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Convergência para a «conveniência»

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Convergência para a «conveniência»

Ideias

2023-04-14 às 06h00

Álvaro Moreira da Silva Álvaro Moreira da Silva

Existem variados significados para a palavra conveniência. Desde já, destaco a palavra «facilidade». «Se é fácil, então é conveniente!», já dizia o meu velho amigo Joaquim, quando optava sempre pelo caminho mais curto. Infelizmente, o fácil nem sempre lhe foi favorável, nomeadamente quando se apercebeu de que lhe mexiam na carteira. Perto da minha casa existe um espaço comercial que me poderia ser bastante útil. Apesar de ser relativamente perto, pela exorbitância dos seus preços e pela limitada oferta, são raras as vezes que o visito. Sendo assim, não me é conveniente. Em Inglaterra e até nos Estados Unidos, há quem lhes chame «bodegas» ou «lojas de esquina ou de passagem». Curiosa esta associação de conveniência a uma bodega, quando o dicionário remete a palavra «bodega» para origens latinas como «apoth?ca» e gregas «apoth?k?», que simbolizam um armazém ou até uma adega. Das minhas paragens pela Finlândia e Suécia, recordo as palavras «Apteeki» e «Apotek» representativas das farmácias, locais de obrigatória passagem para quem precisava de medicação.
No retalho, o conceito de «conveniência» há muito que se associou a uma loja física com predeterminadas características. De acordo com a Portaria nº 154/96, de 15 de maio, em Portugal define-se «loja de conveniência» como um estabelecimento que vende diversos produtos ao público, desde produtos alimentares, utilidades domésticas e artigos vários (entre eles revistas, discos, vídeos, brinquedos, entre outros). Estes estabelecimentos possuem uma área útil igual ou inferior a 250 metros e poderão estar abertos entre as seis e as duas horas da manhã, todos os dias da semana, no mínimo por dezoito horas diárias.
Tenho lido diversos artigos sobre a evolução deste conceito no contexto do retalho. Constato a falta de consenso sobre o significado da palavra. Afinal de contas, o que é «conveniência»? O que é uma «loja de conveniência»? Será possível adaptar o mesmo conceito a lojas não físicas? Como poderíamos modernizá-lo, já que parece não ter evoluído no tempo, não obstante a realidade demonstrar o seu avanço galopante? Se outrora estes tipos de lojas se associavam a pequenos locais físicos, caros, de rápida passagem e de venda de alguns produtos específicos, atualmente acredito que tais condições já foram ultrapassadas pelas crescentes exigências dos consumidores. Na minha opinião, para além da presente definição da portaria, que considero bastante simplista, uma loja poderia ser classificada de conveniência quando, paralelamente aos atuais requisitos, conseguisse ser prazerosa e impulsionadora de experiências agradáveis; possibilitasse a utilização de diversos meios de pagamento (entre eles opções sem qualquer contacto); fornecesse um mix de produtos mais amplos (entre eles produtos saudáveis); disponibilizasse instalações atraentes, seguras e limpas e, por último, apostasse em funcionários altamente qualificados. Alguns destes conceitos, ainda que um pouco abstratos, e daí necessitarem de regras para os definir plenamente, poder-se-iam, porventura, projetar para a realidade digital. Uma loja de «conveniência online», deveria ser segura e certificada por uma autoridade credível, possibilitar uma rápida navegabilidade, fornecer opções diversificadas de pagamento e entregas, disponibilizar serviços de apoio em linha devidamente estruturados, fornecer suporte por profissionais altamente qualificados e/ou tecnologias avançadas para o efeito.
Acredito que as lojas de conveniência tornar-se-ão, cada vez mais, espaços cuja proposta de valor tenderá a aproximar-se das lojas tradicionais. Ou seja, não serão apenas um local de passagem, mas, acima de tudo, um espaço que personalize a ideia de maior utilidade, mesclada com maior conforto. Vejam-se, por exemplo, as lojas da Galp Tangerina onde ofertas de produtos de pastelaria e cafetaria, para além de serviços de takeaway, espelham o cuidado da marca em procurar criar uma oferta mais diversificada e uma experiência mais agradável, convergindo assim para as propostas de valor e conveniência tipicamente associadas às maiores superfícies.

* com JMS

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