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Consumo de água engarrafada

A saúde escolar na prevenção e na inclusão

Consumo de água engarrafada

Ensino

2023-04-12 às 06h00

Francisco Porto Ribeiro Francisco Porto Ribeiro

A22 de março, celebrou-se o Dia Mundial da Água. Um momento que, infelizmente, passa despercebido para a maioria das pessoas, revelando um sinal de desrespeito pelo ambiente e pela sociedade, uma vez que temos como garantido a “nossa” água. Mas isso poderá não ser assim num futuro não tão distante. Essa efeméride é uma excelente altura para recordar um aspeto: Portugal ocupa o 35.º lugar no ranking dos países do mundo com maior consumo de água engarrafada, o que representa mais de 50 litros “per capita”, só em 2021, de acordo com um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU, https://news.un.org/pt/tags/dia-mundial-da-agua). O que esta notícia tem de estranho? Simples, é que apesar da boa qualidade das nossas águas nas torneiras do país, mesmo assim, temos um elevado consumo de água engarrafada. Como dizia António Pessa, “e esta hein!”.
É um facto, diria até de orgulho, afirmar que a nossa água tem qualidade, mas, mesmo assim, Portugal integra a lista dos 50 principais países com consumo de água engarrafada, sendo, atualmente, uma lista que está a ser liderada por Singapura (com uma realidade conjuntural completamente distinta).
De acordo com a Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos – ERSAR (https://www.ersar.pt/pt/consumidor/qualidade-da-agua), “a percentagem de água segura em Portugal continental é de 98,96%, um valor considerado de excelência”.
No referido portal é, ainda, possível verificar os níveis de qualidade de água por distrito, em caso de interesse (fica a nota que no distrito de Viana do Castelo, a água da torneira tem nível de Bom).
O estudo feito pelo Instituto Universitário para a Água, Ambiente e Saúde da Universidade das Nações Unidas, que abrange 109 países (onde se incluí Portugal), assinala que a água utilizada pela indústria de água engarrafada pode contribuir para o esgotamento dos recursos hídricos subterrâneos num horizonte não tão distante. E acrescenta que os cerca de 250 milhões de euros gastos em 2021 em água engarrafada seriam suficientes para garantir a disponibilização de água de torneira segura para uma boa parte do mundo.
Associado a este hábito de consumo, o relatório da ONU alerta, ainda, para a questão do ambiente com o incremento de garrafas de plástico, tendo em conta o longo período de vida dos recipientes plásticos. “Podem levar até 1.000 anos para se degradarem”. Por fim, o secretário-geral da ONU, António Guterres, já havia alertado para a necessidade de se cuidar dos recursos naturais, uma vez que os recursos hídricos do planeta estão em risco iminente de criar uma crise hídrica mundial.
Por sua vez, e segundo um artigo da DECO PROTESTE (https://www.deco.proteste.pt/casa-energia/agua/noticias/como-verificar-qualidade-agua-torneira), referindo-se à ERSAR, faz nota que esta avalia 278 concelhos do Continente (cerca 81% dos total) e neste universo todo o desempenho de Bom é atingido num total de 225 concelhos. Estas análises à qualidade da água na torneira são feitas tendo em consideração vários parâmetros químicos e biológicos, como o cheiro, sabor, cor e radioatividade. Nestes critérios, a percentagem de segurança da água em Portugal, em termos gerais, situa-se entre os 97 e os 100%, o que é um forte indicador de confiança para o consumidor nacional.
A DECO refere, ainda, que a qualidade da água melhorou muito nas duas últimas décadas.
A questão da opção de água engarrafada versus água da torneira já é mais uma questão de “modismo”, associado ao marketing e à gestão da carteira pessoal, devendo pesar todos os prós e os contras. É um facto que ao escolher a água da torneira, em vez de água engarrafada, estamos a ser mais amigos do ambiente (eco friendly) e mais socialmente responsáveis, a vários níveis (controlo do consumo, do ambiente e dos desperdícios).
Nesse sentido, a DECO fez as contas e considera que o consumo médio diário de água engarrafada por habitante ronda os 11 cêntimos (contas antes da guerra na Ucrânia), representando um consumo 40,15 euros/ano, implicando a utilização de 60 garrafões de plásticos, de 6 litros. Se a estas contas multiplicamos o número de pessoas do agregado familiar, talvez se assuste com o valor final (sugiro que faça os seus próprios cálculos). Em resumo, se optar pelo consumo de água da torneira, fica a ganhar em todos os sentidos: na sua saúde física, na sua saúde financeira e na saúde do ambiente.
Em geral, são resultados benéficos para todos.
Por fim, a DECO alerta, ainda, para o facto de os filtros usados para purificar a água serem dispensáveis (sugiro a leitura do artigo em causa, uma vez que o modelo aplicado pelas empresas em causa para venderem filtros é assustador). O artigo da DECO conclui que a água da rede pública é boa para consumo, devendo ser recomendado o seu consumo em alternativa às águas engarrafadas com todo o impacto social e ambiental inerente.
Fica a proposta de leitura e o desafio para repensarmos as nossas prioridades, tendo em consideração fatores intergeracionais não tão distantes como isso (a nossa geração poderá, ainda, sofre desses impactos, sendo mais grave para as gerações futuras). Repensem prioridades no consumismo.

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