Correio do Minho

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E o Óscar vai para….

Recordando o 75.º Aniversário do Escutismo nos Açores

Ideias

2011-02-27 às 06h00

Carlos Pires Carlos Pires

Hoje é a noite dos Óscares, o acontecimento mais importante do ano para a indústria cinematográfica, um prémio instituído em 1929, na América de Hollywood, curiosamente o mesmo ano do grande crash bolsista em Wall Street.
2010 foi um ano recheado de fantásticos filmes e interpretações. Os nomeados já são conhecidos, a passadeira vermelha já está montada, agora resta saber quem vai levar as cobiçadas estatuetas para casa. É enorme a expectativa de milhões de pessoas em todo o mundo.
O mesmo mundo em que, a par do brilho das estrelas do cinema, outros eventos se sucedem. O mundo dos contrastes. O mundo em que a luta pela liberdade de expressão, que os novos meios informáticos e de comunicação dão a conhecer aos povos outrora mantidos na ignorância, faz cair alguns jurássicos protagonistas da política externa, de Ben Ali e Mubarak a Kadhafi. O mundo em que a procura de igualdade na distribuição da riqueza pode significar um choque petrolífero e a consequente instabilidade das democracias já existentes. Com o Mundo a mudar, a toda a hora, em Portugal tudo parece igual, uma letargia em que parecemos mergulhados, à espera que alguém resolva os nossos problemas.
E se hoje fosse o dia em que, em Portugal, todos votássemos os Óscares da política? “This is not América”, eu sei, mas façamos esse exercício como uma sadia reflexão. Quem leva o quê? Eis algumas previsões e apostas para as seguintes categorias:
- Melhor Filme: “O Discurso do Rei”. A acção do filme inicia com o discurso de Cavaco Silva, após a esmagadora vitória nas eleições presenciais. 'Para serem mais honestos do que eu sou tinham de nascer duas vezes'. Cavaco não é capaz de fugir a um discurso 'vingativo', falando de comportamentos 'indignos' dos adversários, escusando-se, contudo, a dar qualquer explicação quanto à eventual contribuição de Oliveira e Costa nos ganhos obtidos pelo Presidente com a compra e venda das acções da Sociedade Lusa de Negócios, a 'holding' que detinha o BPN, ou mesmo na troca da vivenda algarvia. O filme promete dar pistas de resposta à sacramental pergunta: Cavaco, no cumprimento do segundo mandato presidencial, privilegiará a estabilidade que tanto gosta de apregoar ou dará um golpe de morte no Governo socialista?
- Melhor Actriz Principal: a Abstenção! É notório o seu cada vez maior protagonismo nos eventos eleitorais. Já referiu que não discursará ou verterá uma lágrima aquando da entrega do Óscar…
- Melhor Actor Principal: José Sócrates, em “O Indomável”. Avesso a todos os escândalos e críticas, o nosso Primeiro Ministro mostra-se exímio na retórica do optimismo, no contra-ataque a todas as críticas da oposição parlamentar e na arte de vangloriar-se pela grande vitória decorrente de terem aparecido compradores para o último leilão da nossa dívida. Mal fora que não tivesse. Com juros a alcançar máximos históricos e com o aval informal do FMI e da UE nunca faltarão interessados na compra.
- Melhor Actor Secundário em Comédia: Valter Lemos, Secretário de Estado do Emprego, em “The Fighter - Último Round”. “O pior do desemprego já passou', é a grande frase do filme e é proferida pelo galardoado. Parecerá um alívio a todos os que temem ficar sem trabalho? Soará estranha a todos os que vivem sem emprego? Apesar do optimismo (irrealista) do secretário de Estado, o desemprego volta a bater recordes. São agora 619 mil portugueses oficialmente desempregados, o que nos permite concluir que, tendo em conta as respectivas famílias, sejam quase dois milhões de portugueses directamente afectados por esta tragédia. Anedótica e de rir a performance premiada.
- Melhor Caracterização: Miguel Relvas, do PSD, em “A Rede Social”. O filme retrata o sector empresarial do Estado, onde pululam “boys” da máquina partidária, que auferem chorudos salários. Eis que Miguel Relvas - de mão dada com o PS, porque os amigos, em rede, são para as ocasiões -, chumbou os propósitos do CDS, PCP e BE em limitar o salário dos gestores públicos ao salário do presidente da República! Afinal, há “interesses” que são de todos e todos devem defendê-los.
- Melhor Realização: o Ministério da Justiça, no filme “127 horas”. O filme relata o tempo que se adivinha que acrescerá às actuais pendências e demoras judiciais, atendendo à recente decisão do Centro de Estudos Judiciários, que, pela primeira vez, em 30 anos, não recrutará candidatos a magistrados. Espera-se pois que os profissionais já existentes acumulem mais trabalho e, por isso, a “justiça” será certamente mais lenta.
- Melhor Banda Sonora: Deolinda, no filme “Os Miúdos estão bem”. Na canção “Parva que sou”, a letra fala de uma geração que vive com a instabilidade laboral, que continua a viver em casa dos pais por falta de condições financeiras, e adia planos de casamento e filhos. E que apesar disso nada faz para alterar esta condição.
Os Óscares foram atribuídos, para alegria de alguns e tristeza de muitos. O grande derrotado, o filme “Portugal”, continua a tentar ser visto, num cinema perto de si.

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