Correio do Minho

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Dia Internacional das pessoas idosas

As emoções no outono

Ideias

2022-10-08 às 06h00

Humberto Domingues Humberto Domingues

No passado dia 1 de Outubro, comemorou-se o “Dia Internacional das Pessoas Idosas”.
Esta comemoração é uma das mais importantes, enquanto Sociedade, enquanto lembrarmos e respeitarmos os nossos progenitores e enquanto soubermos que são autênticas bibliotecas vivas de toda uma sabedoria popular, científica e de experiência de vida, enquanto pilar e constructo societal de um País.
Contudo, nesta Sociedade egoísta, “moderna e evoluída”, se é importante a lembrança e a comemoração deste dia, deveria sê-lo, também, lembrado ao longo de todo o ano.
Como Cidadão atento e Enfermeiro, parece-me que o Idoso, hoje, não recebe o respeito, condições e “investimento” para o seu bem-estar, que merece. Vejamos:
• Muitos destes Idosos, ao fim de uma vida de árduo trabalho, recebem duzentos e poucos e trezentos e poucos euros mensais de reforma, enquanto gente, em idade activa, acomoda-se ao “rendimento social de inserção” e recebe muitas dezenas de euros, sem trabalhar e sem dar retorno à Sociedade, que desconta muitos impostos, para lhes pagar;
• Muitos destes Idosos, vivem muitas vezes “esquecidos” em lares, às vezes sem condições, sem equipa de saúde (viu-se na pandemia covid), nem respeito pela dignidade humana. Veja-se o caso da Idosa coberta por formigas, que foi notícia nacional, estes dias. Ou então quando, em momentos de surtos de gripes ou outros, ficam durante horas e dias em macas nas urgências dos Hospitais. Para não falar em Idosos “amontoados” em beliches de lares ilegais.
• Quantos destes Idosos, quando doentes e internados em hospitais, são deixados “esquecidos” no internamento, já com alta clínica, em épocas de Natal e principalmente em passagens de ano;
• Quantos destes Idosos, em função das suas comorbilidades, esperam meses e anos para consultas e cirurgias de especialidades, e na falta de resposta, têm de recorrer ao privado, onde gastam algumas vezes, as economias amealhadas, de uma vida;
• Quantos destes Idosos, apesar das suas parcas reformas, tiveram que receber outra vez, em suas casas, filhos noras e netos, porque a crise, o desemprego e o custo de vida, impossibilitou a independên- cia financeira destes descendentes. E agora comparticipam nas despesas domésticas dos filhos e educação dos netos. Há uma inversão do que deveria ser socialmente, aceitável!
• Quantos destes Idosos, não recebem um gesto de educação, respeito civilizacional dos mais novos, cedendo-lhes os lugares sentados nos transportes públicos;
• Quantos destes Idosos, deixam nas farmácias, grande parte ou até a totalidade das suas parcas reformas, em contas avultadas, onde não sobra dinheiro para a alimentação/refeições dignas, mas sobra muito mês pela frente;
Poderíamos desfiar aqui um rosário de situações, sem fim, sobre o que sofrem e do que são privados os Idosos, neste nosso Portugal. Mas além-fronteiras também, martirizados pela guerra e deslocalização.
Comemorar o “Dia Internacional das Pessoas Idosas” é também dar-lhe afecto e carinho ao longo de todo o ano. É possibilitar acessibilidade aos cuidados de saúde, sejam eles hospitalares/diferenciados, sejam eles nos Cuidados Primários, domicílios e essencialmente nos lares/ERPI’s, etc.
Comemorar o “Dia Internacional das Pessoas Idosas” é isentar os Idosos de taxas, comissões bancárias onde são depositadas as reformas. É facilitar e isentar os custos avassaladores de canais de televisão, onde já não podem ver nem o futebol, nem a fórmula 1, ou outros desportos, de forma gratuita. É isentar de forma transversal e totalmente a contribuição audiovisual (taxa de radiodifusão), etc.
Comemorar o “Dia Internacional das Pessoas Idosas” é criar efectivamente políticas de protecção aos Idosos e às Famílias, e não discursos de ocasião de quem tem poder efectivo para mudar este estado de coisas, efémeros e vazios, de quem anuncia míseros descontos e isenções.
Comemorar o “Dia Internacional das Pessoas Idosas” é criar condições políticas para dar melhor qualidade de vida aos anos e esperança de vida que fomos ganhando.
Comemorar o “Dia Internacional das Pessoas Idosas” é prevenir que neste Inverno que está a chegar, não falte gás (a preços acessíveis) para aquecerem as suas casas, para cozinharem as suas refeições, para tomarem banho com o conforto da água quente.
Comemorar o “Dia Internacional das Pessoas Idosas” é possibilitar-lhes um envelhecimento com qualidade de vida, com actividades ao ar livre, ao convívio e à socialização, a momentos de leitura, de obis e actividade física adequada e adaptada às suas condições fisiológicas. E perante tudo isto, a alimentação adequada, variada e com ingesta de alimentos e produtos alinhados com a idade e necessidades nutricionais específicas em doses diárias.
Comemorar o “Dia Internacional das Pessoas Idosas” é respeitar o “património” que nos deixam, nas suas diferentes formas, e reconhecer quem “tanto fez” na conquista da democracia, da liberdade, na afirmação de um Povo e de um País, e não deixar que o “tanto faz” se apodere do respeito e dignidade humana que os Idosos merecem!

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