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As emoções no outono

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Voz às Escolas

2022-01-10 às 06h00

João Andrade João Andrade

Não consigo começar esta crónica sem referenciar, quer a título pessoal quer institucional, a recente notícia do falecimento de um estimado amigo, colega e, também, impactante diretor, até a traiçoeira saúde o impedir, de um dos valorosos agrupamentos de escolas de Braga.
Vou sentir muito a falta das longas conversas e viagens partilhadas, nas quais o Jorge, com dedicação e gosto, repartia todo o seu saber e entrega à missão superior da educação.
Sempre um amigo extremamente leal e frontal – e, por isso, o necessariamente crítico – que eu, mais jovem diretor, procurava quando necessitava de algum conselho ou de refletir, conjuntamente, sobre algum problema, próprio ou nosso.

Um ser humano de extrema lucidez, até mesmo quando, neste últimos tempos, refletia sobre o inesperado contexto de saúde em que se encontrava e respetivas consequências. Mas, antes de tudo, um homem de claras entrega e paixão, em particular quando estavam em causa a vivência coletiva, a lealdade humana, a educação e, em particular, o seu Agrupamento de Escolas.
Para a comunidade do Agrupamento de Escolas Francisco Sanches, faltam palavras. Perder, em tão pouco tempo - e inesperadamente -, dois seres humanos superiores, duas tão fortes luzes de rumo e dois generosos companheiros de viagem, como o Jorge Amado e o Constantino Gonçalves, que tanto marcaram a recente da identidade do agrupamento, não é fácil. A que se junta a partida do Heitor Silva, em plenas funções. À comunidade do AEFS, toda a solidariedade e sentir da comunidade do Agrupamento de Escolas Alberto Sampaio.

Hoje, estava previsto que a presente crónica seria sobre o papel, a capacidade e a necessidade de intervenção da escola, para além da óbvia dimensão educativa, junto da sua comunidade. Isto porque, tantas e tantas vezes, o sucesso – e o insucesso – de um aluno, como tantas vezes o Jorge Amado referia, não passa pelas quatro paredes das escolas e pelas medidas de promoção de sucesso educativo entre elas implementadas, mas pelo que acontece para lá das mesmas. Por isso, no âmbito do Plano de Desenvolvimento Pessoal, Social e Comunitário (PDPSC), o Agrupamento construiu e candidatou uma medida, apropriadamente denominada “Para lá do Portão!”, que lhe permitiu contratar uma excelente Técnica de Serviço Social, que se vem revelando crucial, tal como se antecipava, no acompanhamento e mobilização de apoios a famílias em situações problemáticas. Situações com génese plural, entre famílias com disfuncionalidades internas, famílias estrangeiras recentes no nosso país, que não dominam minimamente a nossa língua, e especificidades funcionais, famílias nacionais que, não só, desconhecem os seus direitos como não apresentam capacidade de aceder aos mesmos e famílias com dificuldades financeiras, infelizmente, ainda demasiado comuns e constantes na nossa sociedade.

Apesar de ser claro que deve caber a outras instituições o acompanhamento e resolução destas situações, a escola, por ser uma instituição de elevada proximidade, é um espaço privilegiado da sua deteção. Nesse sentido, a mesma deve dispor de recursos humanos que lhe permitam, não só detetar situações como agir no imediato, constituindo-se como primeiro pivot na mobilização de soluções para estas famílias.
Onde o Estado falha e não está, as comunidades procuram estar: este Natal, as Associações de Pais do Agrupamento, a Associação de Estudantes da ESAS, vastíssimos alunos, pais, educadoras, professores, assistentes técnicos e operacionais, direção, entidades parceiras (como as Conferências Vicentinas de Nogueira; Lomar e São Lázaro) e empresas da comunidade, uniram-se procurando que o Natal de muitas famílias menos afortunadas fosse mais ameno e feliz!

A Campanha Solidária de recolha de bens do Agrupamento de Escolas Alberto Sampaio permitiu auxiliar 75 famílias com fartos cabazes, alcançando 298 pessoas, incluindo 53 crianças, através da recolha de quase duas toneladas de bens de qualidade (1 963 kg recolhidos até ao final do 1.º Período).
Mais positivamente ainda, deu-se continuidade a uma dinâmica iniciada numa primeira recolha anterior, o que permite que a Técnica de Serviço Social do AESAS consiga, a partir de agora, dispor de recursos alimentares imediatos para acudir a alguma situação de carência súbita ou não detetada previamente.
A todos os que se envolveram, pela dádiva de bens ou de trabalho, nesta iniciativa, o nosso Muito Obrigado!
Ao Jorge, homem consciente do longo caminho que ainda nos falta percorrer enquanto sociedade, um Grande Abraço e o remorso de este tempos que vivemos não nos terem permitido estar juntos as vezes que devíamos!

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