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Bom caminho até à meta da peregrinação jacobina!

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Bom caminho até à meta da peregrinação jacobina!

Ideias

2024-07-30 às 06h00

Jorge Cruz Jorge Cruz

“É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já”.
(José Saramago, Viagem a Portugal)

As maiores festas galegas estão prestes a terminar, depois de uma quinzena de eventos riquíssima, que combinou um vasto conjunto de festivais de folclore, de música clássica, de pequenos concertos, de teatro, enfim de uma diversificada programação que animou a capital, Santiago de Compostela.
O ponto alto dos festejos aconteceu na passada semana, quando foi celebrado o Dia do Apóstolo, também Dia da Galiza, naturalmente duas efemérides que anualmente marcam as agendas religiosa e política desta região autónoma.
Claro que muitos foram os eventos que assinalaram o dia nacional da Galiza e que atraíram milhares e milhares de visitantes. Uma das maiores atracções, mesmo para aqueles que não se deslocam a Santiago de Compostela por motivos religiosos, terá sido porventura a possibilidade de assistir ao funcionamento do gigantesco botafumeiro da catedral, o que sucedeu durante a missa solene ali celebrada.

Mas falar da capital galega sem fazer qualquer referência ao Caminho de Santiago é praticamente impossível, até porque se trata de uma rota de peregrinação que, ano após ano, atrai milhares de pessoas de todas as geografias. Não quero nem devo fazê-lo sem que antes deixe aqui, em jeito de declaração de interesses, que sou cavaleiro da Ordem de Santiago, circunstância que não influenciará aquilo que vou escrever sobre o tema.
A partir de diversas cidades europeias, o Caminho atravessa paisagens deslumbrantes e passa por pequenas aldeias, vilas e cidades históricas, proporcionando uma experiência única e enriquecedora a todos quantos o percorrem em peregrinação.
Ao longo do percurso, os peregrinos podem desfrutar da hospitalidade das comunidades locais, têm a oportunidade de se interligar à natureza, criando um ambiente propício à introspecção, não apenas sobre eles próprios, mas, sobretudo, sobre as suas vidas e o seu futuro.
Na realidade, o Caminho constitui igualmente uma ocasião privilegiada de encontro connosco, e, nessa medida, um ensejo ímpar de superar desafios e procurar respostas para as questões pessoais que se nos colocam no quotidiano.

Além disso, o Caminho de Santiago tem uma fortíssima carga religiosa e espiritual para os cristãos, enquanto importante motor de peregrinação. Não nos podemos esquecer que a Catedral de Santiago de Compostela alberga o túmulo do apóstolo Santiago, sendo por essa razão o destino final de todos os caminhos, isto é, o local de chegada e de renovação espiritual para os peregrinos.
Independentemente da motivação que leva alguém a percorrer o Caminho de Santiago, a experiência é certamente transformadora e memorável. Os laços de amizade e solidariedade criados ao longo do percurso e a sensação de conquista, ao conseguir alcançar finalmente a catedral, são recompensas inestimáveis para aqueles que se aventuram nessas jornadas espirituais. E a verdade é que são imensos.

Segundo as estatísticas oficiais, divulgadas pelo Gabinete de Recepção de Peregrinos, em 2023 foram registados 446.077 peregrinos, dos quais 197.204 eram de nacionalidade espanhola. No “ranking” dos diferentes caminhos oficialmente reconhecidos, o primeiro lugar foi ocupado, sem surpresa, pelo Caminho Francês (219.800), seguido pelo Caminho Português (88.728) e pelo Caminho Português da Costa (52.753).
No que concerne aos caminhos portugueses, constata-se que nos últimos anos têm vindo a registar uma procura crescente (cerca de 123 mil peregrinos em 2022 e mais de 141 mil ano passado), o que se fica a dever, por um lado, ao facto de alguns municípios portugueses terem apostado na melhoria das condições de acolhimento, e também da sinalética, e, por outro, à intensificação da divulgação e promoção das peregrinações jacobinas.
Neste particular, o Governo Autónomo da Galiza (Xunta de Galicia) e as instituições ligadas ao fenómeno Jacobeu estão naturalmente na primeira linha, como aliás lhes compete. Mas, felizmente, nessa tarefa não estão sós. Um vasto conjunto de associações e outras entidades também se têm mostrado fortemente empenhadas no mesmo objectivo.

Aliás, na passada semana a Ordem do Caminho de Santiago realizou na capital galega o seu 28.º Capítulo Geral, durante o qual nomeou 42 novos membros de vários pontos do globo, pelo que agora tem 1.594 Cavaleiros ou Damas, em 38 países. Paralelamente, decorreu o VI Congresso Internacional de Rotas de Peregrinação, subordinado ao tema “As rotas de peregrinação como impulsionadoras do turismo global”, este com a participação de representantes de 17 países.

São números impressionantes, em termos de presença global da Ordem, o que vem comprovar, se necessário fosse, a sua relevância e notoriedade, enquanto promotora dos diferentes caminhos de Santiago e cuja comunidade assume valores universais – esforço, solidariedade, hospitalidade e generosidade.
Do ponto de vista económico, importa, finalmente, enfatizar o papel dos caminhos enquanto factor de desenvolvimento turístico dos diferentes concelhos de cada uma das rotas. No caso português, são vários os exemplos da evolução registada a esse nível, condizentes, aliás, com o grande volume de peregrinos que escolhem os caminhos portugueses.

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