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Entre laços e reencontros da Páscoa

Entre decisões e lições: A Escola como berço da Democracia

Entre laços e reencontros da Páscoa

Escreve quem sabe

2025-04-20 às 06h00

Joana Silva Joana Silva

Páscoa é sinónimo de fé, de recomeço e de reencontro familiar. O domingo pascal, por norma, pauta-se pela reunião dos familiares mais próximos e, por vezes, até dos mais distantes, que se juntam para celebrar à volta da mesa e confraternizar. Há quem aprecie muito os encontros familiares e há também quem não.
Há quem esteja ansioso(a) por rever aquele familiar querido, mas também há quem não, pela presença daquele/a que é “difícil de lidar”. Não existem famílias perfeitas, isso é um facto. Mas, mesmo sendo (im)perfeita, a família continua a ser a família. Representa a continuidade geracional, com cada membro a trazer a sua própria personalidade e feitio. Todos os elementos de uma família têm características e particularidades únicas. Existem, sim, afinidades: semelhanças de gostos, opiniões e comportamentos, mas, no fundo, cada pessoa é única e irrepetível. Preste atenção no primo ou a prima que insiste em contar piadas sem graça, até o tio que, com "pretensões de chef de cozinha", garante que faria tudo melhor; a avó que reclama sempre, ora porque está salgado, ora porque está insosso, ora está muito quente ora está frio; o padrinho que escolhe precisamente o dia de Páscoa para abordar assuntos "trágicos", como a guerra, a crise política ou as doenças; e a madrinha "inquisitiva", que faz perguntas “sensíveis”, tais como: "Quando casas?", "Já tens namorado(a)?", "Já trabalhas?", "Quanto ganhas? “O silêncio, por vezes, também é uma forma de resposta, acompanhado de um sorriso.
Não se podem mudar as pessoas se elas próprias não quiserem. Por essa razão, o melhor é aceitar tal como são, protegendo ao mesmo tempo os próprios limites emocionais.
Por vezes é importante, perceber a família sob outra perspetiva. Por forma a clarificar, repare que uma família onde todos são politicamente corretos, sentados à volta da mesa, sem discordâncias ou confrontos, e se não houver quem fale mais alto, quem interrompa, quem diga "discordo" ou quem seja mais "revolucionário” pode não ser sinonimo de família funcional (ou boa família). Em quase todos os reencontros familiares, é natural que surjam conflitos ou discussões. E está tudo certo, porque isso faz parte do processo. Opiniões divergentes servem para fortalecer a coesão familiar, ensinando-nos a respeitar, mesmo discordando, as opiniões diferentes. Mais do que valorizar os desentendimentos, é essencial valorizar os laços que unem a família. Permita-se compreender que cada membro da família tem a sua própria história de vida, com memórias que podem ser bonitas, mas também com “cicatrizes” invisíveis aos olhos de quem está de fora.
Isso significa que, por vezes, o comportamento ou as palavras de alguém podem não ser as mais agradáveis, mas refletem experiências passadas, momentos que marcaram essa pessoa e moldaram a sua forma de ver e reagir ao mundo. Não julgue apenas estenda a mão, mesmo que, no futuro, essa pessoa não possa ou não queira retribuir o gesto. Compreender não significa aceitar tudo, mas sim reconhecer que cada um tem as suas próprias lutas e formas de lidar com elas.
Nesta Páscoa, valorize os momentos de partilha e as risadas à mesa, à volta de pratos cheios e travessas grandes. Muitas vezes, o lembrar de histórias familiares podem ser desconfortáveis para alguns, como aquelas lembranças que fazem todos rir (ex: “aquele dia em que, já crescido/a, ainda querias levar a chupeta para a escola"). Todavia essas risadas e histórias, por mais embaraçosas que possam ser, são um alicerce para descontrair e aumentar a união familiar. O riso é um antídoto poderoso para a vida, pois são os momentos de alegria que realmente une as pessoas.
Para quem, nesta Páscoa, não tem família por perto, lembre-se que os amigos e vizinhos também são a família que se escolhe ao longo da vida. Não hesite em aceitar um convite, de partilhar uma refeição ou um sorriso em boa companhia. Vá, permita-se viver esses momentos.
Lembre-se de algo muito importante: há sempre alguém que o/a espera. Nem sempre é dito com palavras ou expresso de forma explícita, mas reflete-se no brilho dos olhos de quem o/a vê entrar pela porta. Esse olhar que diz mais do que qualquer palavra, é o verdadeiro reflexo do carinho e da presença que, no fundo, todos esperam.

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