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Braga no Governo

Como o Mecanismo de Ajuste de Carbono nas Fronteiras pode afetar o Comércio Internacional

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Braga no Governo

Ideias

2024-04-16 às 06h00

João Marques João Marques

Agora que são conhecidos os rostos que compõem o Governo liderado por Luís Montenegro, devo dizer que foi com agrado que assisti à indicação de vários nomes de grande qualidade e distintos perfis oriundos do nosso distrito.
Fernando Alexandre, com quem tive a oportunidade de me cruzar nos corredores do Ministério da Administração Interna, no XIX Governo constitucional, dispensa apresentações. É um dos académicos mais reconhecidos da Universidade do Minho e alguém profundamente empenhado na investigação e problematização dos eternos entraves ao crescimento da economia portuguesa. Entre eles, repetidamente elencou a necessidade do fomento da relação entre o ensino superior e as empresas. De resto, um dos seus últimos papers foi justamente sobre como incrementar a ligação entre as universidades e a indústria.
Para além de um currículo académico inatacável, tem tido experiência prática na gestão da universidade e direta participação na denominada sociedade civil, onde marcou de modo impressivo as suas passagens no Comité Económico e Social e na Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Tem um perfil conciliador, mas determinado, sabendo exatamente o que pretende, pelo que deverá ser uma das boas surpresas deste governo, numa das pastas mais exigentes no plano político, técnico e humano.
Um outro Ministro vindo do distrito é José Manuel Fernandes. Até agora eurodeputado, tem granjeado um enorme respeito no Parlamento Europeu, mas também nas demais instância europeias de “governo” como a Comissão Europeia e o Conselho. Reconhecido pela sua capacidade de trabalho e por um domínio meticuloso dos dossiers orçamentais da União Europeia, a sua experiência e ascendente nos corredores de Bruxelas aliados ao apego pelos produtos, cultura e tradições portugueses, fazem deste experiente político do PSD uma aposta com todas as condições para se afirmar como um dos melhores ministros do executivo.
De Guimarães para a Presidência do Conselho de Ministros vai Rui Armindo, alguém que conheço bem e a quem reconheço um perfil de enorme qualidade intelectual e com sentido de ação, quer dizer, com uma noção muito bem estru- turada sobre o que fazer e como fazer. A sua larga experiência no setor privado e a capacidade política que sempre demonstrou na vida pública, fazem dele mais um excelente representante do distrito de Braga em Lisboa.
Não posso igualmente deixar de saudar a escolha de Clara Marques Mendes para Secretária de Estado da Ação Social e Inclusão. Uma deputada com largos anos de dedicação muito concreta às temáticas do emprego e da segurança social vê chegado o momento de trocar as vestes tribunícias pelas executivas. Poucas pessoas existirão no país com conhecimento tão claro e experimentado nesta área, pelo que, também aqui, o país pode confiar na sagacidade e bom senso de alguém cuja principal preocupação no exercício dos cargos públicos tem sido a de dar prioridade às soluções que melhorem a vida das pessoas.
Finalmente, podia ainda incluir aqui Carlos Abreu Amorim, cuja ligação ao concelho de Braga e à Escola de Direito da Universidade do Minho é há muito conhecida. O seu espírito combativo, a experiência parlamentar e o conhecimento académico serão seguramente imprescindíveis para que o Ministério dos Assuntos Parlamentares, o local de charneira entre o Governo e a Assembleia da República, possa potenciar o diálogo construtivo e substantivo em torno das políticas que interessam aos portugueses e não dos políticos que só se interessam por si próprios.
Mas este não é um texto laudatório, nem tampouco pretende ser uma elegia sobre os “inconseguimentos” do anterior executivo.
O que conta e importa é que a missão da atual equipa governativa aponte a que Portugal atinja um patamar de sustentabilidade e crescimento ao nível do seu potencial. Os portugueses precisam perceber que o fado do miserabilismo é canto do passado e não profecia quotidianamente recauchutada.
Sim, é possível fazer deste país uma referência internacional. Apesar de algumas desvantagens geográficas que sempre condicionaram a ligação de Portugal às cadeias de produção europeias, existem inúmeras oportunidades não só de as superar como de construir um novo paradigma económico e de desenvolvimento que perceba as vantagens de um tempo em que essa condição geográfica não é já decisiva, nem sequer desvantajosa, face ao que queremos e podemos atrair para o nosso país.
Em Braga, e inspirando-me num dos pressupostos e ensinamentos que o Professor Fernando Alexandre tantas vezes repete, temos condições porventura ímpares para liderar esse processo, onde a centralidade do “Made in” é substituída pela disrupção do “Created in”. Podemos e devemos fomentar a vinda e manutenção dos melhores e mais capazes para um concelho e um distrito onde as ideias são o principal motor indutor de crescimento, onde a criatividade é abraçada não só como um ativo, mas antes e sobretudo como um desígnio. Esse sim será o maior contributo de Braga para o governo de Portugal.

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