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Braga do Passado

Carta de Baden-Powell aos Pais1

Braga do Passado

Ideias

2024-12-10 às 06h00

João Marques João Marques

De quem é a foto que ilustra esta crónica, perguntará qualquer bracarense com menos de 60 anos? “Ninguém, se já nem o leitor o conhece”, dira eu citando os escritos de Almeida Garrett.
Ninguém do presente entenda-se. Tenho respeito por qualquer pessoa que, como o candidato socialista, tenha tentado servir o seu país através da ação política, mas não posso deixar de o enquadrar no contexto a que não queremos nem podemos voltar.
Dois nomes servirão de bússola para o que aqui pretendo deixar na pedra: José Sócrates e Mesquita Machado. Sim, José Sócrates e Mesquita Machado enquadram a vida e obra política de António Braga. Do primeiro foi eterno Secretário de Estado das Comunidades no Governo da república, do segundo destacado compagnon de route na Assembleia Municipal aqui no burgo.
Se nos EUA me encontrasse, largaria agora a caneta com um gongórico “I rest my case”.
Como estamos em Portugal, permitam-me elaborar. Sócrates, o tal, o ex-Primeiro-Ministro, acusado de corrupção e campeão do lançamento do recurso em altura e comprimento.
O do apartamento em Paris pertencente ao amigo, o dos pedidos de envelopes, dos pedidos de garrafas de vinho e, mais do que tudo, do pedido de resgate financeiro. Enquanto Sócrates governava, António Braga passeava-se pelo mundo, exercendo a diplomacia económica junto de arautos da democracia mundial como o venezuelano Chavez. Foi, de resto, o autor de uma restruturação consular que teve o condão de, pela primeira vez, colocar os emigrantes na diáspora reunirem-se em manifestações de protesto. Há que saber agregar...
De 2005 a 2011 foi totalista dos governos que levaram Portugal à bancarrota, tocando viola d’arco na orquestra do país feito navio esventrado, enquanto decorria o naufrágio. Não se lhe conhece um reparo ou dissenso da mirífica avalanche socratista, que tudo tomou ou quis tomar nesta pobre nação.
Enquanto isso, e até 2013, mantinha o postigo aberto para a província, exercendo o cargo de presidente da Assembleia Municipal de Mesquita Machado.
Assistiu impávido e sereno às diatribes de Mesquita, aos exercícios despóticos de um poder corroído pelo tempo e corrompido pelo hábito. E nada disse.
Viu as Sete Fontes em avançado processo de privatização e nada disse. Viu o betão a tomar conta da cidade e nada disse. Viu um estádio megalómano a desbastar as finanças do município e nada disse.
Pelo meio perdeu eleições internas no PS Braga e reconduziu-se ao silêncio dos (pouco) inocentes, num exílio que prenunciava a reforma de que agora sai não se percebe muito bem porquê. Ou melhor, percebe-se.
Não se condena a disponibilidade para ir à luta, mas todos sabem que Braga é o mínimo denominador comum do PS para Braga. O único elo que permite juntar os verdadeiros contendentes - Pires, Feio e Sousa - às correntes da passividade, anestesiando qualquer ímpeto de agressividade eleitoral que pudesse fragmentar ainda mais o já esquartejado PS concelhio.
Reza a lenda que Pedro Nuno Santos terá negado a Sousa a hipótese de ser candidato, oferecendo-lhe em alternativa Artur Feio ou António Braga. Diz, ainda, a lenda que Sousa encafuou Feio, escolhendo Braga como coveiro da esperança de Artur. Não porque António pudesse vencer, mas porque Artur jamais poderia sonhar em ganhar.
Na matemática, diz a regra que menos com menos dá mais. Na política...não.
Significa isto que, a partir daqui, são favas contadas para o PSD? Nada disso, mas manda o bom-senso, a memória e o mínimo respeito pelos bracarenses que se diga que ninguém quer voltar a um tempo que foi julgado e sumamente condenado em 2013 e ultrapassado, a muito custo, ao longo dos últimos 11 anos.
Podemos ter maior ou menor simpatia e apreço pelo que Ricardo Rio e a Coligação que lidera fizeram nesse período, mas ninguém acredita que sejam as figuras recauchutadas do passado que consigam trazer a Braga mais ou melhor futuro.
O contraste com a Coligação não podia, por isso, ser mais evidente. Onde uns oferecem marcha-atrás, a Coligação põe prego a fundo no pedal da inovação; onde uns reacendem os fogos-fátuos do antigamente, a Coligação ousa dar um novo ímpeto e folgo no exercício do mandato, escolhendo alguém que pode efetivamente trazer novidade, aportar valor e incrementar o passo rumo à plena concretização do potencial do nosso concelho.
A próxima eleição não será, então, para o PS, uma verdadeira disputa pela autarquia, mas um intrincado exercício interno de contenção de danos com direito a pelourinho público onde se incendiará o candidato oficial, advertindo-se o mal informado público que não se trata de uma queimada, mas de fogo de artifício. Tudo para que os putativos candidatos que não o foram, possam ainda sonhar em sê-lo dentro de quatro anos.

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