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Comemoração do Dia Mundial do Doente: 11 Fevereiro

Ettore Scola e a ferrovia portuguesa

Voz à Saúde

2022-02-26 às 06h00

Humberto Domingues Humberto Domingues

Comemorou-se no passado dia 11 de Fevereiro, o “Dia Mundial do Doente”. Comemoração, esta, mais que justificada, porque nos toca a todos e, todos nós, alguma vez na vida ao longo do nosso ciclo vital, viveremos momentos de doença, nesta vida terrena.
Por todo mundo, foram feitos discursos e comemorado este dia que foi instituído em 1992, pelo Papa João Paulo II.
Este ano o Papa Francisco, deixou uma interessante mensagem classificando como “vírus” o individualismo e a indiferença, a saber: “O individualismo e a indiferença pelo outro são formas de egoísmo que, infelizmente, se amplificam na sociedade do bem-estar consumista e do liberalismo económico; as consequentes desigualdades também se encontram no campo da saúde, onde alguns gozam da chamada excelência e muitos outros têm dificuldade de acesso aos cuidados básicos” (Papa Francisco 2022.02.11).
Em Portugal, apesar de uma enorme evolução no “Sistema de Saúde” (SS) e particularmente no “Serviço Nacional de Saúde” (SNS), muito há ainda para melhorar, sendo certo que às vezes, algo se regrediu no que ao cuidar e tratar diz respeito.
Convictamente e perante as regressões, afirmamos que a Pandemia não pode ser desculpa para tudo!
Comemorar o “Dia Mundial do Doente” não pode ser no dia marcado no calendário, mas muito mais que isso. A comemoração desta data passa por facilitar o acesso a cuidados de saúde a todos os Cidadãos doentes, com equidade. Estar inscrito em listas de espera, quer para cirurgias ou consultas da especialidade, vários anos à espera e não respeitar o cidadão doente, que em tempo útil não dispõe nem lhe é facultado o tratamento e cuidados de saúde, por forma a dar resposta às suas comorbilidades e por isso, melhorar ou curar o seu estado, no que à saúde diz respeito, é não comemorar o “Dia Mundial do Doente”.
De igual forma, cuidar de doentes em serviços onde não se cumprem as dotações seguras com os Profissionais de Saúde, nomeadamente Enfermeiros em falta, é estar a pôr em risco, quer na ocorrência de acidentes, quer de vida, Profissionais e Doentes.
Comemorar o “Dia Mundial do Doente” é também dar condições aos serviços para que Enfermeiros e Médicos não apresentem escusas de responsabilidade, face a todas as carências e circunstâncias decadentes existentes. Estas carências, desinvestimento, cativações, desmantelamento de serviços e unidades, inação e falta responsabilidade, não podem ser direcionadas aos Profissionais e muito menos aos Cidadãos Doentes, mas sim ao poder político, Governo e Assembleia da República, que fazem a gestão e opções políticas, elaboram e ditam leis para a “Saúde” e cativam orçamentos. Se muitos dos problemas e dificuldades que se vivem no SNS têm já algumas décadas, nestes últimos 6 anos, foi uma gestão desastrosa do Governo do Partido Socialista e do Ministério da Saúde que se pautou por uma postura arrogante, não dialogante, fechado sobre si, preconceituoso e cheio de complexos ideológicos, não possibilitando a resolução de muitos destes problemas.
Há números que assustam e preocupam. São números credíveis com base em estudos e registos divulgados pela Ordem dos Enfermeiros, em que, devido às condições de trabalho e à incapacidade de prestação em segurança e em segurança dos cuidados de saúde, com a qualidade necessária e exigível, 4475 Enfermeiros apresentaram o respectivo pedido de escusa de responsabilidade. Outro alarmante indicador é a mortalidade que dispara para 7%, por cada doente a mais que fica a cargo de cada Enfermeiro. São os directores de serviço que se demitem, por esses hospitais ao longo do país, devido a carências infindáveis. São os doentes “amontoados” nas urgências e corredores, sem o mínimo de dignidade humana. Isto não é comemorar o “Dia Mundial do Doente”, nos dias de hoje do nosso século.
Convém lembrar que tanto os Enfermeiros como os Médicos, pelo menos estas duas Classes Profissionais, têm rigorosíssimos “Códigos Deontológicos” que penalizam os seus Profissionais, se na obrigação de tratar e cuidar com ética e deontologia, algo falhar, na alçada da sua responsabilidade.
E é precisamente isso que estes Profissionais querem evitar que algo falhe, para bem de todos e pela excelência do cuidar da Pessoa Humana, para que, condignamente, o “Dia Mundial do Doente” se comemore efectivamente!

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