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BRT: 76 milhões para a Linha 43

Travão de mão

BRT: 76 milhões para a Linha 43

Ideias

2025-04-20 às 06h00

Mário Meireles Mário Meireles

O BRT de Braga prometia, em 2012, revolucionar o serviço de transportes públicos do concelho, e reduzir a necessidade de usar o carro para as deslocações, oferecendo um nível elevado do serviço de transportes públicos.
Primeiro vimos as ideias da transformação das Avenidas que compõem a Rodovia, chamavam-lhe a “Nossa Avenida”, ideia essa que foi transformada em Projeto de Arquitectura, assinado por José Gigante; em 2017, e onde se ia avançar com a renovação da avenida da liberdade, introduzindo ciclovias e uma via dedicada a transportes públicos.
A ideia original era que esta via dedicada a transportes públicos (uma via bus) evoluísse numa segunda fase para canal dedicado (um BRT).
Este projeto teria um custo de implementação de 4,3 milhões, foi aprovado em Executivo e Assembleia Municipal. Portanto, o Município já tem há 8 anos um projeto para a rodovia que contempla ciclovia e canal bus.
Há dias ficamos a saber que o anúncio de 2 linhas BRT, com uma primeira rede de 12 km, que se cruzavam na rotunda das piscinas e orçamentado em 100 milhões, afinal foi reprogramado.
Segundo as notícias e as declarações municipais, a reprogramação deve-se à falta de estudos que respondam a pedidos da IP. No meio de tantos estudos pagos, encomendados, alegadamente necessários e fundamentais, não há estudos de tráfego… algo elementar.
Agora prometem fazer apenas uma linha por 76 milhões, onde se presume que esteja incluída a frota e um PMO para o BRT, lançar concurso e fazer os 6 km num tempo record de 14 meses. Recorde-se que os TUB prometeram ter o seu PMO pronto em 2018, e ainda hoje não entregaram essa promessa e a Avenida da Liberdade (1 km) demorou mais de 12 meses, só em obra!
E digo presume-se porque este processo não é transparente nem envolve as pessoas, o “BRT” continua no segredo dos deuses.
Ainda não sabem se a linha vermelha atravessa o campus para servir 15 mil pessoas, ou se circunda o campus, mantendo os clientes longe, a entrar e sair na Rotunda da Universidade, sem aliviar aquele ponto de conflito, e põe o serviço a andar às voltas. 
Por muito que tentem argumentar a favor da circundução do campus, será sempre uma solução má para os estudantes e funcionários que queiram ou precisem dos transportes públicos. 
Para os docentes que querem ter o privilégio de levar o carro até perto do gabinete ou da sala de aula, interessa-lhes que não se permita a mudança. Daí que defendem a solução da circundução do campus e consigam justificar o rebentamento de rocha e destruição da mini floresta que o campus tem, como sendo a melhor opção. Quando atravessar o campus pela infraestrutura já existente é uma pequena obra e pouco intrusiva.
A concepção deveria estar feita no desconhecido Estudo Prévio, mas falta o anteprojeto para se fazerem os licenciamentos. Não havendo anteprojeto, o risco do licenciamento fica com o empreiteiro? Quanto mais custa essa partilha de risco?
Lançar um concurso público agora, com toda esta indefinição, aumenta o risco e aumenta os custos. Não havendo um consenso político alargado, que não há, um concurso público lançado agora fará com que a obra só se inicie com o novo executivo. Esse novo executivo cabe à população escolher.
Não sabendo ainda como se atravessa o campus, nem até onde vai a linha vermelha, então a que corresponde essa linha vermelha? Nada mais nada menos do que à Linha 43 que hoje existe nos TUB, um shuttle entre a Estação CP  e o Campus de Gualtar da Universidade do Minho.
É essa a linha que revoluciona a mobilidade da cidade ou do concelho? É essa a linha que vai retirar pressão automóvel e vai captar mais clientes para os TUB? Não, não é.
Então está-se a “enterrar” 76 milhões exatamente em quê? Ou fez-se isto tudo para “enterrar” os TUB?
Já que tomaram a decisão política de não avançar com a linha amarela, quais serão então as medidas introduzidas para mitigar todos os problemas identificados em três dos eixos com maior sinistralidade rodoviária de Braga: a Avenida António Macedo, Av. Padre Júlio Fragata e Av. Frei Bartolomeu dos Mártires? Qual é o plano alternativo e de contenção dos problemas? Decide-se não agir para fazer face aos problemas?
O traçado do transporte público é sempre uma decisão política, sendo que a decisão deve estar sustentada na real necessidade de mobilidade. A Rodovia precisa de uma regeneração sim, mas não é a linha 43 que resolve o problema da mobilidade em Braga. E continuamos sem saber como vai ser tudo regenerado nestas avenidas.

Desde 2017 até 2025 o BRT foi encolhendo. Corremos o risco de cometer erros crassos como noutras cidades do país vizinho.

A mobilidade induz-se.



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