Um caos ou um caso de sucesso
Ideias
2012-05-15 às 06h00
Vem aí a semana da ‘Braga Romana’, evento que cada vez mais cativa as pessoas, bracarenses e não só, e promove um salutar espírito de convívio, baseado na inspiração histórica.
Os tempos de Bracara Augusta estão documentados nos vários vestígios arqueológicos que Braga timidamente ostenta, sem lhes dar um grande valor.
Quantos bracarenses saberão que as guias graníticas no Largo de S. Paulo pretendem evocar as habitações romanas que ali foram exumadas? Ou quem associa as pedras que se encontram à entrada da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva a um embasamento de um pórtico que circunscreveria uma das maiores ruas romanas de Bracara Augusta? Cremos que poucas, ainda que também tenhamos esperança que este cenário se vá invertendo com as sucessivas atividades promovidas pela JovemCoop, que visam aproximar os cidadãos ao seu património e contextualizar as heranças que nos foram legadas.
Ainda assim, há proprietários de estabelecimentos que tentam extrair mais-valias do legado histórico com que foram presenteados aquando das re- formulações e obras nos seus edifícios.
O atual molde da ‘Braga Romana’ tem mérito no espaço que promove de convivência entre pessoas, escolas e associações, dando, à moda romana, um espetáculo de “pão e circo” a quem assiste de fora, isto é, 5 dias de entretenimento, com lutas de gladiadores, animação de rua, um espaço de mercado com vários produtos e tendinhas de comida romana.
Braga começa a sorver bons dividendos desta aposta, porque há mais pessoas/entidades a querer integrar este evento e há cada vez mais gente, nas ruas, a assistir aos espetáculos e a dar a sua voltinha pelo mercado romano. Este pode ser um cartão de visita de excelência, que distingue Braga de outras cidades, no panorama turístico. Afinal, uma cidade que explora a sua identidade está a criar um fator de diferenciação positiva, que as pessoas vão querer conhecer, incentivando o turismo e incrementando a economia.
A ‘Braga Romana’ cumpre, este ano, a sua nona edição, com os mesmos cortejos, recriações históricas e espaços de mercado, numa lógica de continuidade de entretenimento.
Mas imaginemos a ‘Braga Romana’ como um evento mais congregador, em que se mantém o espaço de recriação histórica, mas se introduzem ações de conhecimento pedagógico, se induzem as pessoas a visitar os vestígios arqueológicos e “catequizar” os habitantes para os nossos legados históricos.
A partir dos vestígios arqueológicos, pode-se celebrar os 2000 anos de Bracara Augusta e pensar estratégias para os próximos dois milénios, isto é, encorpar ideias sobre a reabilitação urbana, fruição da cidade, aposta na economia local e maior enlevo turístico, baseadas na sustentabilidade do património arqueológico/cultural.
Seria importante, além dos 5 dias de Inspiração histórica, dotar a ‘Braga Romana’ de ações de conhecimento a vários níveis, que podem ser encaradas como uma face mais séria ou pedagógica do evento, desde conferências, a visitas guiadas aos vestígios arqueológicos, passando por fórum de ideias e debate de opi-niões sobre a indústria do património.
Aquilo que se pretende é dotar a cidade, que se orgulha de ter o estatuto de município há 2000 anos, de mais conhecimento a par do entretenimento. Um visitante que se desloca a Braga durante a ‘Braga Romana’ absorve o entretenimento, mas não há ação alguma que incentive o visitante a conhecer como era Bracara Augusta. Este pode ser um contributo para que a “Braga Romana” seja um evento de maior distinção e que promova não só a cidade, bem como a cultura e o turismo de forma mais pedagógica, a partir de um programa mais globalizador e enriquecedor.
21 Maio 2022
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