Correio do Minho

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Covid, política e a realidade

‘Spoofing’ e a Vulnerabilidade das Comunicações

Voz à Saúde

2021-01-16 às 06h00

Humberto Domingues Humberto Domingues

Estamos a viver momentos estranhos nestes últimos meses/ano das nossas vidas. O ano 2020 foi atípico por inúmeras razões, mas a mais mediática e preocupante, foi sem dúvida a “Pandemia Covid-19”, causada por um vírus – SARS-CoV-2, que dilacerou Famílias, a Economia e as Sociedades. Esta “Pandemia” surgiu de supetão e apanhou muitos países de surpresa, principalmente os mais ocidentais da Europa. Uns valorizaram mais, outros menos. As decisões políticas e medidas sanitárias tomadas, foram também inúmeras e diferentes. Face a esta “novidade” os Serviços de Saúde e os seus Profissionais viram-se confrontados com uma pressão tremenda, perante um “agressor” muito rude, em que fez inúmeras vítimas também entre este “exército” e “Soldados da 1ª. linha”.
Primeiro, perante a confiança de que não chegaria a Portugal, a 1ª. vaga instalou-se com algum atraso em relação a outros países da Europa. Esta infecção /doença não escolheu classes sociais, nem religiões, nem nacionalidades, mas nas diferentes faixas etárias infectadas, os idosos foram os mais atingidos e vulneráveis. Foi/é devastador! Foi/é doloroso!
Chegados aqui, a esperança era/é grande. Os avanços são enormes e os investimentos avultadíssimos. E eis que chegam já várias vacinas, que com grande mediatismo e aproveitamento político, começaram a ser vendidas, distribuídas e administradas. Com as polémicas instaladas de quem seria vacinado primeiro, os Enfermeiros, o SNS e os Cuidados de Saúde cá estão, na primeira linha, para dar resposta a mais este desafio de vacinação em massa da População.
Poderemos dizer que esta Covid-19 assenta pelo menos em 4 vectores fortes:
• Questões políticas: ao nível das decisões e do planeamento (muitas vezes na gestão de navegação à vista e do dia-a-dia);
• Questões de Saúde, na generalidade e de Saúde Pública, na especificidade;
•Questões económicas, financeiras e sociais;
• Comunicação: Houve, claramente em Portugal, um problema de comunicação, não se falou verdade, vários atropelos, comunicação muito ruidosa, com muita informação contraditória, e alguma desconexão, exagerada em números e confusa nos conceitos e atitudes. Um erro enorme, ao terem misturado a comunicação técnica, com a comunicação política, o que provocou dessensibilização para a “Pandemia”, Infecção e riscos, provocando um alheamento das medidas que se quiseram implementar.
A pressão nos Serviços de Urgência (SU) e Unidades de Cuidados Intensivos (UCIs) foi/é enorme. Esta avalanche de doentes veio encontrar um SNS débil, Equipas desfalcadas, cansadas e desmotivadas, agudizando-se com a falta de recursos de retaguarda. A necessidade de desmantelar serviços e transformar em prolongamentos das UCI’s e Serviços Covid, foi/é uma realidade. O esforço foi/é tremendo. Mas os Profissionais de Saúde, esgotados, lá foram resistindo e conseguindo dar resposta às necessidades e solicitações.
O SNS apesar de fragilizado e desfalcado, e sob imensa pressão, lá se tem aguentado, muito à custa da dedicação e altruísmo dos seus Profissionais. Porque a nível dos Ministério da saúde, continua a reinar a confusão. E se não houvesse SNS? A resposta é fácil: haveria outro sistema. Mas Portugal seria capaz de responder da maneira que tem respondido? Acredito que a resposta tinha sido ainda mais limitada e mais deficitária.
Os tempos não estão fáceis. Acreditemos no efeito benéfico da vacina a longo prazo. Acreditamos na ciência, na evidência científica e na capacidade de trabalho e decisão dos Profissionais de Saúde. Aos Cidadãos pede-se que continuem a usar a máscara, lavagem adequada e frequente das mãos (como deveria ser sempre), do distanciamento social e de toda a etiqueta respiratória. Ao Governo e ao Poder Político exige-se prudência nas palavras sem grande ruído nem mediatismos ocos, mas decisões firmes e previdentes nas atitudes. Infelizmente, não tem sido assim! E ainda por cima, quem decide é quem não anda e desconhece o terreno, apesar dos avisos e alertas das Ordens dos Enfermeiros e dos Médicos.
“As economias” (individual, familiar, social, empresas e do país) sofrem gravemente o impacto da “Pandemia”. Há uma degradação da economia em todas as suas latitudes. A Sociedade Portuguesa vai ter que se unir e dar prioridade nas suas compras aos produtos nacionais. O tecido económico e empresarial precisa desta criteriosa escolha e consumo.
Os dias que se seguirão, não vão ser fáceis para Portugal!

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