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As escolas são lugares de inclusão?

O preço da transparência

As escolas são lugares de inclusão?

Voz às Escolas

2023-05-22 às 06h00

Maria da Graça Moura Maria da Graça Moura

Somos, os portugueses, constantemente elogiados! Em Portugal existe uma carga legislativa muito vocacionada para a inclusão, um conjunto de orientações que fazem das escolas lugares inclusivos. Frases como nenhum aluno pode ficar para trás, todos têm direito à educação, a escola é para todos, … podem ler-se em múltiplos normativos.
Mas é urgente perguntar: (na prática) assim é ou assim deveria ser?
“as medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão têm como finalidade a adequação às necessidades e potencialidades de cada aluno e a garantia das condições da sua realização plena, promovendo a equidade e a igualdade de oportunidades no acesso ao currículo, na frequência e na progressão ao longo da escolaridade obrigatória”(DL 54/2018, de 6 de julho)
Todas as semanas chegam à escola alunos provenientes dos mais diversos locais do globo. Falam diferentes línguas, frequentaram programas diferentes, alguns sem qualquer iniciação a disciplinas que integram o currículo nacional. Casos excecionais sem frequência da escola. Todos os dias são detetadas dificuldades de integração, de aprendizagem, desconhecimento da língua portuguesa, cultura, problemas sociais, emocionais, …
O tempo pós pandemia agudizou algumas situações que só agora, lentamente, as escolas estão a testemunhar. Sob pena de não vivermos incluídos, sob pena de aprofundarmos ainda mais os males e deixarmos de recuperar, de incluir, é fundamental uma reflexão, uma análise de todas as práticas, iniciativas, repensar o envolvimento de todos na construção de uma escola plural.
Os alunos estão distribuídos por grupos, a que chamamos turmas. São muitos, diferentes uns dos outros, formando grupos altamente heterogéneos. Os alunos destes grupos necessitam de toda a atenção, seja qual for a sua necessidade educativa. Isto requer um cuidado do professor, vários planos diários de trabalho, um conjunto de estratégias (quase) individuais que favorecem o acompanhamento de todos, o desenvolvimento de competências, ao seu ritmo, ao nível das suas capacidades. Um a um, nada deve escapar. As medidas de superação das dificuldades são mais ou menos amplas, abrangendo os diferentes níveis de dificuldade.
Repensar as práticas, analisar e refletir sobre o efeito das medidas que cada professor, individualmente, desenvolve com todos os seus alunos é de uma urgência inegável. Os centros de formação das escolas promovem formação adequada. Mas é fundamental o trabalho colaborativo, pensar um aluno não aos olhos de cada educador, mas colocando em ação estratégias conjuntas, com sistemáticos momentos de partilha quanto ao progresso, quanto ao sucesso das mesmas.
Um aluno é da escola, não deve ser pensado pelo professor de história, de matemática, …, de educação especial, … mas de todos, tendo todos a responsabilidade de ajustar os processos, de adotar a melhor metodologia para cada caso. E isso só é possível partilhando, colaborando, refletindo, analisando,.. sempre em conjunto.
Assim deve ser… mas para que resulte, é urgente a criação de equipas multidisciplinares nas escolas, que acompanhem e apoiem os professores e todos os atores educativos. Psicólogos, educadores sociais, juntamente com os professores, assistentes e demais agentes da educação, serão fundamentais para que a escola seja, realmente, um lugar de inclusão.

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