Correio do Minho

Braga, terça-feira

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Aquele murro era para mim!

A responsabilidade de todos

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Conta o Leitor

2021-08-25 às 06h00

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Texto Cecília Almendra

Quantas vezes ao longo da vida te surpreendes pela negativa? Normalmente isso acontece com mais assiduidade quando estamos sob o olhar da chefia. No exercício das funções atribuídas e na qual não há complacência para o erro do funcionário. Claro, uma paga e o outro tem de ser o mais profissional possível. Até aí tudo certo, o que não quer dizer que falhar é humano e consequentemente aquilo que vulgarmente chamamos de experiência no terreno, é mesmo assim, faz-se figura de parvo e nunca mais cais no mesmo erro. Tal como aconteceu-me, ainda tenra na matéria. Acompanhei os três patrões, sócios, a visitar uns escritórios com o intuito de acertar o preço, para posteriormente vender ou arrendar. Eu era “tenrinha”! Eles, além de serem bem mais velhos e catedráticos no assunto, eram três, percebem? Três para uma magricela! Paramos á frente dos ditos escritórios e um deles diz: diga-me a área de cada um, lá iam confabulando entre eles, até ao dito momento em que me fiz de surda, lerda e mais não digo. Faça aí as contas mediante a área…faça aí. Não tem papel e caneta? Mais que depressa, respondi abanando a cabeça na esperança que fizessem eles. Nessa altura estava no pico do enrasque, só pensava como me vou safar dessas contas! Ficaram os três colados a olhar para mim pois já me tinham dado um papel e uma caneta. Foi aí que fiquei verdadeiramente com a minha cara feito parva, mouca e lerda. Desejei que houvesse um buraco onde desaparece-se do mapa. Minutos que pareciam horas até que um deles disse:

Tenho um compromisso, fazemos isto depois. Ufa! O sufoco passou. Certo é que ficou gravado na memória e assim digo, é preciso passar por elas.
Ainda nessa empresa, fui chamada ao escritório para uma reunião de emergência.
Ainda lembro-me do que pensei nesse exato momento, que sorte a minha, hoje até estou gira. Ainda bem que vim com esta roupa. Subo a rua e lá vou a pensar, o que seria de tão importante ou urgente. Quando cheguei, o colega do escritório diz-me para entrar, que estão todos á minha espera. Fiquei de boca entreaberta, tanta gente á minha espera! Quem eram? Novamente os três catedráticos ou seja, os patrões, um casal a quem vendi um imóvel e um familiar que os acompanhou. Posteriormente percebi ser alguém de chefia de uma empresa concorrente. A mesa era oval e pude contá-los pelos dedos incluindo eu, eramos sete. Sente-se Cila, sentei-me e de imediato percebi que estava sob todas as atenções e despreparada para a minha defesa. Lembra-se dos Senhores? Muito bem, assim respondi. Dizem que você vendeu o imóvel que compraram, com lareira, você sabe muito bem que não ia levar!
O que tem a dizer sobre isto? Fazia realmente algum tempo, talvez quase dois anos que lhes vendi. Sempre vesti a camisola empregadora e com seriedade desempenhava o meu papel, mas se a minha dignidade fosse posta em causa, podia vir o rei da Arábia Saudita, que não me demoviam. Essa era a minha única arm, a confiança de minha palavra, sabia que não afirmaria sem ter certeza. Respondi que provavelmente e pelo tempo que passou…não se lembrassem.

O casal interessado não abria a boca e o tal familiar cada vez mais, ficava irritado. Penso que minha calma aparente foi a causadora da sua transformação em Super-Homem das cavernas. Levanta-se da cadeira, inclina-se sobre a mesa e com o dedo no meu nariz diz: Você não tem é coragem de admitir aos seus patrões que errou!
Descontrolado e agressivo como nunca vi, respondi-lhe rindo, não tinha outra saída! O Senhor está redondamente enganado porque não tenho medo de nada. Foi quando sentindo-se desarmado, dá um valente murro na mesa mesmo á minha frente e sai desvairado.
Aquele murro era para mim!
Conclusão: Rir é o melhor remédio.

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