As férias e o seu benefício
Escreve quem sabe
2021-03-12 às 06h00
Há 100 anos, o Mundo entrava em órbita num contexto de loucura que fazia o contraponto a uma guerra que tinha esventrado grande parte do planeta. A resposta foi subir ao palco e produzir uma geração inebriante, criativa e com rasgos de génio. Os loucos anos 20 ainda hoje são lembrados, tamanho o impacto que deixaram numa sociedade órfã de sorriso.
Acredito que a guerra invisível que estamos hoje a travar irá, também, parir eternidade. O que para muitos é desassossego, para outros é oportunidade. Tempo de reinventar, de puxar para cima, de não deixar ninguém para trás. Nesta linha, surge o livro “A Flecha de Apolo: O Impacto Profundo e Duradouro da Covid-19 no Nosso Modo de Vida”, a publicar este mês, sob a chancela da editora Vogais. Nicholas Christakis, sociólogo, fisiologista e investigador da Universidade de Yale – para além de explicar como as pandemias podem mudar sociedades e o rumo da vida das pessoas – acredita que em 2024 teremos o Mundo a repetir a receita dos loucos anos 20, com festa desenfreada, muitos gastos e pessoas nas ruas.
Oxalá este prognóstico desfaça o pessimismo que reina em grande parte da sociedade. Esta parece esquecer que as pandemias respiratórias surgem ao fim de 10 ou 20 anos. As graves aparecem a cada 50 ou 100 anos. Se esgravatarmos mais, é só ler o que está escrito na bíblia, na história de Homero e na do burro de Cervantes, bem como no vasto legado de Shakespeare para facilmente se concluir que as pestes são parte da condição humana. O que há de novo é que, à custa das alterações climáticas ao longo dos últimos anos, temos tido mais e novos agentes patogénicos, novos germes que vêm dos animais selvagens e que nos invadem. A verdade é que o vírus é mau, mas podia ser pior. Basta refletir, por exemplo, que a Covid-19 mata aproximadamente 1% das pessoas que infeta, ao passo que a peste bubónica matou cerca de 50% das pessoas que infetou.
Este meu embalo de esperança não exige charleston, jazz, champagne e cocaína, menu que dominava os cabarés da Europa do século passado. Está nos avanços científicos e tecnológicos perto de explodirem ou atingirem maturidade que vão permitir, a meu ver, dinamizar a economia global.
Há projetos que prometem revolucionar o futuro: Blockchain (tecnologia associada à bitcoin e outras criptomoedas que pode ser utilizada desde a indústria musical à gestão de cadeias logísticas); GPT-3 (o mais poderoso modelo de linguagem já inventado, sendo pura Inteligência Artificial capaz de ler e escrever melhor do que alguma vez vimos); Computação Quântica (obra de cientistas chineses onde, através de manipulação de partículas de luz, foi feito, em poucos minutos, um cálculo que outro supercomputador levaria mais de dois mil milhões de anos a fazer); Estrutura das Proteínas (avanço que pode revolucionar a compreensão de doenças e o desenvolvimento de medicamentos); Exploração Espacial (destaque para a SpaceX, de Elon Musk, que planeia colocar humanos em Marte em 2026); Bife da Pipeta (em Singapura, um restaurante já vende carne de laboratório desenvolvida através de cultura de células); Carros Elétricos e Autónomos; tecnologia 5G, entre outros.
São alguns exemplos que deixam prever que a história, apesar de irrepetível, é cíclica. Dados que premeiam a incessante procura do homem em desdobrar-se e superar-se a si próprio. Para muitos é uma bolha que esmifra a imaginação. Outros defendem o consciente milagre humano.
Com efeito, se há algo a resgatar desta tempestade que vivemos, é o assistir a uma maior consciência coletiva. O Black Lives Matter tornou-se o maior movimento social dos Estados Unidos da América muito por culpa do parar a que estivemos obrigados. É certo que podia suceder anteriormente, mas duvido que tivesse a carga temporal que obteve. Sem romantizar, defendo que os próximos anos irão assistir a um ressalto contínuo. O vírus é um acelerador de futuros. Os 7,8 mil milhões de pessoas que pisam este planeta têm opções que antes eram miragens ou tardavam a nascer. Saibamos pegar em algumas, valorizá-las e aplicá-las para o bem comum de forma global, inclusiva e equitativa. O fragor das luzes agradece.
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