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Convertidos ao Hotel?

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Convertidos ao Hotel?

Ideias

2024-06-25 às 06h00

Margarida Pereira Margarida Pereira

No passado dia 21 de junho, a Avenida Central ganhou mais movimento, pois inaugurou o Hotel Innside by Melia. Se para muitos esta unidade hoteleira vem ajudar a dar resposta ao crescimento turístico da cidade, para outros, este hotel, tem muitos pontos questionáveis.
Na opinião da JovemCoop, é de valorizar a reabilitação de um conjunto de casa devolutas no centro histórico da cidade e, também, nunca nos iriamos opor na construção de mais uma unidade hoteleira, sendo certo que o turismo é uma aposta ganha e cresce a cada ano que passa na nossa cidade. Contudo, não nos parece que o crescimento turístico da cidade justifique qualquer tipo de ações em prol de um grupo hoteleiro.

Antes do projeto do Hotel Innside ser aprovado, a CMB reuniu o CERPUB (Conselho Estratégico para a Regeneração Patrimonial e Urbana de Braga) e ouviu a opinião de todas as entidades que compunham este conselho (curiosamente, após a reunião onde se fez a aprovação deste projeto, o conselho desapareceu). A JovemCoop, como membro do conselho, foi uma das entidades que não aprovou o projeto, pois já na altura nos parecia um projeto pouco ajustado à realidade onde se insere. Desde cedo, percebemos que a construção do hotel iria afetar o Imóvel de Interesse Público, desde logo, com as escavações que ocorreram no terreno e também com algumas infrações face ao projeto, por exemplo, a retirada do arco de uma das casas, o que levou a um embargo parcial da obra. Embargo este pedido pelo próprio município que, meses antes, tinha aprovado a obra.
Neste projeto, era igualmente possível ver que o terreno ao fundo do hotel servia como jardim público e o seu acesso seria feito pela Rua de São Gonçalo, junto à cerca do Recolhimento das Convertidas. Alguns dias após a inauguração, foi fácil aferir que ao jardim público é inexistente e que toda aquela área é privada a hospedes do Hotel. Então, afinal onde está o anunciado jardim público?

Tal como o jardim público não passou de uma miragem… parece que as paragens de autocarro que ficavam na frente do hotel também o passaram a ser. Uma das duas paragens foi recuada na Avenida Central, ficando, até à data, sem qualquer tipo de abrigo. Já a outra paragem foi omitida por completo. Estaremos nós a privilegiar tanto o turismo que nos esquecemos de quem cá vive e não priorizamos a qualidade de vida dos bracarenses?
Houve ainda, por parte do grupo Hoteleiro, uma breve intervenção no Recolhimento das Convertidas, ao pintar uma parte da sua fachada. Estamos a falar da fachada que dá continuidade ao edifício do Hotel Innside, uma vez que a restante fachada virada para a Rua de São Gonçalo não foi pintada. Percebemos que esta foi apenas uma intervenção por parte do Hotel para que não se notasse o Edifício devoluto que tem como vizinho, como se de uma maquilhagem se tratasse. Contudo, percebemos que nenhuma intervenção de fundo foi ainda feita no sentido de preservar o Imóvel. Recordamos, ainda, que aquando da apresentação do projeto do hotel, feito nos jardins do próprio Recolhimento das Convertidas, o Edil bracarense indicou que estavam a ser dados passos no sentido de preservar o Recolhimento e torná-lo num equipamento cultural. Hoje, já temos um hotel em funcionamento e o edifício continua à procura do seu destino e de uma valorização digna do mesmo. Não pondo em questão a ação mais egoísta do que benemérita, tivemos um privado a sobrepor-se ao Estado, numa missão que lhe compete e tarda em concretizar.

Ressalvamos, mais uma vez, que nada temos contra a construção de mais uma unidade hoteleira e que o aproveitamento dos edifícios que estavam devolutos na Avenida Central nos parece ser uma excelente escolha. Contudo não nos parece que certas ações sejam justificadas neste projeto. Além do mais, no dia da apresentação, a organização apresentou uma história criada para a ocasião e disse ser uma fábula. Ora, na verdade, criou um produto à medida e nem tão pouco sabe que fábula é história com animais e com uma conclusão moral.
O Recolhimento de Santa Maria Madalena, mais conhecido por Convertidas, está longe de ver um futuro digno, estando as suas portas cada mais difíceis de abrir. A JovemCoop, que este ano celebra a XX edição da atividade “O Nosso Património” dá a conhecer este local aos jovens participantes há quase 20 anos e, infelizmente, assistimos ao degradar do edifício ano após ano. Mas é, também, desta forma que percebemos que a nossa missão continua a fazer sentido. Pelo menos uma vez por ano, possibilitamos a mais jovens conhecerem esta pérola que está no centro histórico da nossa cidade e mostramos a importância de todos termos uma participação ativa na vida política da cidade. Estamos certo de que os nossos participantes de hoje, são os políticos de amanhã e sabemos que é importante ensinar as prioridades certas, em prol de uma política de cidadania.

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