escola vazia!

Voz às Escolas

2021-03-01 às 06h00

Maria da Graça Moura Maria da Graça Moura

Uma escola vazia, sem crianças, sem alunos, carregada de silêncio em todos os espaços, não faz sentido. As salas de aula, antes tão cheias de olhares curiosos e interações, foram preenchidas apenas pela luz do exterior. Os recreios, antes tão barulhentos, ficaram agora silenciosos e despidos. O que faz de um edifício uma escola não são as suas paredes. É a vida que pulsa em cada ambiente que dá alma a uma escola.
O campo lexical alterou-se e passou a incluir palavras como Covid19, aula síncrona, distanciamento, plataforma, máscara, chat, online, gel… Novas palavras entraram no nosso vocabulário, novos modos de comunicar, novas experiências... Poucos de nós até há pouco tempo teriam ouvido falar de zoom, teams ou meet… Professores e alunos vivenciam uma experiência forçada de aprendizagem remota. A sala de aula passou a ser o quarto, a sala ou o escritório da casa. As aulas são seguidas pelas famílias que têm a possibilidade de ver todos os professores, conhecerem os seus modos de trabalhar e entenderem os desafios da educação. Ao volume de trabalho que preenchia a agenda dos professores, acresce agora esta exigência de navegar no mundo do ensino online. Apesar dos constrangimentos e dificuldades, o esforço de adaptação a esta nova realidade de E@D é visível e digno de reconhecimento. Os professores aproximaram-se. Investiram no trabalho colaborativo, na planificação conjunta, na monitorização crítica construtiva. Nunca se planificaram tantas atividades com o propósito de proporcionar as melhores aprendizagens.

Mas nem todos os que se mantêm ligados a esta nova escola têm oportunidades idênticas. Uns sem equipamento, outros sem motivação, outros sem as competências individuais e familiares que permitam dar continuidade à tarefa da escola… Mas esta tem por missão prestar um serviço público com dedicação, para que nenhum aluno se sinta abandonado. Todos os dias, educadoras, professores, terapeutas, assistentes operacionais, colaboram para o desenvolvimento de atividades presenciais. Alunos com necessidades de suporte, alunos em risco de abandono, alunos cujas famílias têm profissões essenciais… Todos os dias, associações de pais e escola, distribuem refeições a quem delas tem necessidade. Sempre atentos aos sinais de quem precisa e não solicita ajuda, de quem se encontra em situação inesperada, dependente de apoio social. Em regime presencial, o olhar atento de todos sempre possibilitou o levantamento de situações de carência, de violência, de urgente intervenção. Ao longe, é mais difícil. Mas a sensibilidade e o conhecimento de toda a comunidade escolar não deixará ninguém isolado. São diversas as experiências de sucesso, que nos dão alento, força e vontade para continuar. Todos os dias se estabelecem protocolos de parceria entre instituições sempre com o intuito de dar resposta aos mais fragilizados. Inegavelmente, há um bom serviço social prestado pelo sistema educativo.

Em termos pedagógicos, a escola, apesar dos passos largos que cada vez mais a afastam desta tendência, está tradicionalmente voltada para um paradigma de instrução. Por isso as dificuldades de adaptação a este regime a distância. É urgente o redirecionamento para a criação de espaços de reflexão e crescimento, em que o aluno seja construtor da sua aprendizagem, experienciando e práticas de desenvolvimento de autonomia, sendo o professor um mediador, um facilitador da construção do conhecimento.
Na certeza de que, como diz Sampaio Nóvoa, Nada substitui um bom professor!

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