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Conhecer o nosso Património: urgente e necessário

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Conhecer o nosso Património: urgente e necessário

Ensino

2025-01-29 às 06h00

Gonçalo Maia Marques Gonçalo Maia Marques

In Memoriam Françoise Choay (1925-2025), nome maior dos Estudos do Património

Portugal é, como sabemos, um dos Estados mais antigos do Mundo, com cerca de nove séculos de existência, o que faz de nós espectadores privilegiados - mas também atores primordiais - de uma tradição histórica que acompanhou mudanças fundamentais no nosso território mas, também, no nosso continente e em todo o mundo. Em muitas dessas mudanças, aliás, fomos protagonistas e demos um contributo essencial para que o mundo se reconhecesse. Mais antigos que nós, na Europa, só os Reinos da Dinamarca, Noruega e Inglaterra.
Sabemos bem que o embrião da nossa nacionalidade foi, precisamente a nossa região de Entre Douro e Minho onde os barões portucalenses, a família condal, as ordens religiosas e as principais famílias senhoriais - e os seus paços e honras - se situavam e moviam. Não é por nada, aliás, que a nação vai buscar o seu nome àquela que era a sede e a cabeça do condado: a cidade do Porto, reconquistada aos mouros em 868 por Vímara Peres.

Temos, por isso, um vastíssimo - e interessantíssimo - Património Histórico e Cultural que é, em grande medida, profundamente desconhecido pela maioria dos nossos concidadãos e que, muito dele, pode ser visitado, fruído e reconhecido gratuitamente graças à concretização dos desígnios constitucionais (finalmente!) que possibilitam a cada cidadão residente em território nacional 52 entradas (durante número equivalente de semanas) aos museus e palácios nacionais na tutela do Ministério da Cultura. Não nos esqueçamos que há também muitos museus municipais e centros interpretativos que são de livre acesso a todos, sem qualquer custo associado (a não ser o do enorme enriquecimento que, finda a visita, resulta da experiência, claro!)
Saberemos que, na Região Norte, onde vivemos, temos 5 elementos classificados como Património da Humanidade pela UNESCO? Falo, claro, dos centros históricos do Porto e de Guimarães, do conjunto patrimonial e monte sacro do Bom Jesus do Monte (Braga), da Paisagem Cultural do Douro Vinhateiro e das Gravuras Rupestres do Vale do Côa (onde se encontra, também, o seu magnífico Museu, que recomendo - como a todos os locais que referi anteriormente - uma visita atenta). Teremos noção que existem mais de centena e meia de monumentos nacionais classificados na Região (Distritos de Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança)? Penso, sinceramente, que não.

É por isso que louvo, cada vez mais, pelo meu conhecimento do sistema de ensino da nossa região, em virtude do trabalho de acompanhamento semanal - e quase diário - que faço dos núcleos de estágio dos mestrados de habilitação profissional para a docência da Escola Superior de Educação do IPVC, o trabalho dedicado, empenhado e mobilizador que as nossas Escolas Básicas, Secundárias e Jardins de Infância fazem em torno do Património Local e Regional. Além de visitas de estudo, são proporcionadas experiências de visita virtual em sala de aula, oficinas educativas e atividades enquadradas nos serviços educativos de várias instituições museológicas e, ainda, atividades de recriação, de história viva, muitíssimo relevantes e significativas para crianças e jovens. Trata-se de um trabalho fundamental que merece continuidade e acompanhamento mais direto das Famílias.

Todos sabemos que o processo educativo exige, cada vez mais, um trabalho articulado e coerente entre os dois grandes “motores” que o fazem expandir-se e consolidar-se: a Escola e a Família. Exorto que, assim que possam, visitem o Paço dos Duques, os Castelos, os Solares e Casas Senhoriais, os Mosteiros, as Igrejas, as Estações Arqueológicas, os Museus, as Casas Museu, as Ruínas, as Paisagens Culturais e Naturais Protegidas e, se quiserem, aquela alminha, aquela capela ou aquele pequeno santuário que contam uma história de um povo, de uma comunidade e são, por isso mesmo, Lugares de Memória, como escreveu e nos contou os historiadores franceses Pierre Nora e Françoise Choay, esta última que, recentemente, nos deixou e a quem dedicamos este trabalho.
É em grande medida para Lembrar, mas também para Educar e, sobretudo, partilhar a Paixão pela História e pela nossa Identidade que aqui nos encontraremos, periodicamente e, por isso, os meus votos de um Excelente 2025 com muita Saúde e, claro, Cultura e História que estarão sempre connosco.

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