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Colonialismo e flibusteirismo político

Analogias outonais

Colonialismo e flibusteirismo político

Ideias

2019-06-07 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

Nunca nos passou pela cabeça que com o 25 de Abril, e o nascimento da democracia, se tivesse descoberto «um novo caminho para a Índia» no sentido de se ter enveredado por todo um alargamento e multiplicação de falcatruas e de «comércio» das mais diversas e particulares «especiarias», sempre em ordem a uma maior riqueza e projecção social. E por uma nova classe de pessoas, os «profissionais» da política, que se vêm aproveitando dos cargos e funções para se «encherem» e «meterem nos bolsos» dinheiros do Estado, ou seja dos contribuintes, daqueles pacóvios, que, cultivando e vivendo a seriedade, a honestidade e a verdade nas suas vidas, ainda vão pagando impostos.

Entretanto as falcatruas, as negociatas, as aldrabices e os crimes vêm crescendo, sem obedecer a qualquer especial ou particular colorido, já que político que se preze, e qualquer que seja o partido, logo pela manhã e após o pequeno almoço começa a engendrar a melhor maneira de levar a água ao seu moinho, de ganhar dinheiro, de subir na vida, de se safar nos seus proventos, colonizando e flisbustando o Zé Povinho, e sacando dinheiro, regalias, benesses, subsídios e outras «especiarias» do Estado, a quem diz servir mas de que apenas se vem servindo. Aliás diariamente os media nos dão nota de um número cada vez maior dos “criminosos” políticos que vêm «roubando» o país, usando os seus cargos e suas funções e arrastando atrás de si inspectores da PJ, magistrados, advogados, outros policiais, e órgãos da comunicação social, engrossando a «criminalidade» do «colarinho branco» e projectando o país como uma estância de eleição para «corruptos» e «falsários», agravando e tornando muito operoso e cansativo todo o trabalho da Justiça e dos Tribunais.

Começando por Hortense Martins, uma deputada do PS investigada por subsídios ilegais, a mesma, com um inquérito a correr termos, “obteve 276 mil euros em fundos comunitários de forma irregular”, em casos que “remontam a 2010 e 2013 e envolvem familiares da líder do PS de Castelo Branco e membro da Comissão Política”, a Herdade do Regato, indevidos projectos apresentados como candidatos ao Proder, com a Andraces a atribuir fundos, mal, e que tinha como director-executivo António Realinho, “um economista que desde 2018 cumpre uma pena de quatro anos e meio de prisão por burla e falsificação”, sendo que teria havido intervenção da Câmara para a licenciatura das obras na dita Herdade do Regato em 2017, quando então era presidente Joaquim Mourão e vereador Luís Correia, o marido da dita Hortense que hoje, diga-se, até já é o presidente. Que, imagine-se a coincidência, actualmente no TAF de Castelo Branco responde por três crimes de violação da lei da Tutela Administrativa já que entre 2014 e 2016 teria celebrado três contratos no valor superior a 94 mil euros “com a empresa Strualbi, na qual o pai do autarca é sócio”, com o MP já a pedir a perda de mandato. Enfim!... Problemas e só problemas porque as pessoas não sabem ser isentas e esquecer parentesco e interesses familiares, num concretizar do velho princípio «é fartar vilanagem», enquanto se pode (CM; 21 e 22.5.19). Aliás como curiosidade acerca da Hortense, anota-se a recente polémica havida com o facto de a AR ter adjudicado a estadia dos deputados da Comissão de Ambiente, em Castelo Branco, num hotel de que a deputada do PS é proprietária (id.). É assim que se trabalha e se faz pela vida!...

Mas há mais!... No Norte, e no desenrolar da recente operação denominada «a Teia», foram detidos dois muito conhecidos e falados autarcas (de S. Tirso e Barcelos), a mulher do primeiro e ainda Laranja Pontes, o presidente do IPO do Porto, casualmente todos do PS e há longos anos nas ditas autarquias ou no IPO, respectivamente. Pelo que se deprende dos media, todos amigos, todos da mesma cor, todos muito próximos e interligados, tendo o de S.Tirso, Joaquim Couto, sido Governador Civil do Porto e com força e prestígio dentro e nos órgãos do PS e no Ministério da Saúde, e daí teria advindo a nomeação de Laranja Pontes, para o IPO, onde está há 13 anos, e de quem teria sido colega. Todos próximos, camaradas e amigos, funcionando a mulher, Manuela Couto, como a «aranha» da própria teia, ela que já havia de certo modo sido implicada no processo «Operação Éter», em que é arguido e está detido Melchior Moreira, um processo que tem como epicentro o Turismo do Porto e do Norte do País. Com toda a problemática a radicar e a centrar-se no uso e «abuso» dos contratos directos, e nos favores, de que os actuais arguidos terão sido useiros e vezeiros, e em que figura com pessoa de proa e ocupa papel primordial a mulher do autarca de S.Tirso, sendo que “desde 2014, a Mediana, a Make It Happen, a My Press e a W Consulting, todas da mulher de Joaquim Couto, receberam do município de Barcelos cerca de um milhão de euros”, sendo que o IPO era ” também um cliente privilegiado da Mediana, com 13 contratos no valor de 360 mil euros a serem assinados em ano e meio” (CM,30.5.19).

Aliás num esquema, abarcando corrupção, participação económica em negócio e tráfico de influências, assente na concretização de contratos directos e numa fuga aos contratos públicos, tudo congeminado entre camaradas e amigos e em que os Laranja Pontes e Costa Gomes (autarca de Barcelos), para beneficiarem e pagarem favores ao Joaquim Couto, de quem esperavam suas influências, contratavam as firmas da mulher e lhe davam dinheiro a ganhar, mantendo de fora e ao lado a autarquia de S.Tirso. Assim o Laranja Pontes mantinha-se no cargo arranjado pelo amigo Couto há 13 anos e ia distribuindo benesses socialistas enquanto o Costa Gomes, com aspirações ao governo, tinhas as promessas do Couto, que beneficiava dos contratos directos das empresas da mulher atribuídos pelos amigos. E tudo ia correndo sobre esferas, com uma Laranja Pontes a ser «encaixada» na autarquia de Matosinhos, graças ao esquema adoptado, e Costa Gomes a ser conhecido pela oposição como «o campeão dos ajustes directos» e acusado de «uma gestão pouco transparente», ele que se tem visto envolvido em suspeitas de corrupção na concessão de licenças para obras no concelho (id.). Pelo que, face a isto tudo, não há como esquecer e ultrapassar «condomínios» partidários e «flibusteirismos» políticos mesmo em democracia nesta estância ou SPA de corruptos.

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