Maximinos: Educação Projetada para o Futuro
Ideias
2024-05-12 às 06h00
Os 50 anos de Democracia, que vivemos desde que o regime do Estado Novo terminou, têm permitido aos portugueses atingirem índices de liberdade a que não estavam habituados.
Ninguém quererá voltar aos tempos em que valores essenciais dos cidadãos estavam limitados, muito devido à ação dos agentes da PIDE/DGS e aos denominados “bufos” que proliferavam no nosso país.
Quando passam 50 anos do 25 de abril, temos conhecimento de membros da PIDE, naturais de Braga, que espalharam a sua severidade pelo país e pelas colónias portuguesas.
O Ministério da Administração Interna, através do Secretariado Técnico dos Assuntos Políticos (Lisboa, 1975), publicou uma lista de Agentes da Ex-PIDE/DGS, que se encontravam ao serviço quando ocorreu o 25 de abril de 1974.
Nessa lista, a pedido da Comissão Sindical Central dos Trabalhadores da Empresa João Cândido Belo& Cª, Ldª, o Estado Maior General das Forças Armadas alertava para o “número infinito de fichas existentes nos Arquivos da extinta DGS, enviando a lista o mais completo possível de Agentes da Ex-PIDE/DGS, ao serviço a 25 de abril de 1974.
Nesse documento podemos verificar a existência de alguns bracarenses, que exerciam na altura cargos nessa Polícia Internacional de Defesa do Estado, que agora lembramos:
Avelino Narciso Batista Baía, guarda prisional - Moçambique, filho de Avelino Pereira Baía e de Maria Augusta Fernandes Baía, natural de S. Victor. Nasceu a 4 de setembro de 1912;
João Batista de Oliveira Carvalho, agente de 1.ª - Moçambique, filho de João de Carvalho e de Joaquina G. Martins de Oliveira, natural de Sequeira. Nasceu a 10 de abril de 1937. Era casado com Maria Adelina Vieira Borges Macedo;
André da Costa Ferreira, agente de 2.ª, filho de Manuel Ferreira e de Rosa da Costa, natural da freguesia de Nogueiró. Nasceu a 1 de novembro de 1936. Era casado com Beatriz da Silva Soares;
Francisco Lourenço Gomes, agente de 1.ª Angola, filho de Manuel Lourenço Gomes e de Ana Teles, natural de Sequeira. Nasceu a 26 de novembro de 1924. Era casado com Aurora de Jesus Rodrigues Mendes;
José Moreira Gonçalves, agente de 1.ª Timor, filho de António Gonçalves e Madalena Dias Moreira, natural da freguesia da Graça, concelho de Braga. Nasceu a 5 de agosto de 1938. Era casado com Maria de Lurdes de O. Salgueiro Gonçalves;
António Prata Pinheiro, agente de 2.ª - Angola, filho de José Pinheiro e de Teresa Prata Pinheiro, natural de S. João do Souto. Nasceu a 10 de julho de 1942. Era casado com Maria do Céu de Lima Vieira a Pinheiro;
Amadeu das Neves Ribeiro, agente de 1.ª, filho de António Joaquim Ribeiro e de Joaquina Neves de Castro, natural de Maximinos. Nasceu a 26 de dezembro de 1935. Era casado com Adelaide Vitorino Gomes.
Daniel Carlos Veloso de Oliveira, apesar de não ser agente da PIDE/DGS, exercia a função de “administrativo e auxiliar da ex. PIDE/DGS”. Nasceu em Braga a 24 de fevereiro de 1939. Era casado com Guilhermina Odete dos S. Oliveira e encontrava-se ao serviço quando ocorreu a Revolução dos Cravos.
Existiam ainda alguns bracarenses, agentes e pessoal administrativo da ex-PIDE/DGS, que tinham sido exonerados antes do 25 de abril de 1974, dos quais se destacam:
António Gomes da Costa, agente de 4.ª, filho de António Joaquim Esteves e de Emília Gomes da Costa, natural de S. Victor. Nasceu a 15 de setembro de 1917;
António Soares da Costa, Guarda prisional eventual, filho de Albino Soares da Costa e de Maria da Conceição Fernandes, natural do concelho de Braga. Nasceu em 11 de agosto de 1928;
José Ribeiro da Costa, agente de 2.ª, filho de Agostinho de Sousa Costa e de Amora Pereira de Carvalho Ribeiro, natural de Crespos. Nasceu a 1 de janeiro de 1932; Rogério Augusto Guimarães Lajes, agente de 2.ª, filho de Eduardo Augusto Lajes e de Maria Júdice Bornão Lajes, natural de Maximinos. Nasceu a 25 de novembro de 1937.
Ao serviço da PIDE/DGS existia ainda um grupo de agentes do sexo feminino, que se destinava a vigiar e repreender, das mais diversas formas, as mulheres que demonstrassem ser contra o regime de Salazar. Segundo o "Dossier P.I.D.E. - Os Horrores e Crimes de uma Polícia". (Lisboa. 1974), estas agentes da PIDE usavam pistolas e revólveres nos soutiens e treinavam-se na carreira de tiro na Serra da Carregueira.
Uma das agentes da PIDE mais temidas era a célebre “Teresa de Braga”, destacada por Irene Pimentel, na sua obra “O essencial sobre a PIDE”.
Trata-se de Teresa da Costa Ribeiro Leite, agente feminino de 1.ª, filha de José da Costa Araújo e de Maria Conceição Ribeiro Leite. Nos ficheiros da PIDE encontra-se como sendo natural do Soutelo, concelho de Braga, embora esta freguesia pertença ao concelho de Vila Verde. Nasceu a 17 de agosto de 1930.
Irene Pimental lembra o episódio, ocorrido em 1966, envolvendo Mariana Janeiro, que “foi sujeita ao suplício do sono, durante dezoito dias e dezoito noites, e espancada de tal forma na cabeça que lhe romperam a membrana do ouvido esquerdo”.
Irene Pimentel destaca ainda que “Deitaram-lhe água pela cabeça, para que não desmaiasse, fizeram-lhe dar voltas a uma mesa e saltar para cima das cadeiras”. Como consequência, “Mariana ficou com a memória afetada e sem conseguir lembrar-se dos nomes de todos os que a supliciaram, mas recordou um deles, que lhe bateu com uma matraca até lhe deixar o corpo todo negro e «inchada que nem uma pipa»”.
Novamente presa, em julho de 1967, “queimaram-lhe os olhos com fósforos e submeteram-na, de novo, a treze dias de tortura do «sono», além de ser brutalmente espancada pela agente «Teresa de Braga», que lhe deslocou o braço, com um murro. Ficou então sem dormir, durante treze ou catorze dias, recebendo muita pancada na cabeça”.
A agente “Teresa de Braga” terá sido uma das mais temidas agentes da PIDE/DGS.
Numa altura em que os extremismos avançam na Europa, é sempre importante recordar aqueles que contribuíram para a intolerância e para a tortura, para que outros não lhe queiram seguir o exemplo.
18 Janeiro 2025
18 Janeiro 2025
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