Correio do Minho

Braga, sábado

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Botas, ilhós e ...cordões

Analogias outonais

Ideias

2016-11-04 às 06h00

Borges de Pinho Borges de Pinho

Há botas, botins e botifarras, e respectivos cordões ou atacadores, que despertam a nossa atenção, designadamente quando usadas por forças militares ou paramilitares, especiais ou nem tanto, mas que por norma infundem muito naturalmente todo um sentido de autoridade, de respeito, de ordem e de aparato. Por via de regra, admita-se, “casando” bem e “falando”correctamente a linguagem comportamental, de exigência, de segurança e de poder de intervenção dos seus utilizadores. E, reconheça-se, tenham ou não muitos ilhós e sejam compridos e fortes os seus atacadores ou cordões, a grande realidade é que tais peças, integrando e fazendo parte de fardas e equipamentos de alguns grupos e entidades especiais, transmitem sempre, aliás devido às suas natureza, forma, aparato e rigidez, toda uma segurança que se tem vindo a “conjugar” com alguns receios e temor de que não sejam usadas devida e utilmente por quem as deve e pode utilizá-las, gerando por vezes sérias interrogações e pertinentes dúvidas quanto à necessidade, legalidade e correcta acção ou intervenção concreta de seus portadores.
Aliás, se nunca tivemos ou sentimos paixão por tão típico e especial calçado, mesmo quando prestámos serviço militar, a incontornável realidade é que sempre muito nos perturbou, e cansou, a multiplicidade prolixa dos ilhós e suas casas sobretudo devido à necessidade de correctos enfiamentos, de enquadramentos em conformidade e de um mais ou menos perfeito ajustamento, mas sempre a reclamar mais ou menos adequados apertos ou puxões dos atacadores ou cordões. O que nos levou, muitas vezes diga-se, a ficarmo-nos por um indefinido, simples, amorfo e ligeiro cruzar de tais cordões ou atacadores, quedando-nos feliz e realizado quando, ainda que mais ou menos lassos e atravessados nos ilhós, obstassem à saída dos pés. Mas se tudo isto pode sugerir e suscitar questões e dúvidas da mais prosaica filosofia quanto a um qualquer espírito militarista, sua existência e manutenção na actual conjuntura sócio-económico-político-mundial, e especialidades anexas, ou mesmo perturbantes conjecturas e críticas em termos da nossa indústria do calçado e sua esfera de exportações, a grande verdade é que foi o próprio orçamento para 2017 que nos provocou tal evocação e nos conduziu a todos estes considerandos e converseta, devido às suas semelhança e compaginação com uma botifarra luzidia de cordões brancos (com a “alvura” e “candura” da falsa inocência para “levar” palermas e seduzir os que a têm de calçar). Uma botifarra, diga-se, que, escondendo e tapando mal umas peúgas sujas e até rotas, possivelmente acobertando todo o seu incomodativo ”chulé”, se tenta impingir para calçar o povo português no próximo ano de 2017.
Na verdade, pelo que se diz e proclamam os seus mentores, e outros apaniguados e comentadores tidos por espertos e inteligentes, ou arregimentados, o orçamento congeminado e que vem sendo discutido assemelha-se e tem mesmo a forma e a encarnação de uma botifarra de cabedal de refugo, com precária solaria e muito discutível textura para, puxando-se um atacador aqui, tornando-se lasso um outro, apertando-se aqui e ali e jogando-se com os ilhós, mesmo cruzando-se cordões e “esquecendo” um buraco ou outro, ser possível calçar o povo português durante um ano de governação, convencendo-o de que fica confortável e feliz com a peça feita. Aliás uma peça elaborada, cortada e manufacturada pelos malabarismos, habilidades e artimanhas do artesão Centeno (pouco crente e cada vez mais triste) e seus ajudantes, “abençoada”, direccionada e acondicionada por um Costa cada vez mais nédio, risonho, cínico e ovante face à “caixa” dos sorrisinhos maléficos e subterfúgios espertos das Mortáguas e quejandas do Bloco e de um calculista “esperar para ver” do Jerónimo. E já agora, perante todo um silêncio de satisfação e de inacção dos Arménios, Avoilas, Nogueiras, CGTP e outros, todos vivendo um certo “convencimento” de fachada e uma “manhosa” acalmia, porque de manifesta conveniência política-social e ajustada à paz podre que se intenta manter e a uma governação que, mais podre ou menos podre, não se quer de modo nenhum deixar fugir.
