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As campanhas e a luta de claques

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As campanhas e a luta de claques

Ideias

2024-02-26 às 06h00

Pedro J. Camões Pedro J. Camões

Começou oficialmente a campanha eleitoral das eleições legislativas do próximo dia 10 de março, nas quais será eleita uma nova Assembleia da República para fazer as leis da nossa comunidade. Com a sua nova composição será apreciado o programa de Governo ao qual o Presidente da República der posse, o que terá de fazer com base nos resultados eleitorais. Portanto, estas eleições correspondem à escolha de quem nos governa e que medidas políticas serão adotadas daí em diante. Não se trata de uma escolha irrelevante.

Num mundo ideal, o período que agora começa – na verdade começou muito antes, mas adiante – deveria servir para todos os partidos e coligações transmitirem de modo claro e concreto o que pretendem fazer se forem governo. Ao mesmo tempo, os cidadãos deveriam procurar saber, também de modo claro e concreto, o conteúdo de cada uma dessas propostas. A consequência disto seria que os programas eleitorais eram apresentados pelos proponentes e lidos e avaliados por cada um dos votantes. Deste modo o voto seria completamente informado e as eleições seriam uma competição aberta de diferentes propostas de ação política a implementar.
Num mundo ideal, os órgãos de comunicação social teriam um papel fundamental de transmitir aos cidadãos as diferentes alternativas propostas pelos partidos. A este respeito, o artigo 37.º da Constituição da República Portuguesa estabelece que ‘todos têm o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações’. Do mesmo modo, os debates serviriam, essencialmente, para os candidatos clarificarem alguns aspetos e as vantagens das suas propostas.

É evidente que o mundo real das campanhas eleitorais está bem longe do descrito nos parágrafos anteriores. Facilmente encontramos os programas eleitorais na internet mas não nos damos a esse trabalho porque, no fim de contas, acaba por não fazer grande diferença. Os debates a que assistimos nas últimas semanas informaram praticamente nada. Entre os chamados soundbites, interrupções, e quase gritaria, ficou muito pouco. Por um, as perguntas feitas pelos moderadores incidiram muito poucas vezes nas propostas e mais vezes em aspetos mais laterais como futuras coligações e quem tem credibilidade. Por outro lado, os candidatos focam-se cada vez mais em frases muitos simples e muito extremadas, o que acaba por resultar em mensagens sem grande conteúdo. Falar em ‘salvar o SNS’ significa muito pouco se não se apresentarem as propostas concretas para o fazer.
Nas ações de campanha propriamente ditas, os partidos também preferem eventos – arruadas, os comícios, etc – a que chamem de proximidade, mas que se resumem a momentos de celebração com os seus apoiantes, que naturalmente já sabem em quem votar, do que ações verdadeiramente informativas.

Não há mal que os candidatos se preocupem em angariar votos. Na verdade, é isso mesmo que se espera numa disputa eleitoral. O mal é que a ‘caça’ decorra num ambiente em que ninguém parece querer ficar mais informado. Apenas se procura a frase forte que faz ‘vencer o debate’ mas pouco se informa sobre o que vai ser feito. Tudo isto não passa de uma luta de claques.

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