A tempestade Kirk que passou na noite do dia 9 de Outubro deixou a cidade de Braga como não há memória. Dezenas de árvores caídas, falhas de electricidade, sinais de trânsito, quiosque, cobertura de edifícios, escolas fechadas e vários outros danos que ocorreram em Braga com rajadas de vento superiores a 100km/h que deixaram um vasto rasto de destruição.
Os “novos” especialistas arbóreos da cidade não tardaram em aparecer e comentar por detrás das redes sociais, opinar, criticar e argumentar através das suas sabedorias sobre o estado das árvores, sobre a poda ou falta dela e como deveria ser feita…
As várias afirmações não passam de palpites e falta de respeito pelos técnicos e engenheiros arbóreos devidamente preparados e credenciados para o efeito (imaginem se cada um de nós argumentasse sobre a forma de dar aulas dos professores, sobre os pareceres médicos…).
Não podemos esquecer que a cidade de Braga (como outras) paga a “factura” de erros do passado, plantações de espécies de árvores inadequadas no espaço público da cidade que agora revela várias falhas graves: o natural perigo de queda, passeios danificados devido às raízes de árvores, copas demasiado altas entre vários erros do passado que hoje se reflectem no nosso concelho.
No ano de 2021, entrou em vigor uma lei (lei 59/2021) sobre o regime jurídico de gestão do arvoredo urbano que certamente muitos desconhecem e deve ser lida pelos “novos” especialistas arbóreos.
As podas radicais e abate de árvores sem relatórios que justifique o seu perigo são proibidos.
O abate apenas é permitido quando ocorrer perigo potencial e comprovado por análise biomecânica e ou de fitossanidade elaborada por um técnico com formação prevista na presente lei em que o arvoredo existente possa provocar danos na sua envolvente, designadamente em pessoas, vegetação, estruturas construídas e outros bens.
Existe na página oficial do Município um relatório sobre o espaço arbóreo do concelho, onde se encontram várias árvores em perigo e sinalizadas para abate. Relatório esse acessível a qualquer cidadão que, caso entenda tem a justificação do abate de cada uma das árvores no concelho. Torna-se fácil estar informado…!
Os “novos “ especialistas encontram-se sempre apostos para criticar o que é e não é feito, ou seja, se as árvores são abatidas critica-se, se caem mediante temporal critica-se também!
Na noite de 9 de Outubro, várias e diferentes árvores caíram de grande e pequeno porte, com e sem podas feitas! A força da natureza é sem dúvida, quem mais ordena!
Senão vejamos… Quantas árvores caíram na avenida da Liberdade..?
Várias! São podadas todos os anos!
A tempestade Kirk decorreu de forma anormal, fortes rajadas de vento em Braga. Os fenómenos naturais têm vindo a crescer no nosso país sem ainda estarmos preparados para tal.
Recentemente a Flórida teve a passagem do furacão Milton que trouxe grandes prejuízos a uma população que constantemente é assolada com desastres naturais, tornando-se impotentes perante a força da natureza.
Também no passado dia 29 de Outubro, algumas regiões de Espanha, no sul e no leste, foram atingidas por chuvas torrenciais. O que era esperado chover num ano, atingiu Valência, a terceira cidade mais populosa de Espanha, em apenas oito horas. Em consequência desta catástrofe sem precedentes, uma cidade devastada e a morte de pelo menos 221 pessoas.
É por demais evidente que tais fenómenos venham a ocorrer com maior frequência, fruto do aquecimento global, cabendo a cada um de nós colaborar na prevenção das catástrofes naturais com a mudança urgente de comportamentos, caso contrário as repercussões serão cada vez maiores num futuro próximo, tornando-nos impotentes aquando do surgimento de tais fenómenos.
Sejamos agentes de mudança, com mentalidades que promovam o bem da sociedade, a prevenção e a educação ambiental em detrimento de julgarmos na maioria das vezes por detrás das redes sociais toda e qualquer acção.