Integridade no Futebol: Um Compromisso com a Ética e a Verdade Desportiva
Voz às Escolas
2024-12-04 às 06h00
De entre os múltiplos problemas que assolam a Escola Pública, alguns deles há décadas, há hoje um que sobressai de forma muito clara e contundente, pois compromete, desde logo, o primeiro e principal desiderato de qualquer sistema de ensino moderno: o sucesso do processo de ensino-aprendizagem em todo o seu espectro (académico, mas também ético, moral e cívico).
Iniciei a minha carreira no já longínquo ano de 2001, sendo, na altura, notado e apontado como um dos mais jovens colocados nessa minha primeira escola. Esta era, na verdade, uma regra transversal à generalidade das nossas escolas, e que garantia, de forma tão natural quanto premente e eficaz, a mais do que necessária renovação geracional do corpo docente. E era esta dinâmica de constante e equilibrada renovação – na verdade, uma espécie de transfusão de sangue - que permitia a salvaguarda da sustentabilidade e da estabilidade de qualquer escola. Em decorrência, o sistema de ensino português reinventava-se, ano após ano, evoluindo nos métodos de ensino que se viam cada vez menos anacrónicos, e ultrapassando todas as dificuldades por via da adoção de múltiplas e inusitadas estratégias de superação tão disruptivas, quanto eficazes. No entanto, e de forma paulatina mas persistente, a viragem do século trouxe o afrouxamento dessa dinâmica sucessória e, assim, o inevitável envelhecimento do corpo docente, hoje mais do que evidente.
Não obstante a passagem destes (quase) 24 anos e dos meus 47 anos de idade, continuei sempre a integrar a franja dos “colegas mais novos”. Ótima constatação para mim, pois sinto-me uma das felizes e raras exceções que confirmam a triste regra, mas péssimo indicador para o sistema de ensino no geral. Fruto do apoucamento social, da desvalorização pública da função – e da dignidade – docente, da degradação das condições de ensino e do emagrecimento congénito dos valores salariais, iniciados com especial ímpeto e impacto no consulado da muito pouco saudosa (desprezível, se me permitem) ministra Maria de Lurdes Rodrigues, eis que chegámos à periclitante realidade presente: escasseiam os professores. Resultado desse esvaziamento de fileiras, os poucos que há afiguram-se manifestamente insuficientes para suprir as saídas, para a aposentação, dos colegas mais velhos. Atualmente, e usando da pouco rigorosa estatística de merceeiro que resulta da perceção de quem está no terreno, o sistema consegue prover apenas um docente para cada cinco que saem, sem que se vislumbre qualquer movimento de reversão desta tendência.
O resultado desta “sangria” de ativos não compensada por “transfusão” de igual monta é óbvio, incontornável e catastrófico: já não falamos da falência da renovação geracional acima aludida, mas da falência do próprio sistema de ensino que, esvaziado de valor, terá que recorrer a métodos de recrutamento que, por se tratar de uma emergência, não olharão à qualidade pedagógica e científica dos novos “docentes”, relevando unicamente a sua disponibilidade para o exercício da função.
Estando, pois, a Educação ferida de morte, no que à sua qualidade concerne, e constituindo-se como um dos pilares basilares de qualquer sociedade, não é difícil perceber que o futuro, a curto prazo, não augura nada de especialmente positivo. O país exige um corpo docente academicamente avalizado, e pedagogicamente capaz e competente, e não um sistema “doente” tratado à base da fé e de pensos rápidos. Infelizmente, para mal dos meus pecados, sou um homem de pouca fé que acha que usar pensos rápidos para tratar feridas profundas será algo como beber água para matar a fome: é bem-intencionado mas não resulta.
15 Janeiro 2025
13 Janeiro 2025
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