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Voz às Escolas

2024-10-24 às 06h00

Luisa Rodrigues Luisa Rodrigues

As medidas preconizadas pelo MECI para o presente ano letivo, perspetivando a melhoria do sucesso dos nossos alunos, enfatizam a necessidade de garantir o respeito por um dos mais elementares direitos consignados na Constituição da República Portuguesa “Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar”. (artº.74º.)
E se o direito à igualdade de oportunidades de acesso está garantido, o direito ao êxito escolar, pese embora a forte operação de marketing em torno do digital, depende dos professores, que foram, são e continuarão a ser indispensáveis para garantir o desenvolvimento das múltiplas competências inscritas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, tarefa que levam a efeito com recurso a múltiplas ferramentas que, pelo seu caráter inovador, se constituem como elementos facilitadores do sucesso, e em que os recursos digitais se integram.
Assim se, por um lado, os objetivos podem ser cumpridos sem a complementaridade do digital, o mesmo não é exequível sem professores, razão pela qual o maior problema com que a Tutela se debate, de há uns anos a esta parte, seja a escassez de professores, situação a que chegámos por razões que ultrapassam as questões de uma carreira não devidamente valorizada, devendo, na minha modesta opinião, ser considerada um problema social, cuja resolução passa pela corresponsabilização de todos.
Estou convicta de que a alteração do foco do investimento na educação seria um primeiro passo no longo caminho que temos que percorrer para garantir o cumprimento do artigo 74º., o que exigiria a coragem de levar a efeito alguns recuos, para permitir avanços com a exigível sustentabilidade, único garante do sucesso que almejamos.
Seria um contrasenso o regresso a práticas desajustadas das exigências resultantes da evolução da sociedade e dos meios de que dispõe para potenciar o seu desenvolvimento, o que redundaria na completa destruição da Escola Pública, mas não me parece de todo desajustado equacionar a priorização do investimento num plano de intervenção de raiz.
Se atentarmos nos documentos orientadores de uma escolarização que se augura que responda a todos os alunos, facilmente constataremos a inexistência de um fio condutor que harmonize e credibilize as alterações que têm sido introduzidas, algumas das quais “morrem na praia”, face às contradições entre o que subsiste e o que se preconiza, em prol de práticas inovadoras e transformadoras, facilitadoras de um sucesso pleno.
Talvez esteja na hora de revisitar o passado, os documentos que continuam na base do nosso trabalho e, tendo em conta as exigências do mundo atual, definir um caminho que tenha em linha de conta o ponto de partida e a meta a alcançar, não descurando as várias etapas do percurso, ao invés de continuarmos a investir na meta, fazendo tábua rasa das condicionantes ao fim que se deseja atingir.
De contrário, continuaremos a investir em medidas credíveis, mas que pecam por falta de sustentabilidade, tal a discrepância entre o que nos é proposto e o que acaba por continuar a ser-nos exigido, decorrente da falta de coragem para recuar e ajustar a base.
E, neste vai e vem de planos, a Escola Pública, a tal que tem como objetivo primeiro o cumprimento do determinado na Constituição da República Portuguesa, continua a ser o laboratório de experiências, algumas das quais de referência, reconheço e subscrevo, mas que acabam por causar constrangimentos, hipotecando o sucesso que tanta tinta tem feito correr.
Vale o que vale, mas somos nós, os que, diariamente, enfrentamos os problemas que hipotecam a Escola Pública, que deveríamos ser ouvidos previamente à definição das estratégias que orientam a nossa ação.
+Aulas +Sucesso, sem dúvida, mas é imperioso refletir sobre o que originou o estado a que chegámos, em defesa de uma Escola Pública de qualidade, a Escola Pública em que nos revemos.

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