‘Spoofing’ e a Vulnerabilidade das Comunicações
Escreve quem sabe
2020-11-18 às 06h00
Em nome do progresso, os novos modelos educativos persistem numa drástica erradicação das matérias relacionadas com as humanidades. Na educação para o rendimento, apenas conta o conhecimento aplicado e rentável, as faculdades do pensamento e da imaginação são menosprezadas e consideradas obsoletas. Contudo, a formação da pessoa exige uma educação abrangente, que promova o desenvolvimento integral, possibilitando que o aluno seja curioso, ativo e crítico e, por outro lado, que cultive os valores humanos, a compreensão empática, a reflexão e a imaginação.
O processo educativo deve reforçar a capacidade de reflexão do indivíduo, de maneira a enfrentar a complexidade crescente do mundo e a desenvolver uma perspetiva fundamentada sobre aquilo que o rodeia, sobre si mesmo e sobre os outros. Neste sentido, o cultivo das Humanidades é determinante e o ensino da filosofia ganha novo significado e uma importância acrescida. Cabe à filosofia promover a interpretação e a compreensão, desenvolver o espírito crítico e a capacidade de argumentar, bem como mostrar a importância dos valores e dos símbolos.
Através da atividade filosófica devemos ser capazes de evitar que a educação se transforme numa questão tribal, onde cada comunidade ou cada grupo reivindica os seus próprios valores, crenças e costumes. Temos de refletir sobre uma cultura comum e de trabalhar as ideias, os valores e os símbolos com a preocupação de encontrar uma base moral e imaginal para a educação. O modelo educativo que apenas contempla os conteúdos é reducionista, esquece a filosofia dos fins, ou seja, a preocupação com a eficácia acaba por sacrificar a orientação humanista, cuja preocupação deve ser o desenvolvimento de seres humanos autorrealizados. Assim, as nossas escolas necessitam de voltar a ensinar valores como a verdade, a beleza, a justiça ou o respeito, entre outros, de modo a combater a dessacralização da vida, a apatia e o cinismo que corroem a vida contemporânea, conduzindo ao vazio da nossa cultura e à consequente desorientação da sociedade e da educação.
A nossa humanidade é uma questão fundamental num mundo que se tornou mais frio e inóspito, e que se transforma a uma velocidade vertiginosa, indiferente ao próprio homem. Daí que a nossa indagação pergunte pela possibilidade da filosofia, pelo seu lugar na educação e na escola. Trata-se de caminhar na direção oposta à educação enquanto rendimento e competição, possibilitando a reflexão sobre a vida e sobre o homem. A tarefa da filosofia no ensino é mostrar que o mundo não é evidente e necessita de ser interpretado, enquanto, por sua vez, o ser humano precisa de ser compreendido. A filosofia permite a incorporação do pensamento crítico e do questionamento, mas é uma atividade que estimula os alunos a analisar os seus próprios pensamentos e as suas emoções. O papel da filosofia é impedir a passividade das pessoas, promovendo o compromisso crítico e racional, bem como a formação de cidadãos empenhados em resistir à manipulação e ao poder arbitrário.
A filosofia é indispensável para o entendimento do respeito e para a consciencialização da nossa responsabilidade perante o outro. A crise silenciosa, que ameaça as Humanidades, deve ser combatida de maneira a não reduzirmos o ensino à produção de “máquinas utilitárias”. Temos, pois, de caminhar no sentido de promover as qualidades necessárias ao florescimento do humano e da democracia.
A educação deve privilegiar a formação de cidadãos capazes de pensarem por si mesmos, de examinarem criticamente o mundo que os rodeia e de compreenderem o sofrimento alheio.
06 Outubro 2024
04 Outubro 2024
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