As emoções no outono
Ideias
2024-09-12 às 06h00
Caros leitores,
É com grande honra e sentido de responsabilidade que escrevo o meu primeiro artigo quinzenal neste jornal, na qualidade de recém-eleito deputado ao Parlamento Europeu, pela AD - Aliança Democrática, nas eleições europeias de 9 de Junho. A confiança depositada em mim pelos cidadãos portugueses, e em particular pelos eleitores da nossa região, é motivo de orgulho, mas, acima de tudo, de compromisso e trabalho árduo para honrar essa escolha.
O Parlamento Europeu é um palco de grande relevância no cenário político europeu e mundial, e o mandato que agora assumo coloca sobre os nossos ombros a responsabilidade de defender, com firmeza, os interesses de Portugal na União Europeia (UE). É aqui que trabalhamos para afirmar a identidade europeia que - assente nos valores da dignidade da pessoa humana, da liberdade, da igualdade e da democracia - é o resultado da soma dos valores e princípios transversais aos povos europeus. Para além de assegurar que as grandes decisões tomadas em Bruxelas e Estrasburgo reflitam as necessidades e prioridades do nosso país, terei um foco especial na promoção do desenvolvimento e fortalecimento da nossa região.
Este novo ciclo europeu, que abrange o período de 2024 a 2029, será sem dúvida marcado por um conjunto de desafios de enorme complexidade e dimensão. A União Europeia encontra-se num momento crucial da sua história, em que é imperativo consolidar as conquistas alcançadas nas últimas décadas, mas também encontrar respostas eficazes para as crises e ameaças que se avizinham. A guerra em solo europeu, a segurança, a inclusão, a luta contra o aquecimento global, o objetivo de neutralidade carbónica e a crise energética são reptos complexos e urgentes que requerem respostas inovadoras e orientadas para o bem comum dos cidadãos e dos povos.
Vivemos tempos de grande incerteza no panorama geopolítico internacional. O conflito em curso na Ucrânia e as ameaças vindas de diversas partes do globo colocam a segurança da Europa no topo da agenda. A defesa dos nossos valores democráticos, a salvaguarda das nossas fronteiras e o reforço das nossas capacidades de defesa e segurança são prioridades que, nos próximos anos, continuarão a exigir cooperação e unidade por parte dos Estados-membros da UE. Paralelamente, a coesão interna da União deve ser reforçada. As desigualdades económicas e sociais entre as várias regiões europeias não podem ser agravadas. Pelo contrário, a União deve trabalhar para atenuar essas disparidades, assegurando que todos os seus cidadãos beneficiem de igual acesso às oportunidades económicas e sociais. Aqui, o papel da política de coesão, bem como dos fundos europeus, será crucial para garantir que nenhuma região fique para trás.
Outra grande prioridade para este mandato é, sem dúvida, o reforço da competitividade industrial da Europa. Num contexto global em que a concorrência com potências como os Estados Unidos e a China é cada vez mais acirrada, a UE precisa de reforçar o seu tecido industrial, investir na modernização das suas infraestruturas e promover a inovação. O futuro da nossa indústria passa pela aposta em setores de ponta, como a tecnologia de hidrogénio, a inteligência artificial, e as indústrias verdes. Neste campo, a nossa região pode assumir um papel prepon- derante. O nosso tecido empresarial, fortemente marcado pela indústria transformadora e pela inovação tecnológica, tem todas as condições para ser um motor de desenvolvimento industrial em Portugal e na Europa. Uma das minhas principais prioridades como eurodeputado será precisamente garantir que a nossa região aproveite ao máximo as iniciativas europeias direcionados ao reforço da competitividade industrial.
O futuro da União Europeia passa necessariamente por uma dupla transição, que abrange tanto o campo digital quanto o ecológico. A necessidade de implementar políticas que promovam a descarbonização da economia e o combate às alterações climáticas é um imperativo global que a Europa não pode ignorar. Mas esta transição ecológica deve caminhar lado a lado com a revolução digital. A digitalização das economias e o avanço da inteligência artificial, da robótica e da tecnologia verde são temas que exigem grande atenção. Portugal, enquanto país com uma capacidade de inovação crescente, pode e deve posicionar-se na vanguarda deste processo, aproveitando as oportunidades que surgem, sobretudo no apoio às pequenas e médias empresas (PMEs), que são a espinha dorsal da nossa economia.
Como afirmei recentemente na Universidade de Verão do PSD, Portugal não deve ser meramente um beneficiário líquido da Europa. O nosso país deve ser um verdadeiro impulsionador do projecto europeu, assumindo uma posição mais assertiva na Europa, e mesmo de liderança nas áreas referidas acima que são, igualmente, estratégicas para o nosso país e para a Europa. A aposta no desenvolvimento de indústrias sustentáveis, na digitalização da economia e na promoção da inovação tecnológica são bandeiras que quer a EU quer o nosso governo liderado pelo Primeiro-Ministro Luís Montenegro, partilham. Neste sentido, o meu compromisso será o de trabalhar em articulação com o governo português para garantir que as políticas europeias estão em sintonia com as necessidades e ambições do nosso país.
A nossa região, enquanto pólo industrial de excelência, poderá beneficiar grandemente das sinergias entre o governo e a UE, particularmente no que toca ao acesso a fundos europeus e à participação em programas de inovação e desenvolvimento tecnológico. O meu compromisso é o de ser um interlocutor eficaz entre os interesses locais e regionais e as instâncias europeias, assegurando que Portugal, e em particular a nossa região, saem fortalecidos deste novo ciclo.
Desde o momento da minha eleição, que encaro o mandato no Parlamento Europeu como um compromisso renovado na construção de um futuro próspero e sustentável para Portugal no contexto europeu. Olho para as funções e responsabilidades que me foram confiadas como uma oportunidade de contribuir ativamente para a defesa dos interesses nacionais, para a promoção da coesão europeia e para a construção de uma Europa mais justa e solidária.
Ao longo desta legislatura, estarei a trabalhar na Comissão da Indústria, Investigação e Energia, um setor pelo qual nutro uma enorme simpatia, na Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos, na Comissão do Controlo Orçamental e na Comissão das Petições. Além disso, serei uma voz ativa em debates e votações sobre os temas de relevância para Portugal e para a União Europeia, como a economia, o ambiente, a saúde, a educação e a coesão social e territorial.
Também na Europa se deve construir um caminho de proximidade com os nossos cidadãos. Caminho este que tem de se refletir na construção de políticas públicas mais eficientes, viradas para as necessidades dos europeus e de olhos postos no Futuro. A União Europeia é um projecto permanentemente inacabado. Urge que trabalhemos em prol de uma Paz duradoura, fortalecendo laços de união e prosseguir a prosperidade na Europa em ambiente de cooperação.
Hoje, mais do que nunca, é imperativo unir esforços para construirmos juntos o futuro de Portugal na Europa, num momento crucial da nossa história coletiva.
Como representante do povo português no Parlamento Europeu, comprometo-me a dar voz às preocupações, aos desafios e às aspirações dos portugueses, lutando por políticas e decisões que promovam o bem-estar e o progresso de Portugal no seio da União Europeia. Mas o meu trabalho não pode ser feito sozinho - preciso do apoio, da participação cívica e do envolvimento ativo de todos na construção de um futuro melhor.
Conto com todos para esta missão. Juntos, vamos construir o futuro de Portugal na Europa.
07 Outubro 2024
07 Outubro 2024
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