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Competência e altruismo dos profissionais de saúde

Ettore Scola e a ferrovia portuguesa

Voz à Saúde

2020-04-17 às 06h00

Humberto Domingues Humberto Domingues

Hoje atrevo-me a escrever como actor de alguns episódios, iguais a tantos outros, vividos por abnegados profissionais, onde o Coronavírus-COVID-19 agitou a nossa vida, Família e Sociedade, num SNS desfalcado, moribundo e “inexperiente” neste tipo de pandemias.
A infecção/doença por COVID-19, desorganizou um mundo inteiro, ameaçando com pobreza, matando inúmeras pessoas, que agora se propunham viver a última fase de uma longa vida de trabalho, junto dos netos e deixando às gerações vindouras, tantos saberes e experiências. Mas partiram ainda muito cedo! Apesar dos idosos serem um grupo de risco, infelizmente esta agressividade do vírus não poupa ninguém nas diferentes faixas etárias.

E nós, Profissionais de Saúde fomos assaltados pela agressividade deste Coronavírus, num SNS na escuridão e desorganização face às limitações existentes e cativações, associadas à incompetência existente que campeia nos decisores políticos sobre o SNS. Passou a ser-nos exigida tanta coisa para dar resposta a inúmeros problemas, casos positivos, confirmados e infectados com o SARS-CoV-2 (COVID-19).
Desde a incompetência política, à falta de material de protecção, à gestão dos números, tudo tem servido para os momentos de promoção política e mediatismo, em que responsáveis da Saúde se desautorizam em directo.

Perante o que temos vivido, é oportuno reflectir:
1- Quem punha em dúvida a utilidade e necessidade de um SNS moderno, bem apetrechado e adequadamente financiado, veio a “Pandemia” para demonstrar esta necessidade;

2- Apesar de desorganizado, falta de material, falta de instalações e instalações degradadas, está a ser este mesmo SNS a dar resposta às inúmeras necessidades e solicitações para tratar/cuidar dos Cidadãos afectados e doentes;

3- Se não houvesse SNS como tudo isto seria?

4- O SARS-CoV-2 (COVID-19) tem servido ao Governo para fazer política e gestão de “agendas”, dia-a-dia;

5- A grave situação vivida nos lares e centros de dia, com inúmeras lacunas e falta de profissionais, essencialmente de saúde, veio ao de cima, já tantas vezes alertado pela Ordem dos Enfermeiros;

6- Perante este “deserto” e toda esta realidade, é inequívoca, a demonstração da capacidade, competência, conhecimento, altruísmo e dedicação de todos os Profissionais de Saúde, entre eles, os Enfermeiros;

7- Se não fosse esta entrega, presença e abnegação, em longos horários, sem interrupções, sem ir a casa, deixando os Familiares, deixando os nossos para tratar dos outros, tudo teria sido muito, muito pior. E ainda, o que aí virá!

Aqueles que ao longo destes vários anos agrediram, desqualificaram e limitaram o SNS, são os mesmos que agora se agarram a este mesmo SNS e seus profissionais, para salvarem a face, tentarem de todas as formas dar resposta à “Pandemia”, para depois dizerem: “Conseguimos!”Conseguiram? À custa de quem?

Consciente do papel dos Enfermeiros, a OMS dedicou o Dia Mundial da Saúde (7 de Abril) a esta Classe Profissional.
Apesar da dedicação e do altruísmo que sempre caracterizou os Enfermeiros e que mais uma vez o estão a demonstrar, nesta “luta” desigual contra o “Coronavírus”, o Ministério da Saúde continua o seu caminho de agressão, indignidade e desvalorização da Classe de Enfermagem, contratando Enfermeiros a 6,45€/hora!

A Srª. Ministra da Saúde, Doutora Marta Temido, não trata todos os Profissionais de Saúde da mesma forma e com a mesma isenção e dignidade. Há claramente um tratamento desigual! A uns, emite louvores em Diário da República. Aos outros, em consequência da pressão política e da opinião pública, “manda” o Sr. Secretário de Estado da Saúde ler um agradecimento, em forma de remendo, dirigido aos Enfermeiros. Lembrar que os Enfermeiros merecem a mesma dignidade que outros profissionais e não são classe menor do SNS, para não lhes ser endereçado um público louvor em Diário da República.

Tal como noutros momentos, este, devido à “Pandemia” SARS-CoV-2 (COVID-19), é grave e expõe os Profissionais de Saúde a um risco muito elevado de infecção e doença. Os Enfermeiros, a par de outros profissionais de saúde, têm formado um exército, que lutam ombro a ombro contra a infecção/doença COVID-19. Factos são factos! Assim sendo, tirando a Srª. Ministra da Saúde, quem hoje tem dúvidas em considerar a Enfermagem uma “Profissão de Risco”?

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