‘Spoofing’ e a Vulnerabilidade das Comunicações
Voz à Saúde
2022-05-07 às 06h00
A Ordem dos Enfermeiros, com um título muito feliz –“Todos pela Saúde”- reuniu em Congresso desde 5ª. feira até hoje, nesta linda cidade dos Arcebispos-Braga. Um Congresso que contou com 1400 inscritos/ participantes, com representações, comitivas e congressistas da Europa e dos PALOPs. Também representantes das várias Ordens dos Enfermeiros destes países.
Foi um Congresso fabuloso, tocando inúmeras temáticas cruciais e indispensáveis, focadas no cuidar, no tratar, na investigação e a necessidade de investimento quer em recursos humanos, quer em instrumentos, tecnologia, telemedicina, instalações e infraestruturas, face à necessidade de dar respostas certas, oportunas e com equidade e em tempo útil, ao Cidadão doente e à Comunidade. Não faltou a dimensão religiosa e o cuidado espiritual. No fundo adequar ferramentas e conhecimentos para um “Sistema de Saúde” e para a promoção da literacia em saúde.
Os Enfermeiros são parceiros insubstituíveis com o seu saber, especialização, forma de ver holisticamente o Cidadão/ Família/Comunidade, na composição das equipas multidisciplinares, cada vez mais necessárias e imprescindíveis, nas decisões de intervenção, tratamento, reinserção e alta.
Falar hoje em Saúde, para a Saúde e suas “latitudes”, deixou de ser “propriedade única” de uma profissão ou classe, seja ela qual fôr! A especificidade e o sentido da palavra “SAÚDE” é hoje de tal forma amplo, abrangente, complexo e desafiador, que nenhuma classe profissional, só por si, consegue dar resposta às necessidades e exigências que se colocam aos profissionais de saúde. Se por um lado a “BIO” do indivíduo sofre “anomalias” devido a disfunções, malformações, afectação por outros agentes químicos e/ou biológicos, é bem certo também, que o ambiente, a natureza, o ADN, a origem geográfica do indivíduo, têm influência no seu estado de saúde. As equipas de saúde têm que perceber e bem, esta realidade global, “mutante” e de mobilidade, para intervir localmente e em cada comunidade, acertadamente.
No âmbito da gestão, a saúde tem recursos finitos. Estes são cada vez mais escassos e caros. Face ao aumento da esperança de vida, as comorbilidades e às exigên- cias e necessidades do presente e, as que se adivinham para um futuro muito próximo, há que ter no horizonte a necessidade de recrutar, formar e fixar aos quadros das instituições, mais profissionais de saúde, entre os quais Enfermeiros, que hoje já são deficitários no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Há necessidade de criar e oferecer condições de carreira e remunerações atrativas para que estes não emigrem. O SNS não pode perder o seu know-how com a “sangria” de profissionais e o desinvestimento que se vem sentindo. O SNS robusto, faz falta aos Cidadãos e a Portugal. Basta pensar, com a Pandemia, se Portugal não tivesse o SNS, como seria? Na vacinação COVID, se não tivesse os Enfermeiros que tem, como alcançaria a excelente taxa de cobertura e vacinação?
Os Cidadãos têm o dever e o direito de exigir boas condições de tratamento, mas para isso, devem compreender, permitir e exigir bons e competentes profissionais que lhes prestem bons cuidados, em condições dignas.
Hoje com toda a experiência tida e vivida, sabemos da necessidade de reflectir sobre o futuro do Sistema de Saúde: O que temos, o que queremos e o que somos capazes de conseguir, construir e organizar. Que recursos terá este Sistema de Saúde e que orçamento lhe estará reservado? Os Enfermeiros não ficarão arredados desta sadia, urgente e necessária discussão, com participação activa. Têm um manancial enorme de contributos, visão e opinião fundamentada que só engrandece esta discussão. Fica provado neste Congresso, com a partilha de muito trabalho de investigação, com evidência científica, que são contributos a acolher, para conseguirmos uma “boa Saúde para Todos”. Mas também, não pode haver, seja qual for o modelo de Sistema de Saúde, capaz, moderno, evolutivo e de resposta às necessidades em Saúde, se os seus profissionais não forem os melhores, mais motivados e remunerados.
Em Portugal precisamos de fazer, também na Saúde, uma profunda e séria reflexão sobre os seus Recursos Humanos. Não há dúvida de que os Enfermeiros têm uma profissão de risco e de desgaste rápido. A idade da reforma tem de ser repensada. Com a Pandemia podemos verificar que se acentuou o desgaste físico, psicológico e os altíssimos níveis de stress a que os Enfermeiros estiveram sujeitos e expostos! Estas questões são evidências, não são especulações! O Governo tem que seriamente abrir o debate sobre estas questões, chamar os parceiros à mesa de efectivas negociações e resolver de uma vez, alguns assuntos, que só por cegueira política e preconceitos ideológicos, ainda não foram resolvidos.
Quanto ao Congresso dos Enfermeiros – TODOS PELA SAÚDE – escreveu na história da Ordem, na cidade dos Arcebispos, com partilha com a Europa e com os PALOPs, mais uma página de ouro, de riqueza científica e de dinâmica de trabalho e do conhecimento.
Bem-haja a Todos!
01 Outubro 2024
17 Setembro 2024
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