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Ideias
2025-01-14 às 06h00
“A política cultural de Braga tem de ser um trilho que não tem retorno” e o ano de 2025 “tem de ser um grande momento de exaltação da cultura portuguesa”. Convoco agora estas duas frases de Ricardo Rio, proferidas na sequência do anúncio da recuperação das capitais portuguesas da Cultura (CPC), numa altura em que a capital do Minho se prepara para iniciar essa maratona.
Convirá recordar que a “conquista” do título que Braga vai ostentar a partir de 25 do corrente resultou tão somente da derrota da candidatura bracarense a Capital Europeia da Cultura (CEC) 2027, aliás como sucedeu com as outras duas cidades finalistas – Aveiro, que foi CPC em 2024, e Ponta Delgada, que o será em 2026.
Na altura, o presidente da Câmara de Braga garantiu que “o nosso não-sucesso na candidatura a CEC não condicionou em nada a nossa estratégia cultural”, embora reconhecendo, que “diminui os recursos, obviamente, (mas) não diminui em nada o nosso compromisso com a cultura”. Aliás, também asseverou desde logo que serão levadas a cabo muitas das actividades inseridas na gorada candidatura a CEC, as quais constam da estratégia cultural 2030, definida pelo município.
Desse ponto de vista, o grande objectivo delineado pelo autarca será o de Braga se assumir e afirmar permanentemente como “uma capital de cultura, seja nacional, seja internacional”.
Acredito que essa será uma meta que nenhum bracarense enjeita, bem pelo contrário. Porém, a história mostra-nos que para transformar um desígnio em realidade há que percorrer um longo e difícil caminho, um percurso repleto de obstáculos, frequentemente tão intransponíveis que fazem gorar a almejada transformação.
Escrevo este texto antes da apresentação pública do programa da CPC 2025, cuja parte respeitante ao primeiro trimestre ocorreu ao final da tarde de ontem. Mesmo assim, e fazendo fé nas múltiplas declarações de diversos responsáveis, para além do próprio edil, quero acreditar nas palavras de Cláudia Leite, então responsável pela programação.
Segundo anunciou na altura em conferência de Imprensa, a programação pretende incluir todos os agentes locais e todas as dimensões artísticas, garantindo que essa transversalidade será “ponto de honra” da organização da CPC 2025. “O que se pretende – concluiu aquela responsável - é que haja uma Braga diferente depois de 2025, e que a capital deixe um legado que perdure no tempo”.
Na mesma linha de coerência, a responsável que lhe sucedeu afirmou tratar-se de um trabalho de continuidade na aposta cultural da cidade, que conta com uma “grande mobilização” de cerca de 170 parceiros locais, a que acrescem 50 parceiros nacionais e 40 internacionais. “A Capital Portuguesa da Cultura é um título de ambição nacional que quer também posicionar a cidade além-fronteiras”, garantiu a coordenadora Joana Meneses Fernandes.
Creio que a questão de fundo, aquela que na verdade deve preocupar Ricardo Rio e o restante executivo municipal, se prende justamente com as vantagens de envolver o maior número de parceiros locais e com o legado que ficará para o futuro desta Capital Portuguesa da Cultura.
Os muitos milhões disponibilizados não podem esgotar-se apenas num conjunto de grandes espectáculos, com artistas renomados. São eventos importantes e essenciais, tanto mais que será através deles que Braga ganhará maior visibilidade, além de contribuírem para atrair turistas que, naturalmente, ajudam a promover e desenvolver a economia regional. Porém, não basta! Assume também particular relevância a necessidade de incentivar a criatividade e a inovação, estimulando a produção artística e cultural locais, para o que é imperioso envolver a comunidade, único caminho para valorizar e preservar tradições culturais e artísticas, muitas das quais parte integrante da identidade de Braga e da região.
Ao acentuar que a Capital Portuguesa da Cultura “não é um acto isolado”, mas sim “mais um momento de uma estratégia que se tem vindo a alicerçar” na cidade e que, por isso, “não se deve esgotar” no final do ano de 2025, Ricardo Rio assume um compromisso claro. E vai inclusive mais longe, ao especificar ser sua vontade que “Braga represente um espaço de criatividade, de inovação, em que a cultura está muito intrincada, no seguimento da nossa estratégia cultural 2030, que é o nosso guião de bordo”. Nesse sentido, também não deixou de relevar, como aspecto extremamente positivo, a importância de levar as iniciativas culturais para fora dos espaços tradicionais, inclusivamente para a própria rua, por forma a torna-las ainda mais acessíveis a um maior número de pessoas.
A pouco mais de uma semana da abertura oficial de “Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura”, e considerando a parte da programação que já foi tornada pública, não haverá grandes motivos de preocupação. Aparentemente, e conforme se pode inferir das sucessivas declarações de diversos responsáveis, os aspectos essenciais, designadamente aqueles que terão a ver com o legado da CPC, estarão acautelados. Mas apesar disso, não obstante alguns sinais francamente animadores, nunca será de mais lembrar a imperiosa ne- cessidade de cumprir o guião na sua totalidade, o que passa igualmente pela requalificação de equipamentos culturais, parte dos quais têm sido votados ao abandono. Essa também terá que ser uma das marcas que se espera poder ficar para o futuro.
13 Fevereiro 2025
13 Fevereiro 2025
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