26.ª Conferência Mundial na área da sobredotação, em Braga!
Ideias
2025-05-11 às 06h00
Sou Agostinho, declara o novo chefe da Igreja Católica num avulso de apresentação. Com o correr do tempo julgo que chegaremos a perceber a dimensão agostiniana do pontífice, o que não inviabiliza a que não nos interessemos de nós próprios pela pessoa e pelo legado de Santo Agostinho.
Agostinho de formação e de aspiração, mas Leão por divisa emblemática, porque a Leões precedentes vá colher linhas de orientação para o que seja o seu pontificado, e se pelo lado da justiça social muitos recordam a evidência de uma ligação a Leão XIII, outros poderão mergulhar em passado mais remoto e recordar Leão III, no que influiu na consolidação do Sacro Império Romano-Germânico, em suma, o embrião político da Europa tal como hoje a conhecemos.
Filiações ou compromissos políticos e doutrinários que assumirá, e com ambas vozes falta nos faz que se pronuncie, porque a Igreja Católica seja a toda a prova uma instância política, ainda que assim não a queiram, e porque haja por onde avançar em matéria da práxis religiosa, a fim de que reganhe elã e para que se inverta um declínio que só aproveita a credos concorrentes, que serão mais aguerridos por isto ou por aquilo, mas que humanamente podemos creditar como menos sadios, pelo que um católico de vistas largas possa concluir.
Um papa americano, ou menos americano do que ressalte pela naturalidade. Questão que não é de somenos, nestes tempos em que tanto a América – dizendo, EUA – dá ares de se encerrar sobre si própria e de tão afrontosamente voltar as costas a terceiros. Dinâmica que não é nova, diz quem sabe fazer a genealogia da cupidez e da imposição imperial, diz quem alinha guerras e instabilidades em que o elemento americano marca presença como instigador e primo beneficiário. Assim, terá Leão XIV, um americano-franco-italiano, algo a reprovar ao poder estado-unidense, e quererão de lá ouvi-lo?
Que lhe prestem ouvidos ou que o ignorem, Leão XIV é doravante um referente procurado para tudo o que a administração Trump ponha a circular. Assim, não haverá barbaridade sobre a qual não o inquiram de seus juízos, a tanto bastando que apareça em público. Certo é que se resguardará, que Papa não é figura pública da igualha das demais, carecente de boa imprensa, oprimida por sondagens e índices de popularidade, angustiada por moções de censura ou ameaças de destituição. Não o incomodem pessoalmente, por certo e sabido se tenha que os suplícios tocarão a quem calhar do entorno, porque um americano componha na percepção geral com outro, porque se de um se diga que seja o mais poderoso numa dimensão, do outro dizer-se pode que o seja por parâmetro oposto.
Neste aspecto não deixa de ser curiosa uma sobreposição com João Paulo II, o Papa que quisemos elevar a causa eficiente na desagregação do totalitarismo socialista. Ora, estando o capitalismo financeiro tão cheio da sua importância, que qualquer exame de consciência seja uma impossibilidade, estando o ordenamento liberal tão destravado, que uma repartição equitativa da riqueza seja assunto morto e enterrado, estando as nossas sociedades tão feridas de impotência e de pavor face ao futuro, que nos desumanizam e nos desumanizamos, não será de nos perguntarmos se não é de recear que em terreno inflamável caia palavrinha que o Papa dê ou que deixe implícita?
Não coloquemos o problema de maneira a que o pacífico dos cidadãos se contorça, perguntemo-nos, apenas: podem as coisas continuar como estão, como vêm a ser desde que o Muro caiu? E, no que ao cidadão católico diz respeito, não é de esperar que a Igreja não se impeça de apontar as iniquidades?
18 Junho 2025
18 Junho 2025
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