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Comemorações do bicentenário do nascimento de Camilo Castelo Branco

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Comemorações do bicentenário do nascimento de Camilo Castelo Branco

Voz às Bibliotecas

2024-12-12 às 06h00

Rui A. Faria Viana Rui A. Faria Viana

Comemoram-se no próximo ano, os 200 anos do nascimento do escritor Camilo Castelo Branco, nascido em Lisboa a 16 de março de 1825 e falecido em São Miguel de Seide, Famalicão, a 1 de junho de 1890, um dos escritores mais prolíferos e influentes da literatura portuguesa do século XIX. Com uma produção literária impressionante, onde se incluem mais de 260 obras, entre as quais se compreendem romances, contos, peças de teatro, ensaios e traduções, é importante que diferentes entidades e particularmente as bibliotecas públicas, assinalem convenientemente o bicentenário de Camilo, aproveitando para promover o escritor e divulgar a sua obra, sobretudo, junto da população mais jovem.
Reconhecendo a importância do seu legado cultural, devemos reunir esforços para demonstrar a influência da sua obra na cultura portuguesa não esquecendo que Camilo, como escreveu Ramalho, «como romancista e como poeta, (…) é o mais genuíno representante literário do seu tempo e do seu lugar».
Sendo essencialmente um Escritor do Norte de Portugal, região onde se situa geograficamente o seu habitat natural, das suas deambulações e vivências, a partir do momento em que, com 10 anos, o pai morre e vai viver para casa de uma tia, D. Rita Brocas, em Vila Real, e que em nada diminui a universalidade da sua obra, os locais por onde passou e viveu, assumem aqui particular responsabilidade nestas comemorações. É o caso, por exemplo, de Viana do Castelo! Como sabemos, Camilo Castelo Branco, viveu nesta cidade numa modesta casa na encosta do monte de Santa Luzia, por um breve período, de 7 de abril a 28 de maio de 1857, numa altura complicada da sua vida e em que já andava envolvido amorosamente com Ana Plácido.
Em Viana do Castelo, foi redator principal do jornal vianense “A Aurora do Lima”, fundado em 15 de dezembro de 1855 e ainda hoje em publicação. Durante a sua estadia na cidade, a sua colaboração com este jornal deu origem aos ro- mances “Cenas da Foz” e “Carlota Ângela”, publicados inicialmente em folhetins e depois editados por este jornal em 1857 e 1858, respetivamente. Mesmo depois de deixar a residência em Viana do Castelo continuou a colaboração com o jornal, sendo por vezes difícil identificar os seus textos. Chegou até a propor a venda à empresa tipográfica um terceiro volume, “Os Homens Ilustres”, que não se concretizou por não ter acabado a obra. Foi por intermédio do amigo vianense José Barbosa e Silva que Camilo colaborou com o “A Aurora do Lima”, embora a iniciativa tenha partido do próprio escritor. «Lembrava-me dizer-te que, se me pagassem, escreveria para esse jornal 4 correspondências-folhetins por mês, sobre cousas do Porto (…). Gratuitamente não posso; bem sabes que não escrevo por prazer, nem por glória», assim se dirigiu por carta ao seu amigo. Parte significativa da colaboração paga foi assinada com o pseudónimo “João Júnior”, embora se lhe conheça outros, iniciando uma ligação regular com o jornal em 5 de julho de 1856 que manteve até fins de 1858.
A Biblioteca Municipal tem a sua história também ligada a Camilo Castelo Branco. A sua fundação remonta a 16 de fevereiro de 1888, na sequência da proposta apresentada em sessão de Câmara pelo vereador Dr. José Malheiro Reymão. No entanto, houve iniciativas anteriores com o mesmo intuito que acabaram por não vingar. Entre elas, uma de 1858, pensada a partir dos «despojos daquelas livrarias monásticas» resultantes da extinção de todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios, e outras casas das ordens religiosas regulares na sequência do Decreto de 28 de maio de 1834, da autoria de Joaquim António de Aguiar, da iniciativa do ilustre vianense José Barbosa e Silva, amigo de Camilo, com o objetivo de o colocar na sua direção.
Como Viana do Castelo, outras “cidades camilianas” devem atempadamente pensar em celebrar a vida e a obra deste ilustre escritor português através da realização de iniciativas diversas de natureza cultural, educativa, científica, turística e até gastronómica, podendo cooperar entre si com vista a uma maior projeção das atividades programadas.

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