A responsabilidade de todos
Escreve quem sabe
2015-11-10 às 06h00
Caro Leitor,
Quem anda por Braga de cabeça erguida e com uma mente aberta para a imaginação e criatividade cruza-se com inúmeros edifícios aos quais daria um outro destino, uma outra função. Referimo-nos não só a edifícios devolutos mas também aos edifícios que estão em “funcionamento” e que ninguém compreende ao certo o que são ou fazem. Falamos especificamente no antigo edifício Francisco Sanches e no famoso edifício GNRation. Aparentemente são locais com pouco em comum, no entanto, apesar de distintos, ambos têm o seu destino por decifrar.
O antigo Quartel da GNR surgiu para ser um local de criação artística e para dar espaço ao desenvolvimento de atividades criativas. Contudo, quem observa de perto a vida deste edifício compreende, desde logo, a elevada variedade de utilidades que lhe é atribuída. Desde a agenda cultural que é divulgada ao público, que diverge entre concertos e exposições, existe ainda a Loja Europa Jovem, e os diversos apoios que o local dá, por exemplo ao Conselho Municipal da Juventude, que realiza lá todas as suas reuniões, albergando, ainda, os gabinetes dos vereadores da oposição, o gabinete do provedor do munícipe e o centro de recrutamento do exército.
Acreditamos que dar um melhor aproveitamento ao edifício é realmente bom, mas que se deve seguir uma linha objectiva com as finalidades do imóvel, em vez de este servir para o que for preciso. Muitas são as pessoas que se devem questionar sobre a real utilidade do GNRation, o que realmente o define. No coração da cidade este é um dos melhores exemplos de restauro de um edifício. No entanto, após as suas portas abrirem perdeu a sua definição original, deixando de ser a prometida casa da juventude, para ser tudo e mais o que lá couber.
Diferente do GNRation é o antigo edifício da Escola Francisco Sanches. Ainda por restaurar o destino deste local já foi alvo de inúmeras discussões. Sabemos do interesse da Junta de Freguesia de S. Victor mudar para lá as suas instalações, mas nada mais se sabe acerca da recuperação e do futuro deste edifício. Para que não se repita o “erro” de criar um segundo GNRation na cidade, parece-nos prudente e necessário que se definam as linhas gerais que irão guiar este edifício. Só assim todos ficaremos esclarecidos sobre o funcionamento dos locais. Antes de se fazerem obras, é preciso definir o programa de conteúdos do edifício, sob pena de voltar tudo a caber dentro de um espaço onde se sobrepõem as iniciativas.
O destino de qualquer um destes dois imóveis pode ser variado, mas parece-nos fundamental que sejam traçadas linhas de organização, de modo a evitar que sejam investidos fundos e que depois os espaços fiquem vagos sem qualquer utilidade, servindo assim para diversos fins.
São inúmeros os desígnios que qualquer um destes locais poderia ter. Tal como já sugerimos anteriormente, falta à cidade um centro associativo, um local para todas as associações trabalharem, principalmente aquelas que se encontram em funcionamento e sem uma sede própria, sem um local para reunirem, para trabalharem, sem local para nascerem novas parcerias e novos projetos.
Muitas associações reúnem em diversos locais e contam com a ajuda de vários parceiros para planearem e desenvolverem atividades, sem terem um local definido para o fazer. Seria interessante que, ao abrigo de uma vontade comum, surgisse o Centro Associativo ou a Casa das Associações, onde as associações pudessem partilhar recursos e ideias, contribuindo para a animação sócio-cultural da cidade.
Contudo é importante salvaguardamos que, apesar de tudo, é de louvar o restauro do GNRation e a preocupação com o Edifício da Escola Francisco Sanches, pois estes edificados centenários merecem ser requalificados, tornando-se “cartões de visita” da cidade. Neste lote de edifícios a requalificar, importa lembrar a Fábrica Confiança e a Escola D. Luis de Castro. O que sugeria o leitor para estes imóveis?
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