Recordando o 75.º Aniversário do Escutismo nos Açores
Ideias
2011-03-05 às 06h00
Há muito que a sociedade percebeu que o futebol, em muitas das suas dimensões, nada de bom acrescenta à inteligência e educação humanas. Mesmo assim, move multidões, dá a ganhar milhões e encanta corações. É o meu caso enquanto mero adepto do bom futebol e, com sinceridade, não me preocupo se o meu clube joga bem ou mal. Quero é ganhar em todas as circunstâncias, nem que seja nos jogos-treino. E tenho a certeza que a maioria dos amantes da bola pensa como eu e deixa de lado tudo o que de mais promíscuo ensombra um dos desportos mais espectaculares dos nossos dias.
Na semana passada, fiquei estupefacto com o que aconteceu em Alvalade. Uma claque histórica do Sporting, a Juventude Leonina, esteve envolvida em desacatos graves com as forças policiais. Os adeptos do futebol em geral ficaram envergonha-dos com o que se passou. Pela primeira vez, vi polícias a fugirem dos infractores. Depois disso, e poucos minutos antes de nova carga policial, desta vez mais organizada, muitos elementos da claque cantaram vitória. Depois, galgaram cadeiras com o cacetete a bater-lhes por cima de algo precioso que têm no fundo das costas que, como diz o velho ditado, lhes dá medo.
Três dias depois, adeptos do Glasgow Rangers humilharam um sem-abrigo, no Rossio. Algumas dezenas de escoceses, com a alma bem regada por cer-veja da boa, resolveram meter- se com um pobre mendigo que estava sentado no passeio da praça lisboeta. Deitaram-lhe cerveja pela cabeça abaixo, insultaram-no, riram-se dele e, um inteligente, lembrou-se de o atirar a uma fonte. Depois, e num acto de parvoíce universal, uma gargalhada para encerrar aquele triste cenário.
Um dos adeptos gravou este triste 'filme' e colocou-o no 'Youtube'. Portugal conheceu esta atitude dos adeptos escoceses apenas uma semana depois. Qualquer cidadão que se preze abominou tal atitude, causando-lhe uma sensação de revolta, até de vingança.
Neste capítulo, o mundo do futebol gosta de desprezar os adeptos portugueses e de exaltar os apaixonados de clubes ingleses ou da Escócia. Quem gosta de futebol admira a paixão dos 'verdes' do Celtic de Glasgow ou dos 'azuis' do Rangers.
Ainda na primeira ‘mão’ dos 16 avos-de-final da Liga Europa os adeptos do Rangers aplaudiram, de pé, o médio português Pedro Mendes que deixou aquele emblema para ingressar no Sporting, rival naquela eliminatória. Em Portugal, esta atitude é impensável. Embora em casos ligeiramente diferentes, Carlos Martins ou Simão Sabrosa são mal-amados em Alvalade; Jorge Jesus não é aplaudido em Braga; até Cristiano Ronaldo é assobiado no Porto.
Em contrapartida, em Inglaterra José Mourinho foi recebido em êxtase quando foi jogar a Londres diante do Chelsea, ao serviço do Inter. Depois, foi a Milão com o Real Madrid e foi 'engolido' no aeroporto com cartazes de apoio e aplausos.
Esta aparente contradição entre amar o bom futebol e assumir atitudes animalescas nas imediações dos estádios ou nas bancadas, revela o lado mais negro do desporto. Uma clara dicotomia surreal que resulta de uma origem salutar e que em poucos segundos abre uma janela enorme para a violência, estupidez, má educação e irracionalismo. Em cada jogo de futebol é rara a vez em que não se abre um postigo para uma dimensão pouco educacional, seja por palavras ou actos. E não é apenas em Portugal.
O futebol é isto mesmo. Um misto de paixões, tantas vezes contraditórias com a própria razão. O problema serão sempre os exageros, não resultantes de uma paixão assolapada, mas da má educação. Vive-se um clima de que às claques tudo é permitido porque o povo vai em grupo e ninguém lhes faz nada. O presidente de Liga Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, ape-lou ao Governo para que o regime jurídico da violência e ou-tros fenómenos no desporto seja aplicado de forma efectiva.
Isto, depois do comissário João Pestana, chefe do núcleo de informações do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, dizer que os adeptos que alegadamente causaram distúrbios no Sporting-Benfica terem sido identificados, mas não ser da responsabilidade da Polícia impedir que estes acedam aos espectáculos desportivos.
No fundo, e depois de tanto aparato policial a envolver os espectáculos desportivos, em especial os jogos entre os ‘grandes’, é caso para se dizer que ‘a montanha pariu um rato’.
06 Outubro 2024
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