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Deixe-se habitar com histórias escritas por si

Maravilhas Humanas

Deixe-se habitar com histórias escritas por si

Voz às Bibliotecas

2025-02-20 às 06h00

Aida Alves Aida Alves

Diariamente despertamos para as narrativas, escritas ou faladas, sem nos darmos conta disso. É-nos natural. Neste breve texto hoje abordamos a importância da escrita, da criação de narrativas, não só em contexto de comunicação, como também no da criação de microtextos (histórias) que nos ajudam a construir a nossa “habitação social”.
Quando recontamos o que lemos num livro ou notícia, quando sumariamos à nossa família o nosso dia ao chegar a casa, contamos micro-histórias. Mas, e se as escrevêssemos?
Podemos sempre melhorar a nossa capacidade de comunicar, de forma falada ou escrita. Para começar, e nos sentirmos mais seguros na comunicação, é sensato desenvolvermos a nossa competência leitora e observadora, lendo mais literatura de ficção e ou de não ficção, e observando e escutando mais os outros. Pela leitura, obtemos mais conhecimentos e mais vocabulário, ficando com o pensamento mais estruturado e frondoso. Observando e escutando os outros, percebemos melhor qual é o nosso espaço e qual o nosso papel no território onde vivemos. Podemos, de forma orientada, fazer pequenos exercícios internos diários de construção mental de textos. Logo a seguir, eventualmente escrevê-los. Escrever, ajuda-nos a bater à nossa própria porta, questionar o nosso patamar de conhecimentos e a obter respostas. É importante pensar e comunicar as palavras com conhecimento de causa, conhecer as fontes de informação fidedignas, afastando eventuais preconceitos e ideias não refletidas. É importante ajustar o nosso pensamento e o nosso discurso a um destinatário. Frequentemente construímos os nossos discursos antes de os partilharmos com demais, para um exercício de disciplina interno. Fazemo-lo muitas vezes na escrita. Ao partilharmos com terceiros, devemos explanar com clareza os argumentos e evidências, evitando cair em afirmações e suposições não comprovadas, evitando proferir blocos de informação não percebidos ou sem conhecimento do contexto onde a informação surgiu. É aconselhável aprofundar as informações e questionar sempre as fontes. Usar o pensamento crítico. O pensamento crítico é algo positivo e crucial para tornar os indivíduos e grupos mais fortes diante da sociedade da informação em constante mudança. Pergunte-se o que é mais significativo e o mais supérfluo. O que é essencial e o que é mais acessório. Abra espaço à interação com demais pensadores para integrar nova informação e crescer em conhecimento. Neste processo de disciplina de criação estamos a habitar em equilíbrio o nosso interior. Martin Heidegger, na obra “Construir, Habitar, Pensar” (1954), refere que “A essência de construir é deixar-habitar. A plenitude de essência é o edificar lugares mediante a articulação de seus espaços. Somente em sendo capazes de habitar é que podemos construir.” Um exercício naturalmente enriquecedor é gostar mais de si, ter mais confiança em si e enobrecer-se pela ação da construção do “deixar-habitar” o seu espaço interior, tornando o seu terreno mais fértil, povoado por novas palavras, por novas informações, novas histórias, que podem ir sendo arquivadas em pequenas aldeias, vilas e cidades, com mapeamentos, direções, sentidos distintos. Mas sempre consciente da meta a atingir: o crescimento como leitor e escritor do mundo. As ideias são a energia sustentável, em rebuliço, que para maior ativação retiramos para fora dos nossos habituais compartimentos. Deixemo-las pairar em liberdade, sem censura. Ajudemo-las a crescer em sentido e em diversidade. Ao pegarmos num papel branco e num lápis podemos começar a construir a nossa casa (aldeia, vila ou cidade), a pensar como habitar a nossa própria história e articular com as histórias dos outros, organizando os elementos que a compõem, ordenando as ações numa sequência lógica (princípio, meio e fim finito ou infinito). Ampliar e tornar a história mais rica, com personagens, um quando (tempo), um quê (as ações).
Para descontrair e crescer, ao fim de um dia de trabalho, ou aos fins de semana, por que não crescermos mais na escrita e habitarmos mais o nosso interior, interagindo com os demais? Sozinho, em família, ou em grupo de amigos. Na escrita (e na fala) seja sempre honesto consigo e com os demais e dê o seu melhor contributo para ajudar a “construir, habitar, pensar” a nossa sociedade.

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