Na verdade, quem ainda tem pachorra para ouvir o paleio dos “mostrengos” da política, alapados na mama do parlamento, fica de todo “estarrecido”, parvo e enredado pelas mentiras, ataques, acusações, inverdades e baboseiras eleiçoeiras dos intervenientes e cada vez mais convencido de que o orçamento para 2017 não passa de uma “gorda” e conveniente mentira para levar todo um povo, os mais fracos e os mais carentes, e para Bruxelas ver, poder acreditar e mandar dinheiro, ainda que com dúvidas, incertezas e pedidos de esclarecimento. Aliás as interrogações subsistem quanto ao déficit, sendo ainda muito hipotético e falacioso tudo quanto diga respeito a cortes ou não nas pensões, a aumentos ou não de vencimentos, a “proezas” fiscais, a anúncios de melhoria na vida de todos os portugueses, quando é de todo incontornável, e seguramente inquestionável, porque reais e já sentidas, a subida do custo de vida, a alta no preço de certos produtos e serviços, o gravoso aumento da carga fiscal e todo um crescente e inelutável agravamento da situação de todo um povo. Cada vez a ser mais nivelado por baixo, e bem por baixo, com o cidadão comum a ver-se crescer em toda uma pobreza, encoberta ou nem tanto, enquanto os “tubarões” da banca e da política, e seus apaniguados, toda a conhecida e falada “esquerda do caviar”, e seus utentes, e os próceres da governança se vêm “lambusando” com o poder e vêem cada vez mais crescer e melhorar a sua situação de vida e subir o seu nível económico e social, sempre usando e abusando dos escaparates da fama e de um useiro e já habilidoso “comércio” com os media. Entretanto, questões tão importantes e significativas de vivência social e humana como a igualdade, a solidariedade, a preocupação pelos mais fracos e de ridículos rendimentos, a luta pela sua subsistência e toda uma atenção cuidadosa em se vencer e ultrapassar misérias de vida e a pobreza não vão além de meras, ocas e ocasionais conversetas, de ilusórias e propagandeadas medidas, aliás de todo “enroladas” e “perdidas” num paleio balofo, politiqueiro e eleitoralista, já que interessa tão só manter o poder e bem oleada a máquina da política e da governação, conservando, mantendo e criando cada vez mais lugares de mando, de conforto e de aparato social.
E se é inconfundível já todo um odor pestífero e incomodativo a “chulé”, interrogamo-nos de que modo o governo, com tal botifarra e seu uso no tempo, vai conseguir convencer o povo de que os seus joanetes, verrugas, calos e “vermelhões” vão mesmo resistir e aguentar a tais apertos, ainda que se possa pensar e prometer um alargamento no futuro para tirar as dores e os incómodos que se adivinham, sabendo-se de antemão que de promessas, e então de políticos, está o inferno cheio. Até porque estamos convencidos que nem o poder, nem a oposição, dispõem de momento de podologistas à altura para fazer face às mazelas que já se sentem devido aos apertos feitos e que, muito naturalmente, se agravarão com o caminhar nesse ano de 2017 com a botifarra do seu orçamento. E esqueçam-se e não se iludam com quaisquer eventuais e bolçados aplausos dos actuais senhores da política, dos conhecidos “abutres” da vida pública e governativa da nação, e anote-se e registe-se sobretudo a estupidez crassa, ignorância congénita e falta de inteligência do próprio povo, sempre crente e nada entendendo. Que vem vivendo “iludido” com uns euritos de avançados e propalados aumentos e de umas hipotéticas diminuições no IRS, mas esquecendo e ignorando de todo em todo, e de uma forma besta, diga-se, os reais resultados e consequentes efeitos perversos do peso dos impostos ora criados, directos ou indirectos, já a repercutirem-se na subida do custo de vida, na alta dos preços e dos serviços, designadamente através do “camuflado” de “taxas” “arremessadas” a certos produtos. Uma inflação e uma subida do custo de vida que de todo em todo irão “comer” aqueles “euritos” com que se procura enganar o povo, cada vez mais na miséria e na penúria.

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