IFLA Trend Report 2024
Ideias
2024-09-11 às 06h00
Pavel Durov foi detido em França. Pelo que percebi, é de crer que não o tivesse sido, na circunstância de haver aterrado em Berlim ou Viena. Resumindo, não havia ordem europeia de captura. Fizeram os franceses o que quiseram, e muito bem, porque na Rússia também não é estranho que alguém – mesmo estrangeiro – vá dentro, e depois se verá para que trocas ou ajustes.
Pavel Durov foi detido porque não abre o jogo e não expõe quem se serve da sua rede social para fins criminosos. Por similitude, penso que seja de incomodar qualquer ministro dos transportes e infraestruturas, por camião ou barco que use estrada ou algo do género para tráfico, contrabando ou comércio ilícito.
Por muito que queira estar com os nossos – com os bons! Custa-me a engolir que o russo seja o mau da fita, para o quê a interferência do kremlin nas eleições ocidentais, no brexit. Custa-me a crer que a capacidade de manipulação dos inimigos jurados do Ocidente e da Democracia Liberal exceda a capacidade de deturpação dos gigantes da tecnologia, que, como sabemos, têm santuário para os lados da Califórnia.
Em rigor, que vale o Telegram em comparação com o Tweet-X, com o Facebook e acoplados? Em comissão de investigação, não reconheceu Zucker- berg a supressão sistemática de postagens que caíssem em cima do pânico securitário em torno do covid? Não reconheceu a Tweet-X uma reversão de postagens, aparentemente orquestrada pelo FBI, de modo que uma denúncia dos negócios escuros e escusos da família Biden se tornou uma calúnia russa, para comprometer a eleição do democrata?
Ninguém cai de queixos por saber que na política vale tudo. Na política, nos negócios, e dizem que até no amor. Eu é de ouvido que falo, que na política não estou, mais negócios não tenho, e no amor qualquer um se engana. Mas, descontando o toque humor, nós sabemos que assim seja, que assim possa ser, e que só a ferros se arrancam confissão de escroqueria.
Leva anos a cortina de fumo. Leva anos e já farta. Leva anos, já farta, e é de todo absurdo insistir na ideia de que o nosso inimigo queira o nosso mal. Que haveria ele de querer, afinal? Se a trégua, se a paz, se a concórdia são inviáveis, resta pois o que todos sabemos, que é ir à luta. O que de facto vimos fazendo, ainda dos idos de outra cortina, a de ferro. Inimigo que fragilizamos, inimigo que derrotamos, mas inimigo que não subjugamos. Inimigo que nos ensombra portanto, porque em falso sejam muitos dos passos que damos, nesta gloriosa solidificação do angélico mundo ocidental.
Porque cresce a Europa menos do que os EUA? Porque se degradam os serviços, tal que uma grávida ande de maço para cabaço num calvário de 400 Km, tal que um homem morra de pulseira verde no hospital de Viana, e alguém, entrevistado, diga que se cumpriram os procedimentos?
Porque é que empobrecemos, face à inflação, face aos custos do alojamento, face aos preços disparatados dos combustíveis e energia? Porque é que a acção política se vem tornando repulsiva e agreste, tanto que em França hajam sido requeridos mais do que cinquenta dias para encontrar um primeiro-ministro? Que diz Michel Barnier às primeiras palavras? Que é preciso falar verdade! Porquê? Porque essa não tenha sido a prática? Por burrice de quem esteve? Por falta de escrúpulo de quem esteve?
Vimos andando ao torto. Produzimos legislação bacoca, criamos metas destituídas de nexo, como a da passagem para o automóvel eléctrico, esquecendo que, por bem, as coisas se fazem com gradualidade, pautadamente, com avaliação recorrente de custos e benefícios. O contrário é dar tiros nos pés e agitar o papão.
11 Outubro 2024
11 Outubro 2024
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