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Ideias

2022-05-17 às 06h00

João Marques João Marques

O país está já num pântano político e ainda agora começou o ciclo político pós-eleições.
Nota-se como tudo aparenta disfuncionalidade quando se assiste à soberba da Ministra da Saúde no Parlamento; ou quando o Governo se apressa em culpar todos menos a administração central no caso dos “espiões” de Setúbal; ou, ainda, quando após o acórdão do Tribunal Constitucional que julgou inconstitucional a lei da retenção de dados, vemos como reina a confusão sobre o que fazer para reagir e “salvar” processos provavelmente perdidos. Isto sabendo-se, desde 2014, que o Tribunal de Justiça da União Europeia declarou inválida a Diretiva que sustentava a lei nacional agora “constitucionalmente” chumbada.
A imagem de um país desorganizado, pouco capaz de se dar à responsabilidade e sempre crente no voluntarismo na tomada de decisões retrata muito do que por cá vai mal.
Se a isto juntarmos um ambiente letárgico no espaço político-mediático, fruto da “zombieficação” do PSD, em conjunto com a luta de (novos) galos à direita e com o reajustamento estratégico da extrema-esquerda, temos o caldo perfeito para o entorpecimento da oposição e para o adormecimento de quem manda.
No exato momento em que o país tem condições políticas ideais para promover mudanças evolucionárias, temos ao leme quem prefere, como sempre preferiu, velejar propulsionado pela brisa do imobilismo.
Neste contexto, é urgente criar um choque de ideias que acorde o país e os portugueses.
Ouvia há dias uma entrevista muitíssimo interessante de José Pacheco, pedagogo e educador, sobre a imprescindibilidade de mudarmos um paradigma na educação que perpetua a noção de que “ensinamos crianças do século XXI, com professores do século XX a utilizar técnicas do século XIX”.
Independentemente de concordarmos com o caminho que este professor indica para reformar o ensino português, é inegável o valor acrescentado da disrupção que propõe.
É da alternativa séria e verdadeira que nasce a possibilidade de escolha, de caminho distinto e de possibilidade de resultado diverso.
Se insistirmos nas mesmas receitas ou na reprodução de modelos esgotados, seguramente iremos ter como destino os falhanços que já conhecemos.
Em Portugal, há um partido que sempre teve na sua matriz o reformismo e a visão libertadora da sociedade civil. E que sempre os encarou como princípios norteadores.
Sem esquecer o humanismo personalista que coloca no centro da ação política o indivíduo, e ainda que nunca postergando o apoio a quem mais dele precisa, o PSD foi e tem de voltar a ser o motor da mudança positiva em Portugal.
Para isso, tem de ousar pensar, dizer e fazer diferente.
Uma diferença substantiva e significante e não meramente aparente e formal.
Uma diferença que aporte qualidade e valor acrescentado e não uma ação de soma nula.
Uma diferença que conquiste os portugueses e que os leve a combater o maior medo que os aflige. O medo de si próprios.
O medo de não serem capazes de viver numa sociedade menos controlada e amparada pelo Estado; o medo de não conseguirem pagar as contas no fim do mês, ou o medo de serem despedidos a cada sobressalto económico.
O medo é o principal indutor do imobilismo e o maior aliado da “situação”. O mesmo medo que nos condenou a décadas de ditadura pode congelar-nos na estagnação económica, social e política.
É por isso que é tão necessário romper com esse medo e voltar a Acreditar na possibilidade de um país diferente.
Um país onde o Estado não sirva para se servir, mas antes para responder às solicitações dos portugueses.
Onde o modelo económico não assente na desconfiança, mas na responsabilidade societária.
Onde a educação seja um verdadeiro elevador social e não um martírio burocrático e administrativo que não beneficia nem professores, nem alunos, nem as famílias.
Onde a transição para a sustentabilidade energética não seja vista como um sorvedouro de dinheiro para colocar ao dispor do Estado, mas antes uma real oportunidade para reformar a forma como vivemos e convivemos com a natureza.
Onde os desafios do envelhecimento da população não se tornem numa sentença inelutável, condenando, de caminho, todos os que, entretanto, vão chegando à idade da reforma a uma vida de míngua e incerteza.
Onde a rosa dos ventos não possa determinar se um português nasce com mais ou menos possibilidades de realizar um projeto de vida condigno.
Onde a felicidade não é vista como uma excentricidade infantil, mas como uma prioridade política da mais elevada importância.
Luís Montenegro propõe-nos esse caminho desafiante e sem medo. E só por isso merece o benefício da dúvida de liderar o PSD.
O partido que é, sublinhe-se, um instrumento de realização de projetos de melhoramento da vida dos portugueses e não um fim em si mesmo.
Pela minha parte tem o total e inquebrantável apoio de quem, como ele, quer ver mudanças a sério e um país revitalizado pela hipótese de ser algo diferente, sem nunca deixar de ser o que é.

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