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Eduardo Vilaça - O?ministro que nasceu na freguesia da Sé

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Eduardo Vilaça - O?ministro que nasceu na freguesia da Sé

Ideias

2025-01-19 às 06h00

Joaquim da Silva Gomes Joaquim da Silva Gomes

No nosso país tem recebido um grande reconhecimento internacional nos últimos anos, a julgar, apenas, pelos cargos de topo para os quais alguns dos nossos compatriotas têm sido escolhidos desde o 25 de abril de 1974.
Focando-me exclusivamente na área política, destaco os casos de Freitas do Amaral (presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas entre 1995 e 1996); Durão Barroso (presidente da Comissão Europeia entre 2004 e 2014); António Guterres (Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados entre 2005 e 2015, e Secretário-Geral da ONU desde 2016) e, mais recentemente, António Costa (presidente do Conselho Europeu desde dezembro de 2024).
Este contexto leva-nos a recordar um político português que se destacou no início do século XX, teve um grande impacto na política externa e contribuiu para a afirmação de Portugal a nível internacional. Faleceu a 28 de janeiro de 1914, completando agora exatamente 111 anos. Refiro-me ao Ministro bracarense António Eduardo Vilaça.

António Eduardo Vilaça foi um dos mais importantes políticos dos últimos dez anos da Monarquia em Portugal. Ocupou os cargos de Ministro da Marinha e de Ministro dos Negócios Estrangeiros, destacando-se nesta última função pelo desenvolvimento de uma intensa projeção de Portugal no cenário internacional, como veremos mais adiante.
No dia 14 de dezembro de 1852, na Rua da Boavista, freguesia da Sé (Braga), nasceu António Eduardo Augusto de Sousa Azevedo Vilaça. Era filho de Maria Angelina e Bento José Ferreira Vilaça. Casou-se na Igreja Paroquial de São Jorge de Arroios, em Lisboa, a 16 de setembro de 1885, com Amélia Henriqueta de Castro Ramires Vilaça.
A 17 de outubro de 1873, Eduardo Vilaça alistou-se no Corpo de Engenheiros, profissão na qual alcançaria grande destaque.

Ingressou na política por influência do seu amigo, o Ministro das Obras Públicas Emídio Júlio Navarro. Este, enquanto Ministro, convocou uma reunião de engenheiros para analisar o seu plano de reforma da Engenharia Civil, durante a qual António Eduardo Vilaça impressionou Emídio Júlio Navarro pela qualidade dos seus argumentos.
António Eduardo Vilaça matriculou-se em Matemática, na Universidade de Coimbra, e de seguida foi para a Escola do Exército, onde seguiu a carreira de Engenharia. Foi sucessivamente promovido a Alferes (1880), Tenente (1882), Capitão (1887), Major (1902) e Tenente-Coronel (1904).
Foi eleito Deputado pelos círculos uninominais de Oliveira do Hospital (1886), do Mogadouro (1890) de Chaves (1892 e 1894), de Santiago do Cacém (1897), de Évora (1899) e de Vila Real (1901 e 1904). Foi ainda Par do Reino, em 1905, distinguindo-se na forma como comunicava e apresentava os dossiers, nomeadamente os relacionados com as obras no porto de Lisboa.

Num período difícil da política nacional, como foram os últimos anos da Monarquia em Portugal, este bracarense não hesitou em assumir pastas ministeriais, respondendo ao repto do então presidente do Governo, o conselheiro José Luciano de Castro, que afirmou: “O José Luciano reuniu-se ontem à noite, a mim, ao Beirão, ao Dias Costa, ao Moreirinha e disse-nos: - Se os senhores estão no partido apenas para serem pares do Reino e para que os encha de favores, isto acabou, hoje mesmo se liquida o Partido Progressista. Não podem recusar as pastas que eu lhes indicar” (Raúl Brandão, Memórias, 1919).
Eduardo Vilaça desempenhou os cargos de Ministro da Marinha e do Ultramar (de 18 de agosto de 1898 a 25 de junho de 1900); Ministro da Fazenda, em regime interino (de 18 de agosto de 1898 a 4 de setembro de 1898); e Ministro dos Negócios Estrangeiros (de 20 de outubro de 1904 a 20 de março de 1906, e novamente de 22 de dezembro de 1909 a 26 de junho de 1910).
Foi na pasta do Ministério dos Negócios Estrangeiros que o bracarense António Eduardo Vilaça mais se destacou, desenvolvendo um trabalho notável no fortalecimento das relações externas de Portugal com os principais países europeus. Pode-se inclusive considerar que, durante esse período, o nosso país recebeu algumas das mais importantes visitas de figuras internacionais.

Como prova desta afirmação, destacam-se as seguintes viagens realizadas ao nosso país durante o seu ministério: a visita do Rei Eduardo VII de Inglaterra (abril de 1903); do Rei Afonso XIII de Espanha (dezembro de 1903); do Príncipe Cristiano da Dinamarca (março de 1905); da Rainha Alexandra de Inglaterra (março de 1905); do Imperador Guilherme II da Alemanha (março de 1905); e do Presidente da França, Émile Loubet (outubro de 1905).
António Eduardo Vilaça acompanhou também as visitas que o Rei D. Carlos de Portugal realizou a Espanha, França e Inglaterra. Durante esta última visita, a 16 de novembro de 1904, o nosso país assinou com a Inglaterra um tratado de arbitragem, conhecido como o “Segundo Tratado de Windsor”. Importa recordar que o “Tratado de Windsor” original foi assinado a 9 de maio de 1386 entre representantes de Portugal e Inglaterra.

O mérito de António Eduardo Vilaça foi reconhecido também pelas diversas condecorações que recebeu: Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa; Comendador da Ordem de Aviz; Grã-Cruz e Comenda da Ordem de Santiago da Espada; Grã-Cruz da Legião de Honra de França; Grã-Cruz da Real Ordem Vitoriana de Inglaterra; Grã-Cruz da Águia Vermelha da Prússia; Grã-Cruz da Legião de Honra da Grécia; e Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica de Espanha. Recebeu ainda a medalha de prata de Comportamento Exemplar e a medalha de Mérito Naval de Espanha.
Todas as condecorações que António Eduardo Vilaça recebeu, assim como a sua farda de Par do Reino e ainda um quadro a óleo do pintor Henrique Medina, encontram-se atualmente patentes no Museu da Marinha, em Lisboa.
Vítima de cancro do cólon, faleceu no dia 28 de janeiro de 1914, na sua casa, situada no n.º 3, na Avenida Fontes Pereira de Melo, freguesia de S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa. Está sepultado em jazigo de família, no Cemitério da Ajuda.
Anos antes do seu falecimento, a Câmara Municipal de Braga decidiu renomear a rua onde este bracarense nasceu, na freguesia da Sé, passando de Rua da Boavista para “Rua Eduardo Vilaça”.

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