No contexto de gestão de produtos utilizam-se as terminologias «opção» e «variante» de forma nem sempre correta. Os termos inter-relacionam-se, de facto, nomeadamente porque são facilitadores dos processos de planeamento e criação dos produtos nos sistemas de gestão de qualquer organização retalhista. No entanto, são conceitos distintos.
Neste mundo de matizes terminológicos nem sempre inteligíveis, onde as soluções tecnológicas e suas funcionalidades se tentam ajustar, nunca me senti tão versado nestes conceitos como no último mês, nomeadamente quando aplicados a biberões. Como resultado dos lamentos da minha recente «cliente», aprendi, à força bruta, que existem variantes de biberões para todos os gostos e feitios. Desde aqueles com diferentes materiais e capacidades, com ou sem sistema de ventilação, de corpo e tetinas estreitas ou largas, de variadas cores, com ou sem controlo de temperatura, tetina com formato adequado à mandibula ou até tetina regular, indicados ou não para bebés prematuros ou para amamentação mista, com ou sem tampa de proteção, com ou sem sistema anticólicas, de fluxo lento ou rápido, com um ou vários furos inspirados nos ductos mamários da mãe, da coleção X ou Y, vendido em conjunto com outro produto ou até individualmente, com ou sem rosca adicional, feito ou não de materiais reciclados. Chiça, acabei de tirar um curso rápido e intensivo sobre este produto!
A adoção de «opções» é benéfica não só em termos de negócio, mas também em termos de usabilidade funcional e técnica. Num contexto de negócio, em primeiro lugar, estes conceitos permitem alargar a oferta da marca. Em segundo, permitem uma oferta mais personalizada. A definição de variantes de produtos de forma equilibrada possibilita que os consumidores os comparem a outras variantes e até outras marcas. Portanto, disponibilizar variantes de produtos cria uma oportunidade para satisfazer consumidores e catapultar as vendas.
Em relação a questões mais funcionais, sei o quão desafiante e demorada é a tarefa de criar, repetidamente, produtos semelhantes, onde apenas variam determinadas propriedades. Por conseguinte, acredito que o conceito de «opção» surja conjuntamente como facilitador na criação de variantes. O produto-chave «biberão» com a opção «cor» possibilita-nos a instanciação de dois objetos distintos, herdando as demais características do produto chave. Por exemplo, as variantes biberão azul e rosa. Em termos de eficiência na criação do produto, num sistema onde poderão coabitar milhares de produtos e lojas, estaríamos perante algo idêntico ao seguinte processo funcional: criar o produto biberão, definir as suas características comuns e opções e, por último, permitir ao sistema gerar automaticamente todas as combinações possíveis de biberão, como se uma matriz se tratasse.
Se é um facto que os biberões se apresentam como soluções alternativas para os recém-nascidos, prevenindo cólicas, regurgitação e até irritabilidade, certo é que a definição de demasiadas opções e variantes nem sempre facilita a decisão final do consumidor. Infelizmente, quando se aposta na adoção desequilibrada e pouco intuitiva deste tipo de diferenciadores, podemos levar à frustração dos pais que procuram rapidamente uma decisão acertada. Durante este mês, comprei diferentes marcas e variantes para a minha pequena Madalena. Infelizmente, até ao momento nenhuma funcionou, pelo que acabo de encomendar outro. Será que é desta que a minha exigente cliente vai aprovar a nova aquisição?

*com JMS