Mulheres Portuguesas no Quebeque – Caminhos de Liberdade
Ideias
2022-01-24 às 06h00
Sentir o povo é das expressões mais repetidas durante os períodos eleitorais. A poucos dias do final da campanha eleitoral paras as eleições legislativas do próximo dia 30, já é possível conhecer claramente de que povo falam os líderes dos partidos e os candidatos a titulares de órgãos de soberania. Falam claramente para o seu povo.
Durante a minha adolescência, na primeira metade dos anos 80, participei muito ativamente em campanhas eleitorais, por essa altura bastante frequentes! A logística era bastante mais rudimentar e passava por color alguns cartazes e pintar mensagens nas paredes e nas ruas, algumas delas ainda hoje visíveis. Nós acreditávamos que aquelas ações contribuíam para a esclarecer e convencer indecisos e eventualmente adversários. No final dessa década as campanhas eleitorais estava completamente profissionalizadas, desde a logística às estratégias de comunicação, conduzidas por especialistas que assessoravam diretores de campanha.
Passados 30 anos, o mundo é outro e as mensagens já não são transmitidas por trinchas com tinta. As alterações muito profundas nos meios de comunicação, com destaque para os media e redes sociais, alteraram radicalmente modo de comunicar. Em consequência, uma franja cada vez maior dos eleitores mudou radicalmente, tem novas experiências, novos hábitos e novos modos de partilha e consumo de informação. Na verdade, é muito mais informado e exigente.
O modo de fazer campanhas eleitorais não acompanhou estas transformações. Ainda se baseia na repetição muito inconsequente de rituais dispendiosos, como as voltas ao país, das arruadas e dos comícios. Para o tal sentir do povo. Mas a verdade é a dos autocarros cheios de fiéis que se repetem em todos os locais, cujo único fim parece ser a encenação para os diretos televisivos e das frases que estes selecionam. Mas falam principalmente para dentro. O povo que sentem é o seu povo, não o eleitorado.
Os partidos têm modos de organização fechados e claramente ultrapassados, o que se traduz na incapacidade de mudar o modo de abordar as eleições. As campanhas, presas ao século passado, parecem resultar mais de omissão do que de uma resposta pensada e estruturada em função dos objetivos e do contexto atual. A que eleitorado pretendem apelar? Que mensagem clara, diferente dos outros, pretendem passar a esse alvo?
O modo de aceder à informação e, consequentemente, de formar a escolhas dos eleitores mudaram radicalmente. Com a variedade e capacidade de controlo dos meios de comunicação disponíveis, cada um de nós pode escolher e escolhe exatamente que informação pretende obter e considerar. Não precisa de ouvir e ler tudo. Ouve e lê só o que lhe interessa, a sua informação.
Esta flexibilidade altera profundamente a nossa ideia convencional de democracia convencional, na qual os cidadãos eram expostos a diferentes perspetivas e escolhiam depois de as avaliar.
Este contexto político torna muito mais fácil a definição de mensagens especificas para eleitorados específicos. Mas abre também caminho à criação de ilhas comunicacionais, cujo resultado é a polarização do debate sobre as propostas políticas, cujos perigos são os extremismos e a incapacidade de os combater, que até já são bem visíveis mesmo em Portugal.
Os partidos terão mesmo de se adaptar rapidamente ao mundo em que vivem! É demasiado perigoso que não o façam.
19 Julho 2025
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